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A Nasa, agência espacial americana, está planejando um salto gigantesco para a humanidade: a volta à Lua, não apenas para pisar no satélite natural da Terra, mas para fazer dele uma base fixa para viagens espaciais mais longas.
Nesta semana, a agência anunciou não só o interesse em mandar uma missão tripulada à Lua até o fim da década seguinte, como também detalhou o ambicioso projeto de construir uma estação espacial orbitando o satélite, chamada de Orbital Platform Gateway.
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Em comunicado recém-divulgado, a Nasa revelou o plano. A ideia é que astronautas usem a Lua como base para viagens pelo Sistema Solar.
“Estamos nos preparando para uma visita ao nosso satélite. Mas, desta vez, será diferente. O objetivo não será deixar pegadas. Acreditamos que este é o momento ideal para estabelecermos uma presença permanente na Lua”, afirmou o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence.
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Sim, pelo visto, os planos da Nasa vão muito além daqueles de 49 anos atrás, quando Neil Armstrong se tornou o primeiro homem a pisar no satélite.
Um porto seguro e confiável
Conforme informações da agência espacial, a Gateway será uma base tanto para humanos quanto para robôs na exploração espacial. Estima-se que os primeiros astronautas possam chegar lá em 2024.
“Os astronautas da Nasa vão explorar a superfície lunar antes do fim da próxima década. E, desta vez, vamos ficar. E sairemos para Marte. E iremos além.”, afirmou a agência espacial, em comunicado à imprensa.
“Estamos criando um sistema de exploração do século 21. Acessível, confiável, versátil e seguro”, propagandeia a Nasa.
Para chegar até a Lua, a agência projeta uma cápsula semelhante à bem-sucedida Apollo, mas três vezes maior – permitindo que quatro astronautas viajem nela a cada vez.
O veículo será equipado com placas de energia solar e os motores – tanto da cápsula quanto do módulo lunar – serão movidos a metano líquido. A escolha do combustível tem uma boa explicação: por ser um gás presente na atmosfera de Marte, os cientistas vislumbram que um dia os astronautas possam “abastecer” a nave em solo marciano.
Com a base orbital lunar estabelecida, a Nasa garante que os astronautas possam ficar na Lua por até seis meses, pesquisando e coletando informações. Ao mesmo tempo, essa longa permanência funciona como um teste para aventuras espaciais mais longas.
Outros países e empresas privadas também andam anunciando projetos de exploração lunar. No fim do ano passado, o empresário Elon Musk divulgou um plano de criar uma base lunar também como entreposto para uma futura viagem a Marte – segundo ele, seriam necessários cinco anos para o projeto sair do papel, e sua ideia é possibilitar o turismo espacial.
Um grupo privado israelense anunciou, em julho, plano de lançar um foguete não-tripulado para a Lua. A China também tem um programa espacial voltado para o satélite natural da Terra: o Chinese Lunar Exploration Program foi criado em 2007 e pretende colocar um homem na Lua entre 2025 e 2030.
Cronograma
Segundo anunciou a Nasa na última segunda, o primeiro passo para sua missão será um lançamento previsto para 2023. Será um voo tripulado que vai “contornar” a Lua e retornar para a Terra, em uma trajetória em forma de oito – ou seja, circundando tanto a Terra quanto a Lua.
“Durante essa missão, teremos uma série de testes previstos para demonstrar funções críticas – desempenho do sistema, interfaces de tripulação e navegação e orientação espacial”, afirmou Bill Hill, do departamento de Desenvolvimento de Sistemas de Exploração da Nasa. “O mesmo ocorreu com os programas Mercury, Gemini e Apollo: construíram e demonstraram suas capacidades com uma série de missões.”
Cerca de um ano antes, a Gateway deve começar a ser construída, ainda sem a presença de humanos. Em 2024, a estação orbital já deve estar pronta para receber os primeiros astronautas.
A Gateway terá três componentes principais: um módulo de habitat, para a tripulação; um setor para fornecimento de energia e propulsão; e uma câmara onde as espaçonaves possam ser atracadas.
Marte e a militarização do espaço
As aspirações da Nasa não param por aí. A meta é fazer da Lua um pit-stop na sonhada viagem tripulada até Marte, o planeta mais próximo da Terra. Greg Williams, da Divisão de Exploração e Operações Humanas da agência espacial americana, já afirmou que “se conduzirmos uma missão tripulada ao longo de um ano na estação orbital, teremos conhecimento para enviar astronautas para Marte em uma viagem de 1 mil dias”.
Não é de hoje que cientistas apontam que o melhor caminho para Marte incluiria essa paradinha na Lua. A estação orbital, portanto, funcionaria não só como um ponto de pesquisas e testes mas também como uma entreposto – para reabastecimento e ajustes rumo ao planeta vermelho.
Desde o governo Barack Obama os Estados Unidos fixaram a meta de chegar a Marte, no máximo, até a década de 2030. Donald Trump, em 2017, afirmou que o homem deveria voltar a pisar na Lua antes do fim de seu segundo mandato – se ele for reeleito. Um eventual segundo mandato de Trump acabaria em 2024.
O presidente americano tem recebido críticas até mesmo de republicanos e de militares por um projeto de criar uma força militar para o espaço. Ele anunciou o projeto em junho.
“Não é suficiente termos uma presença no espaço. Temos de ter um domínio americano no espaço”, afirmou Trump, na ocasião. O órgão, chamado de Space Force, seria uma divisão da Força Aérea americana, destinada especificamente para um “patrulhamento” espacial.
A maior crítica é porque os Estados Unidos são signatários do Tratado do Espaço Exterior, um acordo firmado em 1967 que prevê a exploração espacial de forma pacífica e não armamentista.
Fonte: BBC