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O tamanho médio das populações de vida selvagem monitoradas no planeta sofreu uma redução de 73% em 50 anos, revela o Relatório Planeta Vivo 2024, da organização WWF, lançado nesta quarta-feira (9). Os dados se referem ao período entre 1970 e 2020.
O documento alerta que a Terra se aproxima de pontos de não retorno perigosos, e, de acordo com os autores, um “grande esforço coletivo será necessário nos próximos cinco anos” para enfrentar as crises do clima e da biodiversidade que impactam o planeta.
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Por outro lado, o monitoramento revela populações que se estabilizaram ou cresceram graças a esforços de conservação, como o aumento de cerca de 3% ao ano entre 2010 e 2016 da subpopulação de gorilas-das-montanhas nas montanhas Virunga, na África Oriental, e a recuperação das populações de bisão-europeu na Europa Central. Áreas protegidas têm sido a base dos esforços tradicionais de conservação, e atualmente cobrem 16% das terras do planeta e 8% dos oceanos.
Entre as proposições do documento para reverter a perda global de biodiversidade estão: revisões no sistema de produção e distribuição de alimentos; a aceleração da transição energética para fontes limpas; e o redirecionamento de financiamentos para negócios que ajudem a recuperar os biomas e o clima. O relatório se baseia no Índice Planeta Vivo (IPV), fornecido pela SZL (Sociedade Zoológica de Londres) e que inclui quase 35 mil tendências populacionais de 5.495 espécies monitoradas.
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Declínio da biodiversidade dos ecossistemas (1970-2020)
- Água doce: -85%
- Terrestres: -69%
- Marinhos: -56%
América Latina e Caribe têm perda média de 95%, aponta relatório
A perda e degradação de habitat, impulsionada principalmente por sistemas alimentares, são as ameaças mais reportadas para as populações de vida selvagem em todo o mundo, aponta o relatório, seguidas por superexploração, espécies invasoras e doenças.
“A perda de biodiversidade traz uma série de ameaças ao funcionamento dos ecossistemas e à qualidade de vida das pessoas. O Brasil, pelas suas dimensões, biodiversidade e diversidade de povos e comunidades tradicionais, tem a responsabilidade e oportunidade de ser um líder nessas transformações necessárias que barrem as emissões [de gases estufa], a perda de biodiversidade e façam florescer as soluções baseadas na natureza”, afirma Helga Corrêa, especialista em conservação do WWF-Brasil.
A mudança climática representa uma ameaça adicional, observa o monitoramento, especialmente para a vida selvagem na América Latina e no Caribe, regiões que registraram queda média de 95%. Na África, a perda média é de -75%, e na região Ásia-Pacífico, -60%.
“O declínio nas populações de vida selvagem constitui um alerta precoce do risco crescente de extinção e da possível perda de ecossistemas saudáveis. Quando os ecossistemas são danificados, eles deixam de fornecer à humanidade os benefícios dos quais dependemos: ar limpo, água e solos saudáveis para a produção de alimentos”, destaca o WWF.
Pontos de não retorno
O documento afirma que pontos de não retorno de impacto global, como o colapso da Floresta Amazônica e a morte em massa de recifes de corais, ecossistemas altamente impactados em 2024, criariam ondas de choque além da área imediata, afetando a segurança alimentar e os meios de subsistência. Para a Amazônia, o ponto de não retorno pode ocorrer se apenas 20% a 25% da floresta for destruída, e estima-se que algo entre 14% e 17% já tenha sido desmatado, afirma o WWF.
“As crises interligadas de perda da natureza e mudanças climáticas estão empurrando a vida selvagem e os ecossistemas além de seus limites, com pontos de não retorno globais que ameaçam danificar os sistemas de apoio à vida na Terra e desestabilizar as sociedades”, avalia Kirsten Schuijt, diretora geral do WWF Internacional.
Segundo o WWF, o relatório “indica que os compromissos nacionais e as ações concretas estão muito aquém do necessário para cumprir as metas para 2030 e evitar pontos de não retorno perigosos”. A organização defende que os países elevem seus compromissos para a natureza e o clima, na forma de comprometimentos como a NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), que estabelece as metas de redução de emissões de gases estufa, um dos motores do aquecimento global.
A um mês da Cúpula do Clima no Azerbaijão, a ONG destaca ainda a necessidade de agilização no financiamento público e privado para permitir ações em grande escala e aprimorar políticas e ações de clima, natureza e desenvolvimento sustentável. “Tanto governos quanto empresas devem agir rapidamente para eliminar atividades com impactos negativos na biodiversidade e no clima, redirecionando o financiamento de práticas prejudiciais para atividades que cumpram as metas globais”, destaca o documento.
Fonte: Um Só Planeta