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Moradoras de Marília (SP) têm usado o Twitter nesta quarta-feira (27) para denunciar casos de abuso sexual que teriam sofrido. A hashtag “exposedMarilia” aparece entre os 10 assuntos mais comentados do Twitter e já teve mais de 5 mil posts.
A hashtag “exposed” (termo em inglês para exposto ou expor) há tempos tem sido usada no Twitter, acompanhada pelo nome de uma cidade, para que as mulheres se sintam encorajadas a denunciar episódios de violência sexual.
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A rede social, no entanto, classificou o assunto como “sertanejo” – o que levou internautas a acharem que era algo sobre a cantora Marília Mendonça. A própria cantora comentou a confusão. “Eu vi #exposedMarilia e pensei: AI MEU DEUS, e agora? descobriram que eu furei a dieta e to bebendo vinho todo dia!”
Posts publicados com essa hashtag trazem relatos de abuso sexual, muitos de quando as denunciantes ainda eram crianças, abuso psicológico e relacionamentos abusivos.
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As jovens contam histórias de quando foram beijadas à força, molestadas por um parente, assediadas por um amigo e etc.
Uma delas contou um episódio de quando tinha 11 anos e foi conversar com um pastor, a pedido dos pais. Segundo o relato dela, o pastor começou a orar, pegou nos seus seios e na sua vagina. Depois disso ela descobriu que tinha acontecido a mesma coisa com sua prima. O crime, no entanto. não foi denunciado às autoridades policiais.
“Às mulheres que expuseram seus relatos: saibam que vocês são muito fortes! Não é fácil de forma alguma lidar com essas memórias e não se culpem jamais pelo o que aconteceu com vocês. Lembrem-se que vocês não estão sozinhas!”, escreveu uma internauta.
Em muitos dos relatos de abusos acontecidos na infância é comum a autora do post falar que o crime foi desacreditado ou encoberto pelos parentes.
“Cada caso que vocês relatam nesta tag é como se fosse um tapa na cara. Pra mim, não existe violência maior do que o abuso, seja físico ou psicológico, e vir aqui expor isso para todos, inclusive seus próprios seguidores, é de uma coragem sem tamanho”, postou outra usuária.
Investigação
A delegada da titular de Delegacia de Defesa da Mulher, Viviane Yoneda Sponchiado, disse que a DDM não recebeu denúncias recentes sobre casos de abuso sexual, mas explicou que é possível abrir uma investigação com os relatos postados no Twitter.
“Na investigação a polícia usa prints de conversas e posts nas redes sociais, mas é fundamental que a vítima faça a denúncia”, diz.
A delegada disse que coletivos feministas de Marília já criaram hashtags nas redes sociais outras vezes para incentivar as mulheres a denunciar crimes de abuso sexual. “A DDM chegou a entrar em contato com esses grupos para oferecer investigação, mas as vítimas não quiseram oficializar as denúncias.”
Fonte: G1