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Pelo menos seis mulheres acusam um tatuador de Bauru (SP) de assediá-las por mensagens de texto durante as sessões de tatuagem. As denúncias foram feitas depois que uma das vítimas publicou o relato do assédio nas redes sociais na última quarta-feira (28).
Para preservar as vítimas, nenhuma mulher ouvida pela reportagem será identificada. Três delas registraram um boletim de ocorrência contra o tatuador.
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Segundo as mulheres, o suspeito guarda fotos íntimas das clientes no celular e ainda exige, antes de marcar o trabalho, que elas enviem fotos nas quais estão nuas para supostamente analisar a parte do corpo em que será feita a tatuagem.
No ambiente de trabalho, as mulheres relataram que o tatuador também passa a mão nos seus corpos, sem consentimento.
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Imagens no celular
A primeira mulher ouvida pela reportagem também é tatuadora e trabalhou por três anos sem registro na empresa do suspeito. Como eles eram amigos, essa mulher explicou que tinha acesso ao celular do tatuador.
“Uma vez entrei na galeria de imagens dele por inocência e a foto de uma mulher nua estava lá, como outras fotos de clientes quase totalmente peladas distraídas. Ele é uma pessoa que manipula situações e faz parecerem normais”, relatou.
A mulher também contou que o suspeito ameaçou demiti-la e processá-la por calúnia e difamação. A tatuadora registrou boletim de ocorrência e ainda coletou as fotos do celular do homem como prova.
Em nota, o advogado de defesa do tatuador disse que medidas judiciais estão sendo tomadas em relação à postagem nas redes sociais que trouxe à tona as denúncias. Informou também que o cliente e familiares tem recebido ameaças por conta da repercussão do caso na internet.
“Acreditamos na justiça, e ela será revelada em momento oportuno, se ele é culpado ou inocente será provado na Justiça, como deve ser e como funciona o estado democrático de Direito”, afirma o advogado Fernando E. Antônio.
“O que não se pode admitir é punir um suposto crime, cometendo outro que é expor alguém na internet incitando a violência, de uma forma que meu cliente está recebendo ameaças de morte, inclusive ameaças de seu filho de 2 anos”, completa o advogado.
Medo de denúncia
Uma segunda mulher relatou que o tatuador pediu que ela usasse uma calcinha que abrisse nas laterais para que executasse o desenho na coxa dela. A vítima ainda disse que ficou com medo de denunciar o assédio.
“Eu fiz essa tatuagem com ele, na qual ele pediu que eu usasse a calcinha que abrisse do lado. Eu fui, mas, durante a sessão, ele ficava empurrando a calcinha, porque ele falou que ficava atrapalhando. Tanto que teve uma hora que a calcinha caiu e eu pedi para colocar de novo, mas ele disse que era artista e estava acostumado com isso”, contou.
Fotos nuas
A terceira mulher contou que demorou a perceber o que havia acontecido com ela. Ao g1, ela narrou que queria um orçamento para uma tatuagem no meio dos seios. Para elaborar o preço, segundo ela, o tatuador pediu fotos.
“Primeiro que ele pediu para mandar foto sem a blusa. Eu mandei. Mas ele disse que o sutiã não deixava desenhar direito a tatuagem. Eu mandei tampando com a blusa. Ele disse que assim também não dava para visualizar a tatuagem. Eu mandei tampando apenas os mamilos. Ele disse que era melhor mandar com eles naturais”, relatou.
Meses depois, a mulher lembra que fez o orçamento em outro estúdio e notou a diferença no atendimento.
‘Me senti muito desconfortável’
Uma quarta vítima entrou em contato com a reportahem para denunciar o assédio que vivenciou com o tatuador. À época, a mulher explicou que procurou o suspeito para fazer uma tatuagem íntima também no meio dos seios.
“Ele me informou que eu teria que enviar fotos sem nada para ele analisar se daria para ser feita a tatuagem. Ele disse que não poderia ser de sutiã ou biquíni, já que era esse o procedimento, que ele era profissional e que eu poderia confiar”, explicou.
No dia do procedimento, a mulher ficou sozinha com o suspeito no estúdio de tatuagem. Durante a sessão, a vítima relatou que, assim como para outras mulheres, o tatuador pediu para que ela não usasse blusa.
“Ele disse que estava atrapalhando o trabalho dele, então tentei me tampar com as mãos, mas ele pediu para eu tirar. Em uma dessas vezes que ele pediu para eu retirar a mão, ele tocou no meu mamilo. Eu disse que não gostei, ele pediu desculpas e continuou a tatuar. Ainda fez diversos elogios, disse que meus seios eram bonitos”, afirmou.
Ainda segundo a mulher, o tatuador manteve contato com ela pelas redes sociais, nas quais afirmava ter “saudades de tatuá-la”.
“Me senti muito desconfortável e com medo. Eu só queria sair de lá e nunca mais voltar. Assim que eu fiz, nunca mais voltei lá, nem retoquei a tatuagem e por muito tempo fiquei calada por medo de não ter provas”.
Levantou o vestido
A quinta vítima relatou que escolheu o suspeito para fazer uma tatuagem íntima próximo à virilha. De acordo com ela, o profissional a deixou desconfortável.
“Foi muito desrespeitoso. A pior coisa que fiz na minha vida, foi muito vergonhoso. Eu cheguei em casa e chorava. Ele fazia comentários super desnecessários. Ele tirou foto minha sem calcinha e eu perguntava ‘a foto não é só da tatuagem?’, mas ele respondia que não, que fazia parte do trabalho”, contou.
Em dado momento, a vítima lembrou que o tatuador levantou seu vestido e a viu sem sutiã.
“Ele tirou foto com meus seios aparecendo. Comecei a me sentir horrível e eu pedia para ele apagar as fotos, mas ele falava que isso era uma ofensa, como se eu fosse a errada da história”.
Fonte: G1