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O ex-presidente uruguaio José Mujica (2010-2015) disse nesta segunda-feira (28) ser favorável a uma convocação a “eleições totais” na Venezuela sob a tutela das Nações Unidas, que “bem ou mal seriam uma saída” à crise no país caribenho.
“Como está a situação (na Venezuela), por mais louca que pareça a proposta de eleições totais feita pela Europa, reconhecendo que atropela a soberania e a autodeterminação – mas, repito, no mundo de hoje isso não existe para países que têm muito petróleo -, bem ou mal (a convocação) seria uma saída”, declarou de forma surpreendente o ex-presidente de esquerda, muito próximo ao falecido governante venezuelano Hugo Chávez.
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A essas eleições “deveriam somar um monitoramento com garantias das Nações Unidas”, acrescentou.
No sábado, as potências europeias deram um ultimato de oito dias a Nicolás Maduro para convocar eleições, sob pena de reconhecer o presidente do Parlamento, Juan Guaidó, como presidente interino.
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Mujica disse ser partidário da postura do governo uruguaio de Tabaré Vázquez de promover o diálogo na Venezuela, ao qual se somou o governo de Andrés Manuel López Obrador no México. Montevidéu enviou representantes à posse de Maduro para um segundo mandato de seis anos em 10 de janeiro, em meio a fortes críticas da oposição política.
“Estão soando fortes tambores de guerra no Caribe pela situação venezuelana e devemos recordar que nas guerras, em geral, morrem os que não têm responsabilidades”, sustentou Mujica.
“Por trás da guerra sempre movem interesses. A verdade, crua, dura, real, é que o mais conservador dos Estados Unidos não pode aceitar que a China acabe manejando o destino do petróleo venezuelano. Essa é a causa profunda da impaciência” de Washington, afirmou o ex-guerrilheiro.
Nesta segunda-feira, os Estados Unidos anunciaram sanções contra a estatal petroleira Pdvsa.
Sobre Guaidó, sustentou que “o presidente autoproclamado ou é muito jovem ou tem certeza que terá o respaldo do Exército dos Estados Unidos”.
Mujica arriscou propor como saída à crise uma “espécie de junta executiva onde estivessem todas as tendências, mas fortemente monitoradas e garantidas pelas Nações Unidas”.
“Não vejo outro caminho que dê garantias”, concluiu.
Em meio às tensões houve protestos e tumultos que deixaram 35 mortos e 850 detidos na última semana na Venezuela.
Fonte: Yahoo!