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Desde o século XVII, Grasse, no interior da Riviera Francesa, é conhecida mundialmente por seus campos perfumados. Hoje, a pequena cidade produz flores para algumas das maiores marcas de luxo do mundo, como Dior e Chanel, que gastam quantias significativas com matérias-primas da região – o jasmim de Grasse é vendido por um preço mais alto que o ouro, por exemplo. Mas as mudanças climáticas estão ameaçando essa tradição.
Padrões climáticos extremos, como secas, ondas de calor e chuvas excessivas, estão tornando o cultivo de flores cada vez mais difícil. No verão passado, Grasse enfrentou secas extremas, fazendo com que alguns produtores perdessem quase metade da colheita. A produtora Biancalana contou ao The Guardian que sentiu diretamente os impactos e sua colheita de tuberosa caiu 40% na última temporada. “Os mais velhos aqui vivem nos dizendo que não há mais estações”, diz Biancalana, observando que os invernos agora são mais quentes e que há períodos de frio fora de época na primavera.
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Mas não é apenas Grasse que vem sofrendo com os efeitos de um mundo em crise climática. Em todo o planeta, as matérias-primas para perfumes estão ameaçadas por padrões cada vez mais extremos. A baunilha, um material essencial para a indústria e cultivada principalmente no continente africano, teve as plantações atingidas por ondas de calor nos últimos anos. Em 2017, um ciclone em Madagascar destruiu 30% da safra, elevando o preço para mais de US$ 600 o quilo.
Para Benoit Verdier, co-fundador da casa de perfumes personalizados Ex Nihilo Paris, a saída parece apontar para materiais sintéticos. Embora ainda não tenham aumentado o preço de seus perfumes, o aumento dos custos das matérias-primas pode forçá-los a fazê-lo e, como resultado, eles estão considerando se voltar para alternativas produzidas em laboratório. “A visão romântica do perfume é que ele seja natural. Há misticismo em torno de um lugar como Grasse, isso faz as pessoas sonharem. Mas nem sempre é mais sustentável”, diz.
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Produtores em Grasse discordam. “Na verdade, consumimos muito pouca água”, diz Biancalana, lembrando que os produtores da região usam a irrigação por gotejamento e têm feito esforços significativos para garantir que suas colheitas sejam ecologicamente corretas. Em 2006, Biancalana fundou a Les Fleurs d’Exception du Pays de Grasse, associação que reúne produtores e busca que todos migrem para a agricultura orgânica para garantir a proteção da biodiversidade, que eles acreditam ser uma de suas maiores armas contra as mudanças climáticas. “O que podemos fazer, como podemos nos adaptar, a quem devemos pedir apoio, que pesquisas precisamos fazer?” diz Armelle Janody, presidente da associação. “Essas são as perguntas que estamos fazendo.”
Fonte: Um Só Planeta