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O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) denunciou a policial militar Adriana Luiza da Silva por suposta adulteração de cena de crime no caso do assassinato de Daniel Ricardo da Silva. O ex-marido dela, o coronel da PM aposentado e dono do motel em Marília (SP) onde ocorreu o crime, Dhaubian Braga, é acusado do assassinato em outubro do ano passado.
Segundo a promotoria, após a morte de Daniel, que era funcionário do motel, Adriana “ingressou na cena do crime e retirou o celular da vítima do local marcado pela perícia antes da devida arrecadação técnica”.
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Consta na denúncia contra ela, apresentada nesta terça-feira (13) e ainda sem análise pela Justiça, que Adriana supostamente “inovou artificiosamente, com o fim de produzir efeito em processo penal não iniciado, o estado de coisa, com o fim de induzir a erro o juiz e o perito”.
“Segundo o apurado, a denunciada é policial militar e era companheira de Dhaubian Braga Brauioto Barbosa, contudo mantinha relacionamento amoroso com Daniel Ricardo da Silva”, afirma o promotor Mario Yamamura na denúncia.
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Ainda, conforme o MP-SP, Adriana omitiu o vínculo que possuía com a vítima e disse que a havia contratado para “para gravar as conversas de seu companheiro Dhaubian, pois desconfiava que estava sendo traída”.
A denúncia pede a condenação de Adriana por “fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral”, crime com pena prevista de dois a quatro anos e multa.
Adriana foi denunciada pelo MP-SP um dia após recursar um acordo com a Justiça que poderia evitar uma ação criminal contra ela.
A proposta da promotoria, rejeitada por ela, previa a confissão integral de que realmente adulterou a cena do crime, além de prestação de serviços à comunidade pelo prazo de três meses e pagamento de um salário mínimo.
A reportagem procurou a defesa de Adriana para comentar a denúncia contra sua cliente, mas a informação é de que eles somente irão se manifestar no processo.
Reconstituição do crime
A Polícia Civil realizou em maio deste ano a reconstituição do assassinato de Daniel por Dhaubian, quando chegava para trabalhar no local.
A motivação do crime foi passional, conforme a investigação da Polícia Civil. Segundo o depoimento do acusado do crime, Daniel estaria se relacionando com a então esposa de Dhaubian. A polícia concluiu o inquérito no dia 25 de novembro do ano passado e indiciou Dhaubian por homicídio qualificado por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima.
Uma primeira audiência do caso foi realizada no dia 11 de fevereiro, depois da interrupção no dia 31 de janeiro por falta de energia no Presídio Romão Gomes, onde o réu está preso.
Durante o processo, a defesa de Dhaubian entrou com pelo menos 3 pedidos de liberdade e todos foram negados. Os advogados alegam que o coronel aposentado agiu em legítima defesa, tese descartada pela investigação, e que tem residência fixa, bons antecedentes e colaborou com as investigações, porém durante a primeira audiência do caso a Justiça negou mais um pedido de liberdade feito pela defesa.
A reconstituição foi solicitada pela Justiça e teve a participação do coronel aposentado. O objetivo foi esclarecer a dinâmica do crime que também foi registrado por câmeras de segurança do motel.
Além dele, participaram também testemunhas. A mulher do coronel apresentou um requerimento para não participar da reconstituição.
Relembre o caso
O crime foi no dia 31 de outubro do ano passado, quando a vítima chegava para trabalhar na manhã de domingo. Daniel foi atingido por três tiros.
Imagens do circuito de segurança do motel mostram o momento em que a vítima chega e também dois dos três disparos que mataram Daniel.
Quando a polícia chegou ao local, o acusado não estava mais e o funcionário foi encontrado sem vida. Uma arma que estava próxima ao corpo dele foi apreendida. Ainda segundo a polícia, uma das balas atingiu uma funcionária, que teve um hematoma na perna.
Armas apreendidas
Segundo a Polícia Civil, a arma apreendida no dia crime é da PM e de uso pessoal da ex-mulher do réu. No entanto, diz a polícia, não há indícios de que essa arma foi ou estivesse sendo utilizada pela vítima.
Um dia antes do coronel se apresentar no dia 3 de novembro de 2021, a equipe da delegacia de Investigações Gerais (DIG), responsável pelas apurações do caso, encontrou um “arsenal” na casa de Dhaubian. Diversas armas foram apreendidas, entre elas um fuzil.
Uma semana depois, no dia 9 de novembro, policiais voltaram a achar muitas armas que seriam do coronel, desta vez em um outro motel pertencente ao acusado. Segundo o delegado da DIG, Luís Marcelo Sampaio, foram apreendidas pistolas e revólveres escondidos em uma laje.
Ainda segundo o delegado, algumas armas são raras e de uso restrito, inclusive do exército norte-americano. Todas as armas estavam sem documentação, mas segundo a polícia seriam do coronel aposentado da PM. Apesar de todas as apreensões, a arma utilizada no crime não foi localizada.
Fonte: G1