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O piloto de avião Fernando Murilo de Lima e Silva morreu, aos 76 anos, após complicações cardíacas e diabetes, segundo informou a família. O profissional foi o comandante do voo da Vasp de 1988 que foi sequestrado a caminho de Brasília. Ele conseguiu desviar a rota para pousar em Goiânia e evitar um atentado contra o Palácio do Planalto.
Fernando Murilo morreu na quarta-feira (26), em Armação dos Búzios (RJ), onde morava. Ele foi sepultado no mesmo dia, na mesma cidade.
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Segundo a família, Fernando Murilo atuou como piloto até os 60 anos. Ele deixa esposa e dois filhos.
O comandante ficou conhecido nacionalmente após o incidente de 29 de setembro de 1988. De acordo com registros da época, o voo 375 da Vasp levava135 passageiros e 8 tripulantes. O avião saiu de Belo Horizonte com destino ao Rio de Janeiro, mas foi sequestrado no meio do caminho.
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O sequestrador, Raimundo Nonato, pretendia jogar a aeronave sobre o Palácio do Planalto. Um copiloto, que viajava como passageiro, foi ferido quando tentou impedir a entrada de Raimundo na cabine. Após anunciado o sequestro, Fernando Murilo conseguiu colocar no transponder o código de alerta internacional.
Em seguida, a torre de controle de Brasília chamou a cabine para confirmar se era verdade. O copiloto Salvador Evangelista levou um tiro no momento em que pegava o rádio para dar o retorno e morreu.
De acordo com informações da época do atentado, o sequestrador havia perdido o emprego em uma construtora devido à crise econômica que o país enfrentava e acreditava que a culpa era do presidente, na época José Sarney (PMDB), que governou o país entre 1985 e 1990.
Na ação, o sequestrador exigiu que o avião se dirigisse a Brasília. Como o combustível da aeronave estava acabando devido à mudança de rota, o comandante conseguiu convencer o sequestrador a pousar o Boeing em Goiânia.
Ao pousar em Goiânia, o avião foi cercado pela Polícia Federal, onde o sequestrador decidiu seguir para Brasília em uma aeronave de menor porte, levando o comandante como refém.
Segundo relatos da época, o sequestrador tentou subir em um Bandeirante [um modelo de avião] e, nessa hora, o comandante correu, mas foi baleado na perna. Nesse momento, um agente da PF atirou e acertou Raimundo no quadril. Raimundo foi socorrido, levado a um hospital, mas morreu três dias depois.
Em entrevista em 2011, o piloto contou que viveu momentos de terror naquele dia.
“A ação começou quando já estávamos sobrevoando os céus do Rio de Janeiro. Ele gritava: ‘Eu quero matar o Sarney. Quero jogar o avião no Planalto!’. Na época, eu não tinha ideia de que aquilo poderia ocorrer”, disse o piloto.
Murilo também se lembrava de quando seu copiloto, Salvador Evangelista, foi morto. “Ele levou um tiro na cabeça quando pegou o rádio para responder a um chamado da torre de controle de Brasília”, afirmou.
Também durante a entrevista, o comandante contou como tudo era em questões de segurança.
“O meu sequestro foi um dos primeiros com aviões no país. Desde então, muita coisa mudou. Mas foi um processo lento de conscientização pela melhoria da segurança na aviação. Naquele tempo, não havia nem detectores de metais nos aeroportos”, contou.
Fonte: G1