28 de novembro, 2024

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Mordida de gato pode provocar amputação? Especialista da Unesp de Botucatu afirma que sim

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A atriz Daniela Escobar sempre foi apaixonada por gatos, mas nunca imaginou que uma ‘simples’ mordida de seu animal estimação poderia provocar o risco de amputação da mão.

O Gato –assim como foi ‘batizado’– faz parte da família há cinco anos e, segundo ela, sempre foi muito dócil. Mas, em um belo dia, a gaúcha resolveu fazer carinho na cabeça dele enquanto ele dormia profundamente embaixo da mesa. Assustado e com o intuito de se proteger, o felino acabou mordendo o dedo da atriz.

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“Não tinha ideia do risco que aquela mordida representa, por isso demorei dois dias pra ir ao médico”, conta Daniela. “Inicialmente, achei que fosse só a dor de uma mordida que talvez tivesse acertado um nervo ou o ossinho do dedo, além do mais nunca tinha sido mordida antes.”

Sem saber da gravidade, após a mordida, a atriz apenas lavou muito bem a mão com água, sabonete e água oxigenada para limpar o sangue e a ferida. Mas a dor foi se intensificando ao logo do tempo.

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“Os dedos ficaram paralisados, duros e roxeados. Eles não fechavam, não encostavam um no outro e se algo relasse ali via estrelas de todas as cores. Chorava mesmo. A dor era aguda e intensa, latejava o tempo todo”, descreve a atriz, que decidiu procurar ajuda médica por insistência de uma amiga que teria descoberto a possível gravidade do caso em uma busca na internet.

Dani buscou a orientação de três médicos diferentes. “O primeiro deles me disse que se eu tivesse esperado mais dias para procurar ajuda poderia ter perdido a mão, pois a circulação para e os dedos gangrenam. Fiquei apavorada, fiquei em observação por cinco dias, indo diariamente para acompanhamento.”

De acordo com ela, foram 10 dias de antibióticos e 15 dias de dor intensa. “O dedo indicador, que foi o mordido, ainda dói, mas já consegui recuperar os movimentos”, afirma a atriz.

Risco é real e bastante frequente

Para os especialistas entrevistados pelo Yahoo, a gravidade da mordida de um gato –mas não apenas deste animal doméstico — é real e bastante frequente. E mais: independentemente se o bichinho foi ou não vacinada, se é ou não saudável.

Como explica o infectologista da Unesp de Botucatu Alexandre Naime, na boca do gato, do cachorro e de outros mamíferos existe uma bactéria chamada Pasteurella multocida, que propicia a contaminação da pele após a mordida. “Essa é uma bactéria com ação patogénica mais agressiva, que tem uma série de mecanismos intrínsecos de lesão e toxinas que vão destruindo o tecido. E, se a pessoa demorar a ir ao médico, a lesão pode arruinar o tecido e provocar a amputação”, relata o especialista. “E as chances de amputação são comuns.”

Não quer dizer, no entanto, que basta ser mordido por um cachorro ou gato para ser infectado pela bactéria Pasteurella, como salienta Marinella Della Negra, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Isso depende do grau da lesão. Em mordidas e arranhões mais superficiais, as chances da infeção são menores. Mas, em casos mais graves, 48h podem ser suficientes para rompimento total do tecido.”

Mas, segundo Naime, a culpa de uma possível amputação não é do animal. “É da própria pessoa que negligenciou os riscos e não procurou o atendimento especializado adequado”, destaca Naime, que ressalta a existência de muitas outras doenças provocadas mediante a mordida ou o aranhão de gatos e cachorros. “Pasteurella não é o único problema.

“Isso porque qualquer animal pode inocular dentro da ferida bactéria, fungos, protozoários ou vírus que desencadeiam diferentes infecções, algumas delas muito graves e que podem levar até a morte, como é o caso da raiva”, relata o especialista que também cita o risco de se desenvolver a esporotricose –uma micose provocada por fungos patogênicos do gênero Sporothrix, que pode afetar vasos linfáticos, a pele e, em casos mais raros, o pulmão, os ossos, o cérebro ou as articulações– e a bartonelose.

A bartonelose, mais conhecido como ‘doença da arranhadura do gato’, é causada pela bactéria Bartonella henselae, que provoca inchaço nos gânglios que fazem a drenagem do local. “Se arranhou o rosto, os gânglios do pescoço incham, e se arranhou as mãos, o cotovelo costuma inchar”, exemplifica Della Negra, que diz ser uma doença bem mais branda que a Pasteurella.

Como agir e evitar problemas?

Caso seja mordido ou arranhado pelo animal de estimação, a recomendação é lavar imediatamente o local com água e sabão. “Evite produtos abrasivos, como álcool ou clorexidin, que podem favorecer algumas infecções, como por exemplo do vírus da raiva”, alerta Naime, que reforça a importância de se procurar atendimento médico, principalmente em se a região do machucado ficou inchada, vermelha e inflamada.

“Estar bem informado não custa. Prevenir é melhor que remediar. Se eu soubesse mais sobre a natureza dos felinos tinha corrido ao médico na mesma hora e tinha me poupado de 10 dias de sufoco”, afirma Daniela.

Fonte: Yahoo

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