25 de novembro, 2024

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Moradores inundam aldeia para manter russos longe de Kiev

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Ao redor de Demydiv, uma aldeia ao norte de Kiev, os moradores estão enfrentando as consequências de uma forte inundação que, em circunstâncias normais, teria sido mais um infortúnio para um povo sob ataque.

Desta vez, no entanto, ocorreu exatamente o contrário, tornando-se uma vitória tática na guerra contra a Rússia. Os ucranianos inundaram a vila intencionalmente, assim como uma vasta extensão de campos e pântanos ao seu redor, criando um atoleiro que frustrou um ataque de tanques russos a Kiev e deu ao Exército tempo precioso para preparar defesas.

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Demydiv: inundação proposital para deter tanques do Exército russo (Foto: Reprodução)

Rios de água verde engoliram muitas das casas de Demydiv — e seus moradores não poderiam estar mais satisfeitos.

— Todo mundo entende e ninguém se arrepende nem por um momento — disse Antonina Kostuchenko, uma aposentada, cuja sala de estar agora é um espaço bolorento com linhas d’água de 30 centímetros nas paredes. — Nós salvamos Kiev!

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Criança atravessa ponte improvisada sobre terreno inundado em Demydiv Foto: DAVID GUTTENFELDER / New York Times/22-4-2022
Criança atravessa ponte improvisada sobre terreno inundado em Demydiv (Foto: Reprodução)

O que aconteceu em Demydiv não foi uma exceção. Desde o início da guerra, a Ucrânia se mostrou rápida e eficaz em causar estragos em seu próprio território, muitas vezes destruindo a infraestrutura, como forma de frustrar um Exército russo com números e armamentos superiores.

Demydiv foi inundada quando as tropas abriram uma barragem próxima e desviaram água para o campo. Em outras partes da Ucrânia, os militares, sem hesitação, explodiram pontes, bombardearam estradas e desativaram ferrovias e aeroportos. O objetivo sempre foi retardar os avanços russos, canalizar tropas inimigas para armadilhas e forçar que colunas de tanques entrem em terrenos menos favoráveis.

Até agora, mais de 300 pontes foram destruídas em toda a Ucrânia, disse o ministro de infraestrutura do país, Oleksandr Kubrakov. Quando os russos tentaram tomar um aeroporto importante fora de Kiev, no primeiro dia da invasão, as forças ucranianas bombardearam a pista, deixando-a marcada por crateras e incapazes de receber aviões carregados de forças especiais russas.

Terra arrasada

A política de terra arrasada desempenhou um papel importante no sucesso da Ucrânia em conter as forças russas no Norte e impedi-las de capturar Kiev, a capital, disseram especialistas militares.

Uma estratégia, usada com frequência em Kiev no combate no Leste da Ucrânia, é forçar os russos a tentar travessias de rios em áreas próximas a pontes destruídas. Esses locais são cuidadosamente tratados com antecedência por equipes de artilharia ucranianas, transformando a travessia em episódios sangrentos e caros para os russos.

Mas há muitas outras variações. À leste de Kiev, há pontes explodidas de uma maneira que forçou um esquadrão de tanques russos a entrar em terrenos pantanosos; quatro deles afundaram quase por inteiro.

— Nosso Exército, nossos militares usaram itens de engenharia de maneira muito adequada, em barragens ou em pontes que explodiram, e impediram o avanço das forças — disse Kubrakov. — Isso foi feito em todos os lugares nos primeiros dias e está acontecendo agora na região do Donbass.

Ruas e casas em Demydiv, ao norte de Kyev: inundação bloqueou passagem de russos em direção à capital, no início da guerra (Foto: Reprodução)

A estratégia tem um custo enorme para a infraestrutura civil do país. O Exército russo também está explodindo pontes e atacando estações ferroviárias, aeroportos, depósitos de combustível e outras instalações, aumentando os danos da Ucrânia e o preço da reconstrução do país após a guerra.

O dano total estimado à infraestrutura de transporte após dois meses de guerra é de cerca de US$ 85 bilhões, de acordo com o governo ucraniano. Independentemente de qual Exército realmente destruiu qualquer local em particular, Kubrakov culpou a Rússia.

— Nós não teríamos explodido nossas próprias pontes se a guerra não tivesse começado — disse.

Sem grandes perdas

A experiência em Demydiv é um exemplo disso. As forças ucranianas inundaram a área em 25 de fevereiro, o segundo dia da guerra.

A medida foi particularmente eficaz, segundo oficiais e soldados ucranianos, criando um lago extenso e raso em frente às colunas blindadas russas. Mais tarde, bombardeios russos danificaram a barragem, complicando agora os esforços para drenar a área.

E, no entanto, vários moradores disseram em entrevistas que o benefício estratégico superou as  dificuldades.

— Cinquenta casas inundadas não são uma grande perda — disse Volodymyr Artemchuk, voluntário que ajuda a abastecer as bombas que agora drenam a vila.

Fonte: Yahoo!

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