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Em um tempo que a tecnologia era algo mais restrito, eles davam formas e cores, um tanto quanto ‘fofinhas’, às pastas e cadernos da moçada. Moda nos anos 80 e 90, os papéis de carta têm voltado à rotina de alguns colecionadores. Em Bauru, um encontro organizado por mulheres, no dia 25 de novembro, das 10h às 18h, na Vila Universitária, pretende reunir apaixonados de Bauru, Botucatu e região por esses impressos diferenciados.
“É um movimento que tem se fortalecido nos últimos anos. A cada dia aparecem mais pessoas retornando com suas coleções. São, na maioria, mulheres entre 30 e 45 anos e que eram crianças na década de 80, quando tudo começou”, comenta Marcela Tagliani, cirurgiã dentista, organizadora do encontro.
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Coloridos, com linhas ou não, em tamanhos e formas diferentes, com personagens variados e até perfumados, os papéis de carta permaneceram por muitos anos nas vitrines das papelarias. Quem colecionava só utilizava a caneta para escrever neles quando o destinatário era muito especial ou, então, quando o papel era repetido.
VOLTA
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A artesã e intérprete de libras Andreia Salles Silva, 45 anos, conta que começou sua coleção aos 8 anos, incentivada pelos avós, que eram comerciantes e traziam papéis de carta diferentes quando viajavam pela região.
“Aos 17 anos eu acabei parando a coleção e depois tive filhos, mas aos 36 anos voltei com tudo, incentivada pela convivência com adolescentes e até com as amigas dos meus filhos”, conta Andreia, que é moradora de Botucatu e ajuda organizar o encontro em Bauru.
DIFICULDADE
A dificuldade em encontrar os papéis de carta nas papelarias, no entanto, aumentou exponencialmente nos últimos anos. “Hoje, a gente só encontra pela Internet ou em São Paulo e é muito mais caro. Um mais antigo do Garfield chega a custar uns R$ 18,00. Meu filho mora fora do Brasil e, quando ele viaja para cá, traz alguns pra mim”, acrescenta Andreia.
A papelaria Jalovi, em Bauru, por exemplo, informou que não comercializa mais papéis de carta desde meados da década de 90. A assessoria de imprensa da Tilibra disse que a fábrica produzia o produto apenas no auge da moda, entre os anos 80 e 90.
Atualmente, as vendas e trocas entre colecionadores ocorrem intermediadas pelo universo on-line. “Temos um grupo nas redes sociais e isso ajuda nas trocas. As poucas pessoas que hoje possuem lojas on-line são aquelas que nunca saíram deste universo, a Simone Turassa é uma delas, acho que é uma das principais no País”, cita Marcela.
TERAPIA
Para Andreia, a retomada da coleção serviu ainda como espécie de terapia nos últimos cinco anos.
“Eu tirei um tumor da cabeça e o papel de carta me ajudou na motivação. Eles me lembram de uma fase muito boa da vida. Gosto tanto que, quase todo dia, chega encomenda de papel novo em casa. E as pastas ficam guardadas a sete chaves no armário do meu ateliê, para ninguém folhear de qualquer jeito”, afirma.
A coleção dela é composta por seis pastas e dois fichários, que juntos possuem mais de 2 mil papéis de carta guardados em plásticos. “Se fosse calcular isso em dinheiro, com certeza valeria mais do que R$ 5 mil hoje”, observa.
SERVIÇO
O “1.º Encontro de Papéis de Carta – Bauru, Botucatu e região” ocorre dia 25 de novembro, das 10h às 18h, em um condomínio na Vila Universitária. Interessados em participar devem entrar em contato pelo número (15) 99745-4420 (Andreia) para obter mais informações e fazer a inscrição. Durante o evento haverá sorteio de brindes.
Fonte: JCnet