16 de novembro, 2024

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Minúscula e escondida dentro de bromélias: nova espécie de rã é descoberta no ES

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Uma nova espécie de rã foi descoberta por pesquisadores brasileiros na Pedra do Garrafão, localizada em Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Espírito Santo. Com 15 milímetros e a característica de colocar e cuidar dos ovos e girinos dentro de bromélias, a rãnzinha soma mais uma conquista para o país com a maior diversidade de anfíbios no mundo, cujo total chega a quase 1,2 mil espécies.

Nova espécie de rã é descoberta no ES (Foto: Projeto Bromélias)

O anfíbio foi nomeado de ”rãzinha de bromélia do Garrafão” (Crossodactylodes teixeirai). A descrição formal da descoberta foi feita por cinco pesquisadores e publicada na terça-feira (19) no Journal of Herpetology, um jornal científico com reconhecimento internacional.

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Rã fica dentro das folhas de bromélia (Foto: Rodrigo Ferreira/Projeto Bromélias)

A descoberta foi resultado de uma expedição realizada em 2015 por pesquisadores do Projeto Bromélias da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e também do Instituto Nacional da Mata Atlântica.

“De lá pra cá, foram realizadas diversas expedições no local. Durante as expedições, 15 pesquisadores estiveram envolvidos, indo ao local, estudando sobre a rãzinha da bromélia do Garrafão”, disse o Coordenador do Projeto Bromélias Rodrigo Ferreira.

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Rodrigo disse também que até chegar a publicação da nova espécie foram feitas análises genéticas e morfológicas do anfíbio.

“A ciência precisa de evidências e, por isso, fizemos essa publicação após oito anos de estudos”, disse.

Segundo o coordenador do projeto, o nome da rã homenageia a memória do herpetólogo capixaba Rogério Luiz Teixeira (1959–2015), em reconhecimento aos estudos que realizou sobre a associação entre anfíbios e bromélias, especialmente no Espírito Santo.

Minúscula, cuidadosa e escondida dentro de bromélias

Ovos são colocados dentro das folhas de bromélia; espécie só existe na Pedra do Garrafão, na Região Serrana do ES (Foto: Rodrigo Ferreira/Projeto Bromélias)

Ainda de acordo com o coordenador, a rãzinha está entre as 160 espécies do Brasil que se reproduzem em bromélias. No entanto, no caso da rãzinha do Garrafão, trata- se de uma espécie endêmica, ou seja, só pode ser encontrada em Santa Maria de Jetibá e mais em nenhum outro lugar do mundo.

“Ela ocorre apenas entre 1.212 e 1.374 metros de altitude em um fragmento florestal no entorno da Pedra do Garrafão, disse.

Além de diminuta, a rã tem outras características que surpreenderam os pesquisadores.

“As mães colocam os ovos e criam os girinos dentro das bromélias. Ou seja, ela é especialista naquela aguinha da chuva que fica armazenada dentro da planta. Trata-se de um microecossitema que depende de alto grau de especialização para sobreviver”, comentou.

O pesquisador disse ainda que, diferente dos outros anfíbios que colocam os ovos e vão para outras atividades, a rãnzinha da bromélia do Garrafão cuida dos ovos e dos girinos.

“Além dela ser adaptada a vida da bromélia, tanto o pai quanto a mãe cuidam dos ovos e dos girinos. Onde a gente encontra a folha da bromélia com ovos ou com os girinos, também há maior probabilidade de encontrar os pais. Na ciência, isso se caracteriza por cuidado parental, que não é comum em outros anfíbios”, disse.

Importância para a conservação do local

Pedra do Garrafão, em Santa Maria de Jetibá, Região Serrana do Espírito Santo (Foto: Rodrigo Ferreira/Projeto Bromélias)

Localizada em Santa Maria de Jetibá, a Pedra do Garrafão é o ponto mais alto do município e rico em biodiversidade. De acordo com o coordenador do Projeto Bromélia, a descoberta da rã é fundamental para a preservação da região.

“Essa descoberta pode influenciar na adoção de políticas públicas, sendo a principal delas meios de preservação da região. É uma região importante, no qual abriga polonizadores, tem alto potencial turísticas e diversas características relevantes”, disse Rodrigo Ferreira.

Rã de Bromélia do Garrafão é descoberta na Região Serrana do ES (Foto: Rodrigo Ferreira/Projeto Bromélias)

O coordenador disse ainda que seria fundamental a transformação da Pedra do Garrafão em uma Unidade de Conservação, justamente para a preservação da diversidade e para a saúde ecossitêmica, incluindo a dos seres humanos.

“Um ambiente preservado é benefício para todos”, destacou.

Fonte: G1

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