27 de abril, 2025

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Menina de um ano e seis meses morre após ser picada por escorpião, no interior de SP

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Uma menina de um ano e seis meses, moradora de Presidente Prudente, morreu na madrugada desta quinta-feira (21), após permanecer 21 dias internada por causa de uma picada de escorpião. Ela deu entrada no Hospital Regional (HR) em “estado muito grave” e não resistiu.

Segundo o HR, a criança foi internada no dia 30 de junho. Devido ao seu estado grave de saúde, ela foi “atendida prontamente pela equipe de emergência e conduzida para a Unidade de Terapia Intensiva [UTI]”.

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“Seu quadro era considerado estável pela equipe médica, mas na madrugada desta quinta-feira [21] apresentou complicações e infelizmente evoluiu para o óbito”, informou o HR.

Familiares explicaram que a menina estava na casa de uma tia, no Parque José Rotta, quando foi picada pelo animal em uma das mãos. Após o ocorrido, o escorpião amarelo, que estava em uma parede da residência, foi recolhido e levado ao HR, junto com a criança.

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Ainda conforme os familiares, Ana Júlia Araújo Ferreira ficou entubada e recentemente tinha apresentado melhoras, porém, houve complicação e não resistiu.

Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica Municipal (VEM), Vânia Maria Alves da Silva, os casos de picadas de animais peçonhentos devem ser comunicados ao órgão, porém, a respeito deste relacionado à menina, o órgão “não teve conhecimento até o momento”.

O Hospital Regional explicou que a VEM é notificada pela unidade de saúde somente após o fechamento do caso e a morte da menina deve ser avisada ao órgão municipal nesta sexta-feira (22).

Ana Júlia Araújo Ferreira foi sepultada na tarde desta quinta-feira (21), no Cemitério Municipal Campal, em Presidente Prudente.

Menina de um ano e oito meses morreu após ser picada por um escorpião (Foto: Stephanie Fonseca/G1)Menina morreu após ser picada por um escorpião, na casa de uma tia (Foto: Stephanie Fonseca/G1)

Tristeza

Tio da criança, o entregador de gás José Oberto Araújo Ferreira explicou que Ana Júlia morava no Jardim Paraíso, mas estava na casa da tia, no Parque José Rotta, quando a picada ocorreu. “Enquanto ela [tia] fazia comida, a menina encostou em uma parede e a tia ouviu que a criança gritou e viu que era um escorpião. Estava na parede. Picou a mão dela e já não teve mais jeito”, contou.

José Oberto ainda relatou que Ana Júlia ficou 18 dias entubada e, no 19º dia, apresentou uma melhora. Porém, após três dias bem, voltou a ser entubada e retornou para a UTI, falecendo durante a madrugada. “As coisas acontecem tão rápidas, proporcionando dores e tristezas por causa disso [escorpião]”, lamentou.

Segundo ele, moradores do Parque José Rotta, bairro onde fica localizada a residência em que a menina estava no momento da picada, relatam que aparecem muitos escorpiões e que está difícil controlar a infestação do bicho. “Meu irmão até está com medo de que algo aconteça com a outra filha dele”, contou. “Precisa dar uma olhada no bairro lá. Na casa do sogro dele, já foram encontrados 22 escorpiões. Os últimos dois picaram o sogro dele, mas, como já é adulto, não teve bastante danos”, comentou.

“Esperávamos que tudo daria certo, mas acabou que não deu. Agora estamos sofrendo e não sabemos o que dizer. Por culpa de um simples animalzinho, acabou a família. É muita dor”, desabafou.

Alegre e inteligente

A diarista Marilene Maria da Silva Santos contou que Ana Júlia estava em sua residência quando tudo aconteceu. Ela cuidava da criança e recorda que a pequena estava aprendendo a falar e era alegre e inteligente. “Ela ficou na UTI, deu uma melhorada, desceu para o quarto e falaram que ela pegou pneumonia hospitalar. Ela desceu para o quarto tendo febre”, relatou.

A diarista também relatou que, em seu imóvel, não é comum o surgimento do animal. “No ano passado, meu marido achou um escorpião em uns tijolos que estavam no quintal, mas depois não vimos mais nenhum”, comentou.

Dessa vez, o animal não estava em nenhum tijolo. “Estava entrando para dentro de casa. Passou por baixo da porta e ia subindo a parede, quando ela pôs a mãozinha em cima. Acho que ela nem viu. Ela resmungou para mim e quando olhei o vi. Estava bem pertinho dela”, lembrou a tia. Após o fato, o animal foi capturado e levado para o HR.

“Se fosse uma coisa que sempre aparecesse em casa, já teríamos uma cisma, mas não”, lamentou a tia. “Só quero falar para as mães ficarem de olho. Onde tiver criança, cuidem. Onde a criança ir ou sentar, olhem tudo primeiro. Mas só Deus para dar força para a gente e proteger”, falou.

Familiares se despediram da criança no Cemitério Municipal Campal (Foto: Stephanie Fonseca/G1)Familiares se despediram da criança no Cemitério Municipal Campal, nesta quinta-feira (21), em Presidente Prudente (Foto: Stephanie Fonseca/G1)

Grupo de altíssimo risco

De acordo com a médica coordenadora do Centro de Assistência Toxicológica de Presidente Prudente, Rita de Cássia Bonfim Leitão Higa, existem grupos de risco em que são inseridas as pessoas picadas por escorpião. Estão no grupo de risco crianças e idosos. Já no de altíssimo risco estão as crianças com menos de três anos, que é o caso da menina que morreu em Presidente Prudente, de apenas um ano e seis meses.

“Das classificações existentes, esta criança está no pior grupo”, disse a médica. Ela ainda explicou que, quando há a picada do escorpião, a pessoa sente uma “dor violenta” e o local atingido fica inchado e vermelho, mas, muitas vezes, não aparece o “furinho” do ferrão. “A criança que é picada aparece chorosa, mas não sabe muitas vezes dizer o que aconteceu e os pais não conseguem fazer o diagnóstico. Não é como uma picada de cobra, onde ficam dois furos”, destacou.

Rita também relatou que outro fator que pode agravar a situação é o tipo de escorpião. “Tem o problema do bicho, da toxina do escorpião. Essa toxina é pior no escorpião amarelo, mas, como ele pode mudar de cor, nós identificamos por uma serrilha no rabo. Infelizmente, em nossa região, o escorpião que está se proliferando é o amarelo”, falou.

‘Dor violenta’

A especialista salientou que, quando entra no organismo humano, o veneno do bicho gera uma descarga nos neurotransmissores do sistema nervoso autônomo. “Além dessa dor violenta, tem a sensação de formigamento e latejamento no local. Depois dessa dor, começam as náuseas, vômitos e arritmia cardíaca, pode dar uma alteração na pressão arterial para cima ou para baixo e até complicações pulmonares, chegando ao edema agudo de pulmão”, frisou.

Contudo, a médica enfatizou que o comum é que a pessoa não morra, mas há uma série de fatores que podem levar ao óbito. “Talvez, se a pessoa picada não fosse essa criança, e, sim, um adulto, não teria tido a morte. Então, depende do bicho, da faixa etária e do diagnóstico a tempo”, complementou.

Por isso, Rita orientou que, assim que acontecer a picada, a pessoa procure o Pronto-Socorro urgentemente. “Se puder, mate o escorpião também e leve-o. Mas leve-o morto e não o pegue com a mão. Pegue-o com uma pinça para não ter risco. É preciso levar para a identificação do bicho para poder ser tratado”, disse.

A coordenadora reforçou que a prevenção ainda é o mais importante, o que só pode ser feito se a população não criar o ambiente propício para a proliferação dos escorpiões. “É preciso deixar os terrenos limpos, sem entulhos, porque os escorpiões se alimentam de barata. Também é necessário ter cuidado com fossas, esgotos e canais de água, tampar os ralos em casa, não deixar a grama alta, não andar sem bota em locais com mato alto, não colocar a mão sem luva em locais que a pessoa não sabe o que tem e olhar as roupas e os calçados antes de usar”, alertou Rita.

Fonte: G1

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