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Um suposto médium de 72 anos, conhecido como Santo Lacava, foi preso na tarde desta quinta-feira (29) por abusos sexuais contra ao menos quatro mulheres em um centro espírita clandestino de Limeira (SP). De acordo com a responsável pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Andréa Rachid Arnosti, o suspeito foi detido provisoriamente para não atrapalhar as investigações.
“Lavrei o boletim de ocorrência com natureza de violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável, porque uma das vítimas, quando teria sido estuprada por ele, tinha apenas 10 anos de idade”, explica Andréa.
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A Polícia Civil informou ainda que, até o momento, foram identificadas mais duas vítimas, sendo que uma delas prestaria depoimento nesta noite. “Muito provavelmente, com a prisão dele, outras vítimas se encorajarão a procurar a delegacia para fazer denúncia e relato dos fatos. Segundo as quatro vítimas ouvidas, várias mulheres também foram vítimas da mesma situação”, afirma a delegada.
De acordo com a responsável pela delegacia, ao menos uma das vítimas sofreu abusos até o mês passado. “Elas foram ouvidas com riqueza de detalhes, então percebemos que os depoimentos delas eram coerentes e apresentavam semelhança” diz a delegada.
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O suspeito foi detido em casa, onde também ficava o centro espírita e teriam ocorrido todos os abusos. O local funcionava há cerca de 30 anos.
“A nossa equipe de investigação, com apoio da Guarda Municipal, se dirigiu ao local e localizou [o suspeito]. Ele compareceu espontaneamente à delegacia e, na presença do seu advogado, ele foi interrogado e formalmente indiciado”, explica Andréa.
O médium permaneceu calado durante o depoimento e, segundo o advogado de defesa informou à delegada, ele vai se manifestar somente em juízo. Ao deixar a delegacia para ser transferido para uma carceragem da cidade, ele negou os crimes. “Tenho minha cabeça tranquila, graças a Deus”, disse.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o caso é investigado por meio de inquérito policial instaurado pela DDM de Limeira e está em segredo de Justiça.
Os abusos
De acordo com investigações da Polícia Civil, o centro espírita comandado pelo suspeito funciona em uma edícula em sua própria residência, no Bairro dos Pires. As vítimas disseram que eram levadas para um quarto escuro da casa, onde o médium alegava receber uma entidade espírita chamada “índio”.
“Eram feitas orações e depois, individualmente, ele atendia uma por uma. Pedia para que elas tirassem a roupa, deitassem na cama e fazia todo um ritual. Ele dizia que era para fins de tratamento aproveitando da fé que elas tinham. Elas acreditavam mesmo que era um espírito superior que estava ali para fins de cura. Ele explorava a fé dessas mulheres”, diz a delegada.
Segundo a delegada, todas as vítimas relataram que foram forçadas a ter relações sexuais com o suspeito. “Isso não aconteceu só uma vez, era de forma continuada. Isso se repetiu por várias vezes e chegava à conjunção carnal completa”, relata Andréa.
A delegada informou também que as vítimas não recebiam nenhum tipo de medicamento ou proteção após os abusos. As mulheres, segundo Andréa, eram próximas do acusado, o que facilitava sua ação.
“Uma começou a se abrir com a outra e viram estranheza na situação. Elas fizeram um grupo e resolveram denunciar, porque sozinha elas tinham medo da exposição ou de não acreditarem no depoimento delas”.
A prisão temporária, inicialmente, tem duração de cinco dias, que é um tempo dado para o andamento das investigações. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do acusado.
Fonte: G1