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O prefeito de Itajaí, em Santa Catarina, Volnei Morastoni (MDB), afirmou na noite desta segunda-feira (3), que existe a possibilidade de a cidade adotar a aplicação de ozônio por via retal como medida de tratamento contra a Covid-19 em pacientes confirmados e com sintomas. A técnica, entretanto, não tem eficácia comprovada contra o coronavírus e foi rechaçada pelo Professor Dr. Alexandre Naime Barbosa, Chefe da Infectologia Unesp de Botucatu.
Em uma live, o Prefeito de Itajaí disse. “É uma aplicação simples, rápida, de dois ou três minutinhos por dia, provavelmente vai ser uma aplicação via retal. É uma aplicação tranquilíssima, rapidíssima de dois minutos com cateter fino, e isso dá uma resultado excelente”, disse Morastoni, que também é médico pediatra e homeopata.
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As declarações do prefeito foram feitas durante uma transmissão ao vivo realizada em uma rede social oficial da administração municipal.
“A pessoa tem que fazer durante 10 dias seguidos, são 10 sessões de ozônio, e isso ajuda muitíssimo, provavelmente, os casos de coronavírus positivo”, completou Morastoni.
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A Prefeitura de Itajai já tentou prevenir a Covid com homeopatia. Os casos começaram a subir.
— Dimitrius (@dimitriusOG) August 4, 2020
Depois, cloroquina. Casos subindo.
Depois, ivermectina. Casos subindo.
Agora o prefeito anunciou uma nova tentativa: ozônio no ânus. É sério! pic.twitter.com/tgiooIqKgA
A ozonioterapia é uma técnica antiga, porém, ainda considerada experimental pelo Conselho Federal de Medicina. Ela consiste no uso de uma mistura de ozônio e oxigênio para aumentar o fluxo sanguíneo. Não há evidências científicas que permitam seu uso médico no Brasil, de acordo com o conselho.
O Professor Dr. Alexandre Naime Barbosa, Chefe da Infectologia Unesp de Botucatu, esclareceu sobre a decisão do prefeito em utilizar ozônio via retal no tratamento da Covid:
Todos esses tratamentos alternativos são uma cortina de fumaça para que se tire a atenção do que realmente importa que é o controle com as medidas que tem eficácia reconhecida na ciência, que é o isolamento social na medida do possível, uso de máscara, distanciamento social, lavagem das mãos e testagem em massa com o melhor teste que é o PCR.
Então, os políticos e médicos que ficam publicitando tratamentos sem eficácia, eles querem manchete, eles querem holofote na mídia, e desviar a atenção do que realmente tem eficácia contra a Covid-19, que infelizmente acaba tendo efeito colateral de serem impopulares, as que realmente funcionam.
A proposta do aplicação de ozônio via retal se soma a uma série de tratamentos sem comprovação científica contra a Covid-19, assim como a hidroxicloroquina, a ivermectina, a nitazoxanida e tantas outras propostas que beiram o obscurantismo.
O verdadeiro charlatanismo, curandeirismo, por parte de muitos políticos e até, vezes por médicos, às vezes por ingenuidade, às vezes por má fé, acabam sugerindo, embarcando, publicitando, medidas de tratamento que não tem eficácia na ciência
disse Dr. Alexandre Naime Barbosa
O Conselho Regional de Medicina (CRM-SC) também reforçou a falta de estudos que comprovem a eficiência do uso do ozônio contra doenças.
com informações G1