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O Instituto Neurológico de Goiânia informou que profissionais mulheres só podem prestar atendimento a João de Deus, internado no local, se estiveram acompanhadas. De acordo com nota emitida pela assessoria da unidade de saúde, na tarde desta segunda-feira (25), a medida, seguida à risca, atende recomendação da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e da defesa do médium, com intuito de “evitar qualquer tipo de constrangimento”.
No entanto, o advogado de João de Deus, Alberto Toron, negou que tivesse feito qualquer orientação nesse sentido.
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Já a SSP, em nota, também negou ter feito tal pedido, ressaltando que cabe ao hospital, “e somente a eles”, a definição de como o paciente deve ser atendido.
João de Deus está preso desde dezembro do ano passado acusado de crimes sexuais durante atendimentos espirituais. Ele sempre negou as acusações.
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Na última sexta-feira (22), o médium foi transferido do Núcleo de Custódia, em Aparecida de Goiânia, para o hospital, atendendo determinação do ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Na unidade de saúde, ele segue as mesmas regras do presídio. É monitorado 24h por dia por agentes prisionais e pode receber visitas somente uma vez por semana, sempre às quintas-feiras, entre 8h e 10h. A exceção é para advogados, que podem vê-lo sempre que acharem necessário.
Somente parentes de primeiro grau já registrados no sistema prisional pode visitá-lo, salvo outros casos decorrentes de determinação judicial.
Risco de ‘morte súbita’
A defesa de João de Deus informou, no sábado (23), que ele estava passando por exames, mas não especificou quais.
No mesmo dia, o médico Alberto Las Casas também não passou a informação e disse que o hospital não tem autorização para divulgar o estado de saúde e o tratamento do paciente. Anteriormente, o cardiologista havia alertado que o médium corre risco de sofrer uma “morte súbita” em decorrência do aneurisma.
Em outra nota, a assessoria de imprensa do hospital informou que João de Deus está sendo atendido por dois médicos e que “em respeito a uma solicitação do paciente, o hospital não dará qualquer informação sobre seu quadro clínico”. Tais informações, segue a nota, serão repassadas somente ao Poder Judiciário, semanalmente.
João de Deus está no quarto 407, que é isolado e tem 20 metros quadrados. Imagens da TV Anhanguera mostram que o espaço conta com antessala, televisão, frigobar, banheiro privativo e aparelho de ar-condicionado.
Transferência
Conforme a decisão do ministro, o tratamento deve ser de até quatro semanas e a unidade precisa informar sobre qualquer sinal de melhora do paciente. O documento também determina que, para evitar possibilidade de fuga, o médium precisa ser acompanhado por escolta policial no hospital.
De acordo com a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), “durante a internação, o custodiado estará sob vigilância ininterrupta de servidores penitenciários” e ele não deve usar tornozeleira eletrônica.
O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou que vai questionar essa transferência do médium para o hospital. De acordo com o órgão, um perito ou médico público deve avaliar a situação já que, segundo os laudos feitos por profissionais do sistema carcerário, não havia necessidade da internação.
Laudos médicos
Segundo o cardiologista que elaborou o laudo, o paciente possui um aneurisma na aorta, de 2,5 centímetros, diagnosticado em exames feitos quando o preso deixou a penitenciária no dia 2 de janeiro, ao se sentir mal. João de Deus também apresentou pressão alta quando foi avaliado – 18 por 10 -, além de indícios de trombose.
Laudos médicos pedidos pela defesa do médium também apontam que ele perdeu 17 kg desde que foi detido e que “sua saúde tem piorado apesar da boa vontade dos funcionários do Núcleo de Custódia”, onde está detido. O documento detalha que João de Deus “passa a maior parte do tempo deitado, sem ânimo para nada”, além de dormir mal e chorar com frequência.
O psiquiatra Leo de Souza Machado, que assinou a avaliação psiquiátrica, afirmou no documento que o preso apresenta “prejuízo em domínio de memória e atenção e linguagem” e o diagnosticou com transtorno depressivo grave.
Resumo do caso
- Ações na Justiça: João de Deus já virou réu quatro vezes por violação sexual e estupro de vulnerável. Ele também foi denunciado junto com a mulher, Ana Keyla Teixeira, por posse ilegal de arma de fogo. Já o filho Sandro Teixeira responde por intimidação das testemunhas, assim como o médium;
- Apuração no MP: O órgão segue colhendo e analisando novas denúncias de mulheres que se dizem vítimas do médium;
- Investigação: Polícia Civil aguarda laudos para concluir a investigação sobre lavagem de dinheiro, devido aos mais de R$ 1,6 milhão e pedras preciosas aprendidos em imóveis do médium.
Fonte: G1