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O Jornal Leia Notícias entrevistou nesta sexta-feira, 01 de maio, a médica da Pediatra / Neonatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, Drª Ana Karina Cristiuma De Luca, 50 anos, que foi contaminada pelo novo coronavírus e está em isolamento domiciliar com seu marido, Fernando Augusto De Luca, de 56 anos, Cirurgião Dentista do Serviço de Odontologia Hospitalar do HC Unesp, que também testou positivo para a Covid-19.
Drª Ana Karina Cristiuma De Luca disse que está há duas semanas com os sintomas da doença e que o resultado positivo do exame saiu há 4 dias. Ela explica que não sabe onde foram contaminados.
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A pediatra explica os sintomas da Covid-19 e dá importantes orientações à população. “Realmente é um inimigo invisível. A pandemia é séria. Precisa ser vista com muita responsabilidade. Todo cuidado é pouco. Confie na ciência! E saiba que os botucatuenses podem se sentir protegidos, graças ao serviço da Prefeitura e do Grupo de Combate a Covid-19 da Unesp que está extremamente organizado”.
Leia a entrevista do Jornal Leia Notícias com médica Pediatra / Neonatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, Drª Ana Karina Cristiuma De Luca:
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JORNAL LEIA NOTÍCIAS – Há quanto tempo está com os sintomas? Onde a senhora acha que pode ter sido contaminada?
DRª ANA KARINA – Hoje é meu 14º dia de sintomas. Não sei onde posso ter sido contaminada. Não tive contato com nenhuma pessoa sintomática, pelo menos que eu soubesse, nem no hospital e nem fora dele. Fiz a quarentena o máximo que pude. Saia de casa somente para trabalhar, hospital-casa e vice-versa. Fui raríssimas vezes ao supermercado e na farmácia.
As compras de casa vinham sendo feitas por delivery e, quando necessário, meu marido, que também está doente, ia ao supermercado bem cedo (por volta de 6:30h) de máscara.
Tomávamos cuidados com tirar calçados ao entrar em casa, higienização das compras, trocar de roupa e tomar banho ao chegar do hospital. Realmente um inimigo invisível.
JORNAL LEIA NOTÍCIAS – Ha quanto tempo sabe o resultado positivo de seu exame? A senhora e seu marido foram internados?
DRª ANA KARINA – Colhi meu exame no 5º dia de doença e soube do resultado há 4 dias. Minha doença e do meu marido é considerada leve. Nosso tratamento está sendo em casa, com repouso e tentativa de ficar o mais calmos possível. O que é bem difícil.
Não estamos usando nenhum tratamento, pois não há evidências científicas de nenhuma droga e, portanto, não são preconizadas no momento. Usamos apenas sintomáticos quando necessário, como analgésicos.
Ontem apresentei falta de ar ao fazer um esforço leve, comuniquei meu médico, infectologista do HC Unesp, e acabei realizando uma tomografia que veio sem alterações. Provavelmente, a ansiedade nos leva a medos, inseguranças. Isso pode ter me levado a essa sensação ruim de dificuldade respiratória. Mas, como falta de ar é sinal de alerta, fui avaliada no hospital. Como tudo estava bem, tomografia e oxigenação, voltei para casa.
JORNAL LEIA NOTÍCIAS – Explique os sintomas, o que sente uma pessoa que está contaminada com o novo coronavírus?
DRª ANA KARINA – Os sintomas são muito variáveis. Eu comecei com tosse seca de repente e uma sensação de muito cansaço físico. Achei, inicialmente, que era alergia. Meu nariz escorria muito pouco. Quando estava no 4º dia de doença, meu marido começou com febre.
Além da tosse seca, a garganta fica o tempo inteiro “arranhando”, e sinto uma secreção caindo nela, o que me leva a tossir várias vezes. Eu não tive febre, meu marido teve, mas foi baixa.
No 5º dia de doença perdi completamente o olfato (anosmia), mas mantive o paladar. Meu marido perdeu os dois (olfato e paladar). O nariz não obstrui, mas incomoda o tempo todo e raramente escorre. Agora já comecei a recuperar meu olfato, mas ainda não está normal. Meus sintomas ainda não desapareceram, mesmo no 14º dia.
JORNAL LEIA NOTÍCIAS – O que a senhora tem para destacar para as pessoas que ainda não estão tratando a Covid-19 e as prevenções de forma séria?
DRª ANA KARINA – Estar com Covid não é fácil. Mesmo sendo profissional da saúde, você é tomada pelo medo. Minha primeira angústia foi ter transmitido para outras pessoas, mesmo que não intencionalmente. Depois os fantasmas não saem da cabeça: “Vou entrar em insuficiência respiratória?”, “Meu marido está respirando normal?”, “O que vai nos acontecer?”.
Várias vezes à noite nos vemos perguntando um ao outro: “Como você está?”. A enxurrada de notícias ruins por todos os meios de comunicação nos deixam desesperados.
Infelizmente, muitos irão ter Covid. Se você pegar o que fazer? Primeiramente, precisamos tentar manter o equilíbrio emocional. Manter uma boa alimentação, muita hidratação, repouso e isolamento. Ficar atento aos sinais de alerta, como falta de ar. Tentar se desligar das informações ruins que não param de chegar.
A pandemia é séria. Precisa ser vista com muita responsabilidade. Todo cuidado é pouco.
Portanto, a mensagem é: FIQUE EM CASA, enquanto essa for uma orientação dos profissionais de saúde e gestores. Use máscara ao sair de casa (essa é a recomendação atual).
Siga as orientações para a higienização dos produtos, etc, etc. Evite aglomerações. Confie na ciência! E saiba que os botucatuenses podem se sentir protegidos, graças ao serviço da Prefeitura e do Grupo de Combate a Covid-19 da Unesp, que está extremamente organizado.
O Hospital das Clínicas vem se preparando para atender da melhor forma possível cada um de nós e diminuir o sofrimento e as perdas por essa nova doença.
Não me tirem como exemplo por ter cumprido todas as regras e mesmo assim ter me contaminado. Sou grupo de risco por ser profissional da saúde, assim como meu marido que é dentista.
Até o momento, a única coisa que funciona é o distanciamento social. Eu acredito nisso. Na minha família, que mora toda na cidade de São Paulo e está fazendo o distanciamento, estão todos bem.
Portanto, repito: FIQUE EM CASA!
Casos de Covid-19 em Botucatu
Até a noite desta sexta-feira, 01 de maio, Botucatu conta com 72 casos positivos de munícipes, entre internados nos hospitais, em isolamento social, 4 óbitos e 20 casos de altas hospitalares, curados da doença.
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