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Na última sexta-feira (8), um fenômeno incomum fez com que a paisagem do Mar da Galileia se transformasse, despertando sentimentos mistos de fascínio e temor. Isso porque a água do lago adquiriu um tom vermelho-sangue intenso, em uma cena que rapidamente evocou passagens do Antigo Testamento e gerou interpretações de cunho apocalíptico.
Como lembra o siteAncient Origins, o espetáculo natural trouxe à memória a primeira das Dez Pragas do Egito, narrada no Livro do Êxodo, quando Deus teria transformado as águas do rio Nilo em sangue como julgamento contra o Faraó (Êxodo 7:17-21). No texto bíblico, o episódio é descrito como o início de uma sequência de calamidades enviadas para forçar a libertação do povo hebreu da escravidão.
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Vídeos e fotos do local em tom carmesim viralizaram nas redes sociais, muitas vezes acompanhados de comentários que iam desde o humor ao alarme religioso. “É um sinal da ira de Deus pelo que está acontecendo”, escreveu um usuário no X (antigo Twitter).
🇮🇱 BREAKING: The Sea of Galilee suddenly turns blood red in a mysterious scene — as if it’s a sign of God’s anger at what is happening. pic.twitter.com/Zn8xhxYtnY
— SilencedSirs◼️ (@SilentlySirs) August 13, 2025
Explicação científica
Apesar da aparência dramática, os especialistas garantem que não há qualquer perigo para a saúde. De acordo com o Ministério da Água de Israel, a mudança de cor foi provocada por uma proliferação da microalga verde da espécie Botryococcus braunii, que, em determinadas condições ambientais, adquire tons avermelhados devido à produção de um pigmento natural.
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Essa alga é encontrada em corpos de água doce e salobra em várias partes do mundo e, segundo estudos, produz hidrocarbonetos semelhantes ao petróleo bruto – um potencial recurso para a indústria de biocombustíveis. O pigmento vermelho se desenvolve especialmente em períodos de forte radiação solar, temperaturas elevadas e alta disponibilidade de nutrientes na água.
Não é a primeira vez que isso acontece. Fenômenos semelhantes já foram registrados em outros anos no Mar da Galileia, normalmente, nas estações mais quentes do ano, quando também há maior procura turística pelo lago.
O pigmento não é tóxico e não há registros de reações alérgicas associadas ao contato com a água. Testes realizados pelo Laboratório de Pesquisa Kinneret confirmaram que a água permanece própria para banho e para uso humano, informa o jornal The Jerusalem Post.
Simbolismo do Mar da Galileia
O Mar da Galileia (também chamado de Lago de Tiberíades ou Kinneret) ocupa posição central na geografia espiritual do Oriente Médio, e é considerado sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos. Para os cristãos, foi palco de alguns dos milagres mais conhecidos de Jesus, como andar sobre as águas, acalmar tempestades, a pesca milagrosa e a multiplicação de pães e peixes.
Essa carga simbólica amplifica o impacto de qualquer fenômeno visualmente impressionante na região. Não surpreende, portanto, que o episódio tenha alimentado narrativas de que se trataria de um “sinal dos tempos”.
Comparações também foram feitas com outros eventos de águas avermelhadas no Oriente Médio, como um caso registrado em 2021. Na ocasião, um lago próximo ao Mar Morto ficou vermelho-sangue, reacendendo especulações religiosas.
Embora o episódio atual tenha explicação ecológica, a associação com narrativas bíblicas é inevitável. Pesquisadores lembram que, historicamente, fenômenos naturais extremos inspiraram relatos religiosos.
A travessia do Mar Vermelho por Moisés, por exemplo, tem sido objeto de estudos que sugerem causas naturais possíveis: ventos de até 100 km/h soprando de um ângulo específico poderiam recuar temporariamente as águas rasas, criando um corredor seco. Quando o vento cessasse, a água retornaria rapidamente, em um efeito comparável a um mini-tsunami, o que poderia explicar a destruição do exército egípcio.

Monitoramento da água
As autoridades locais continuam monitorando a qualidade da água e a biodiversidade do lago, um recurso estratégico para abastecimento, pesca e turismo. A expectativa é que a coloração se dissipe naturalmente à medida que as condições ambientais mudem. Ainda assim, para muitos, o episódio será lembrado como um momento em que a natureza pareceu dialogar com a história sagrada.
Seja interpretado como um sinal divino, um eco das Escrituras ou simplesmente um fenômeno natural fascinante, o Mar da Galileia vermelho-sangue de 2025 reforça como ciência e fé seguem entrelaçadas na maneira como percebemos o mundo. Para uns, é prova da força simbólica dos lugares sagrados; para outros, um lembrete de que a natureza ainda guarda surpresas capazes de nos conectar ao passado.
Fonte: Galileu