21 de novembro, 2024

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Marcas de dor: ursos polares agora enfrentam ferimentos nas patas devido ao aquecimento do Ártico

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Em um alerta preocupante sobre a saúde dos ursos polares em um mundo mais quente, um novo estudo da Universidade de Washington (EUA) revela que, com o aquecimento do Ártico, esses animais estão desenvolvendo ferimentos graves nas patas, como cortes e cicatrizes.

Urso polar: já ameaçados pela perda de habitat por conta do degelo, animais agora lidam com ferimentos físicos que complicam ainda mais sua luta pela sobrevivência. (Foto: Andreas Weith/ Wikimedia Commons)

A pesquisa, publicada nesta semana na revista científica Ecology, é a primeira a documentar esses tipos de lesões em ursos polares, com 31 de 61 ursos na população da região da Kane Basin, local importante para a pesquisa científica relacionada ao clima e à vida selvagem, entre Canadá e Groenlândia.

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Os pesquisadores observam que, entre 2012 e 2022, a mudança nas condições do gelo do mar, incluindo ciclos de congelamento e descongelamento, contribuiu para a formação de crostas de gelo duras que ficam presas nas patas dos ursos. Isso não só causa dor, mas também dificulta a locomoção desses animais, que precisam vagar por vastas áreas para encontrar comida e companheiros.

Foto mostra as patas traseiras de um urso polar temporariamente sedado para pesquisa na Groenlândia Oriental em 2022. O urso tem grandes blocos de gelo congelados em suas patas, que os pesquisadores removeram. (Foto: Kristin Laidre/Universidade de Washington)

Segundo Kristin Laidre, autora principal do estudo, estes ferimentos revelam efeitos inesperados da emergência climática. Os ursos enfrentam um ambiente em transformação, onde eventos de chuva sobre a neve e temperaturas mais amenas estão criando condições perigosas para sua sobrevivência. “Eu nunca tinha visto isso antes”, disse Laidre em nota.

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“Os dois animais mais afetados [que encontramos] não conseguiam correr, mal conseguiam andar. Ao imobilizá-los para pesquisa, removemos com muito cuidado o gelo das patas. Os blocos de gelo não estavam apenas presos pelos pelos. Estavam grudados na pele, e ao palpá-los, era evidente que os ursos estavam com dor”, Kristin Laidre, autora principal do estudo.

As lesões, que também afetaram 15 de 124 ursos na população da Groenlândia Oriental analisadas no estudo, indicam que o aquecimento global está atingindo um novo nível de impacto sobre a fauna ártica. O estudo, que contou com a colaboração de caçadores indígenas e análises científicas anteriores, sugere que esse fenômeno é recente e alarmante.

Três ursos polares adultos atravessam o gelo marinho no leste da Groenlândia. (Foto: KRISTIN LAIDRE/UNIVERSITY OF WASHINGTON)

O urso polar é rotulado como vulnerável pela lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) , que estima que existam entre 20 mil e 25 mil ursos em 5 países, EUA (Alasca), Canadá , Rússia, Groenlândia e Noruega. Os cientistas pedem uma ação imediata: “Precisamos reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento”, diz Laidre.

Com sua superfície branca refletindo a luz solar recebida, o Ártico tem papel vital no sistema climático da Terra, ajudando no resfriamento do clima. Quanto menor a extensão desse manto de gelo no Polo Norte, mais prejuízo ao equilíbrio climático. Na ausência de gelo, o oceano escuro passar a absorver mais energia do sol, o que leva a mais aquecimento e, consequentemente, mais derretimento, em um ciclo perigoso que se retroalimenta.

Fonte: G1

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