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Os problemas de infraestrutura na BR-319 seguem causando transtornos e deixando parte da população do Amazonas cada vez mais isolada por terra. A ponte sobre o Rio Autaz Mirim, localizada no km 25, desabou neste sábado (8) horas após ser interditada na rodovia federal. A BR-319 é o único acesso terrestre de parte estado ao restante do país.
Segundo o governador do AM, Wilson Lima, uma equipe do governo federal avaliaria o local neste domingo (9). Não foi informado quando as equipes chegariam. Não há registro de feridos com o desabamento.
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Em nota oficial, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), estão sendo estudadas medidas para restabelecer o tráfego de veículos e a passagem de pedestres. O órgão segue monitorando a situação das demais estruturas existentes na rodovia.
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) emitiu uma autorização emergencial para viabilizar a operação de balsas nas travessias desses pontos da rodovia federal. De acordo com um boletim emitido pelo Ministério da Infraestrutura, uma empresa, que não foi identificada, está apta a operar no transporte fluvial de passageiros e cargas no trecho do Rio Curuçá e se prontificou a mobilizar balsas. A previsão é de que, dentro de cinco dias, se iniciem as operações no trecho interditado sobre o rio, retomando a ligação da rodovia.
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O local fica a dois quilômetros de outra ponte que desabou dez dias antes, deixando quatro mortos, 14 feridos e pelo menos um desaparecido. Na sexta-feira (7), o último caminhão que caiu no acidente foi retirado do rio.
A queda ocorreu horas após a Polícia Rodoviária Federal no Amazonas (PRF-AM) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) anunciarem a interdição da estrutura A ação ocorreu 10 dias depois do desabamento de outra ponte, sobre o Rio Curuçá, que ficava no km 23 da rodovia.
O Dnit informou que a ponte sobre o rio Autaz Mirim foi totalmente interditada no sábado para o tráfego de veículos e passagem de pedestres. A travessia tem 174 metros de extensão.
Desabamento da primeira ponte já afeta abastecimento
Muitos municípios do Amazonas que dependem da BR-319 começam a passar por desabastecimento, após o desabamento da primeira ponte. Com a queda desta segunda passagem, a situação pode ficar ainda pior.
As entregas de alimentos, gasolina e insumos já estavam passando por problemas por conta da longa espera que os caminhões estão passando para levar as cargas. Moradores e caminhoneiros enfrentam dificuldades para chegar aos municípios afetados.
A vazante (seca) dos rios do Amazonas agrava o problema, pois prejudica a navegação em alguns trechos e apresenta riscos de colisões, que podem provocar naufrágios.
A BR-319 liga Manaus e outras cidades amazonenses a Rondônia, possibilitando a interligação do Amazonas ao restante do país por terra. Além de ligar Manaus ao Estado Rondônia, o trecho da BR-319 é caminho de cidades como Careiro Castanho, Manaquiri, Lábrea e Autazes, todas no Amazonas.
Como a rodovia possui diversos rios ao longo dos seus mais de 800 quilômetros de comprimento, as pontes acabam ligando a BR em diferentes pontos dentro da floresta amazônica.
Quando a ponte sobre Rio Curuçá caiu há 11 dias, o Governo do Amazonas e o Dnit afirmaram que uma ponte de metal seria instalada de forma emergencial, mas isso ainda não foi feito. A nova previsão era que a instalação dessa estrutura metálica começasse neste fim de semana. Segundo o Governo do Amazonas, a instalação é de responsabilidade do Dnit, que conta com o Exército para a realização do trabalho.
Em nota divulgada no sábado, o DNIT informou que a ponte sobre o Rio Curuçá fica no km 23 da rodovia e a ponte Autaz Mirim está localizada no km 25. Com isso, as duas pontes que desabaram ficam a 2 quilômetros de distância uma da outra. A ponte Rio Curuçá está dentro do território no Careiro da Várzea, cidade a 102 km de Manaus. Já a ponte Autaz Mirim pertence ao território do Careiro, município conhecido como Careiro Castanho.
Investigações
A Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) se mobilizaram para apurar as causas e identificar os responsáveis pelo desabamento da ponte sobre o Rio Curuçá.
Histórico
Criada durante a Ditadura Militar, a BR-319 surgiu com a proposta de integrar o Amazonas ao restante do país, mas sofre há décadas com falta de estrutura para tráfego. Durante a campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu asfaltá-la.
Passado mais de três anos e meio desde que Bolsonaro assumiu o cargo, a promessa de asfaltamento da BR-319 ainda não saiu do papel.
Questionado logo após a queda da ponte sobre o Rio Curuçá, o Ministério da Infraestrutura disse que a declaração feita em 2019 por Bolsonaro “refere-se ao asfaltamento do lote C da BR-319/AM, que fica a aproximadamente 200 quilômetros do local do incidente [ponte sobre o Rio Curuçá]”, embora o presidente e a pasta não tenham deixado isso claro à época.
“O trecho de 405 quilômetros conhecido como “trecho do meião” recebeu em 28 de julho a licença prévia ambiental para as obras de reconstrução e pavimentação. Emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o documento aprova os estudos e viabilidade ambiental das obras. O próximo passo é a licença de instalação, que permitirá a contratação da obra, de acordo com as especificações constantes nos planos, programas e projetos aprovados pelo Ibama”, diz o restante da nota.
Inaugurada em 1976, a BR-319 é conhecida pelos diferentes problemas enfrentados ao longo dos anos. Trafegar pela estrada que liga a capital do Amazonas às outras regiões do Brasil é sempre um desafio para os motoristas.
Grande parte da rodovia segue imprópria para o trânsito de veículos em meio a impasses ambientais e burocráticos. São cerca de 800 quilômetros que separam Manaus de Porto Velho (RO), uma distância que poderia ser percorrida em 12 horas de carro. A recuperação da área está estimada em R$ 1,4 bilhão.
A rodovia possui diversos trechos danificados e não tem pavimentação em quase toda a sua extensão, o que provoca atoleiros “gigantes” no período chuvoso. Já no período de estiagem, os motoristas reclamam de outros problemas: buracos e poeira. Em alguns casos, crateras se abrem em trechos.
Na parte de Manaus, a rodovia já é um desafio logo no início, já que ela começa dentro do Rio Amazonas, numa área próximo ao bairro Distrito Industrial e ao famoso Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões.
Para partir do Amazonas em direção a Rondônia pela BR-319, pedestres e moradores se deslocam até um porto chamado “Ceasa”. Desse porto, pedestres entram em embarcações – barcos, lanchas e balsas – e motoristas, incluindo caminhoneiros, embarcam em balsas. É que todos os usuários da estrada precisam atravessar o rio para chegar à faixa de terra do outro lado, onde fica a área da ponte sobre o Rio Curuçá, a primeira que caiu. O trajeto dura, em média, 45 minutos.
Fonte: G1