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Segundo estudos realizados pela Associação Agir contra a prostituição infantil (ACPE na sigla em francês), entre 6 mil e 8 mil adolescentes, a partir de 13 anos de idade, se prostituem na França.
Mas ao contrário dos clichês sobre jovens em busca de clientes nas esquinas das grandes cidades ou forçadas a vender seus corpos em periferias, é cada vez maior o número de meninas de classe média adeptas da prostituição, surpreendendo seus familiares.
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O tema chamou a atenção após a difusão em um canal de televisão aberta no primeiro semestre do documentário Jeunesse à vendre (Juventude à venda), de Claude Ardid, Nadège Hubert e Alexis Marant.
No filme, os franceses conheceram as histórias de menores que se prostituem com cinco ou até dez clientes por dia, diante da impotência dos pais que, ao descobrirem, não sabiam como tratar o problema.
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Além do documentário, Jovem e Bela, um longa-metragem de ficção dirigido por François Ozon em 2013, já abordava o assunto junto ao grande público. No filme, uma adolescente levava uma vida dupla, frequentando o colégio e vivendo em uma família de classe média alta enquanto multiplicava clientes, até que os pais descobrem suas atividades fora da escola.
Todas as classes sociais
“O tabu sobre a prostituição de adolescentes nunca foi tão grande na França”, conta Claude Ardid. Segundo ele, não se fala no assunto, mas a prática atinge “todas as classes sociais e garotas cada vez mais jovens”.
De acordo com Armelle Le Bigot-Macaux, presidente da associação ACPE, há principalmente dois tipos de jovens prostitutas na França. O primeiro grupo é composto por garotas que, influenciadas pelos próprios namorados, que banalizam o ato sexual, são levadas a ter relações com outros homens.
“No final das contas, trata-se de prostituição. E mesmo se são iniciantes, esses namoradinhos não são nada mais que cafetões”, analisa a ativista. Acostumada a ser procurada por famílias desesperadas em busca de um culpado, Armelle diz, no entanto, que esse primeiro grupo é a minoria. “O mais frequente e mais complicado é a situação em que as jovens são recrutadas pelas próprias amigas”, explica.
“Essa realidade está ligada às práticas sexuais de jovens de hoje, motivados pelo consumo, pelo acesso à mídia e às redes sociais, além do desenvolvimento da pornografia muito acessível”, tenta explicar Armelle Le Bigot-Macaux.
Segundo ela, muitas meninas entram na prostituição após terem divulgado fotos sensuais com amigas nas redes sociais. “Mas elas não sabem que a internet está cheia de predadores”, avalia.
Difusão de reality shows
Claude Ardid explica que o aumento da prostituição de menores na França data de 2012. “Notamos que coincide com o momento da multiplicação de programas de reality show que passam durante as tardes na televisão aberta”, comenta o diretor.
Para ele, esses programas veiculam um discurso de sensualidade que poderia ter um impacto negativo nas adolescentes. “Todas as jovens prostitutas que nós encontramos para fazer o documentário são fascinadas por esses programas”, teoriza Ardid.
“Mas essas meninas nem sempre se consideram prostitutas e nunca usam esse termo”, comenta o diretor. “Elas começam brincando com a própria imagem nas redes sociais”, relata.
“Também notamos que muitas delas não haviam seguido nenhum tipo de edudação sexual e tudo que sabiam sobre o assunto vinha dos filmes pornográficos”, completa Nadège Hubert, que co-dirigiu o documentário.
Prostituição não é crime na França
A prostituição não é crime na França. Apenas os clientes estão sujeitos à punição. Mas geralmente a polícia é alertada no caso de menores, principalmente pelos pais, ou então por donos de hotéis que desconfiam das atividades de jovens hóspedes em seus estabelecimentos.
As ocorrências registradas nos últimos anos mostram a recrudescência do fenômeno no país. “Em 2017, a polícia de Paris tratou 90 processos de proxenetismo ligados à prostituição de adolescentes. No ano anterior tivemos 60 casos e, em 2014, apenas 20”, contabiliza Vianney Dyevre, da Brigada de Menores da capital.
Fonte: Yahoo!