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O número de pessoas com 69 anos ou mais expostas a níveis perigosos de calor irá aumentar significativamente até 2050 à medida que a população envelhece. Segundo uma equipe internacional de pesquisadores do Centro Euro-Mediterrâneo sobre Mudanças Climáticas (CMCC) e da Universidade Ca’ Foscari, de Veneza, ambos da Itália, e da Universidade de Boston, dos Estados Unidos, no período, 246 milhões idosos, o que representa 23% dos habitantes globais, terão de lidar com temperatura máxima diária acima de 37,5°C. Hoje, a porcentagem é de 14%.
Em artigo publicado na revista científica Nature Communications, os especialistas alertaram que o impacto nos sistemas de saúde e na desigualdade global será enorme. Isso porque as pessoas mais velhas são mais suscetíveis à hipertermia e podem ter condições de saúde prévias, como doenças cardiovasculares e respiratórias, agravadas pelas altas temperaturas.
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O trabalho destaca que a Ásia registará níveis de exposição ao calor dos idosos quase quatro vezes superiores aos de outras regiões no período analisado na comparação com os dias atuais. Na América do Sul e na Europa, a exposição triplicará e, na Oceania, na América do Norte e na África, duplicará.
Em termos absolutos, os continentes que mais sofrerão serão Ásia e África, pois suas populações são muito maiores e estas localidades são mais quentes e mais pobres. Uma grande parte do fardo social recairá sobre os contribuintes, cujos números diminuirão em muitos países que registam um declínio da fertilidade e uma porcentagem cada vez menor de indivíduos em idade ativa.
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“Esta é uma questão de desigualdade intergeracional”, comentou Giacomo Falchetta, da Fundação CMCC, ao The Guardian. “A outra mensagem principal é a história da desigualdade global. Os países do Norte e do Sul estão equipados de forma muito diferente para lidar com este desafio. Sociedades com mais infraestrutura e conhecimento estão muito mais protegidas. Este estudo de impacto mostra claramente a necessidade de um mecanismo de ajuste à questão da equidade.”
Falchetta disse esperar que as projeções ajudem as sociedades a se prepararem melhor. Segundo ele, as famílias precisam garantir que os idosos tenham fundos suficientes para a instalação de ar-condicionado; as cidades precisam de mais áreas de sombra e espaços verdes e os governos nacionais precisam adaptar os sistemas médicos e as políticas de informação de saúde pública.
Depois de 2050, o quadro é menos claro porque é mais difícil prever as tendências populacionais num futuro distante e a velocidade do aquecimento global dependerá das medidas tomadas hoje pelos governos. No entanto, mesmo que a população humana global comece a diminuir – como muitos demógrafos esperam – continuará a envelhecer, bem como a aquecer, durante algum tempo.
Fonte: Um Só Planeta