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A emergência climática está apagando do mapa símbolos milenares da paisagem alpina. De acordo com comunicado oficial da Escola Politécnica Federal de Zurique (ETH Zurich), a Suíça perdeu mais de 1.000 geleiras desde 2015, em um processo de derretimento acelerado que ameaça a estabilidade das montanhas e o abastecimento de água em toda a região.
Em 2025, mesmo durante o Ano Internacional da Preservação das Geleiras, proclamado pela ONU, a situação piorou. O país perdeu quase 3% de seu volume de gelo apenas neste ano, o quarto maior encolhimento já registrado, ficando atrás apenas de 2003, 2022 e 2023. Desde 2015, o volume total de gelo já encolheu 25%.
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Inverno pobre em neve e verões extremos
O derretimento recorde está diretamente ligado às mudanças no regime climático, que se intensificam com a queima massiva de combustíveis fósseis como petróleo e gás. O inverno de 2024/2025 trouxe pouca neve e registrou o terceiro período mais quente desde o início das medições, com temperaturas muito acima da média entre outubro e março. Em algumas partes dos Grisões, região onde fica Davos, famosa pelo Fórum Econômico Mundial, caiu menos neve do que em qualquer outro ano já registrado.
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Com a chegada de junho, o segundo mais quente da história na Suíça, o pouco manto branco acumulado desapareceu rapidamente, expondo as geleiras a uma temporada de derretimento precoce. Em agosto, uma onda de calor elevou a chamada “linha de zero graus” (do ponto de congelamento) acima dos 5.000 metros de altitude, acelerando ainda mais o processo, explicam os pesquisadores em um comunicado. Quando a “linha” sobe muito quer dizer que até em altitudes bem altas ainda está quente o suficiente para derreter gelo.
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O resultado foi a redução de mais de dois metros de espessura em geleiras como a Claridenfirn (Cantão de Glarus), a Plaine Morte (Cantão de Berna) e a Silvretta (Cantão dos Grisões). No Cantão de Valais, o recuo foi um pouco menor, mas ainda assim preocupante – cerca de um metro em geleiras como a Allalin e a Findel.

Risco para montanhas e comunidades
O impacto vai além da perda da paisagem alpina. A redução contínua das geleiras está tornando as montanhas mais instáveis. “Isso pode levar a eventos como o que ocorreu no vale de Lötschental, onde uma avalanche de rocha e gelo soterrou parte da vila de Blatten”, alerta Matthias Huss, diretor da rede de monitoramento GLAMOS.
Combinando falta de neve no inverno, ondas de calor intensas no verão e aumento contínuo da temperatura média global, esta década se consolidou como a de perda de gelo mais rápida já registrada na Suíça.
A tendência preocupa cientistas, pois sinaliza que mesmo esforços internacionais de preservação estão sendo superados pela velocidade da crise climática. Se o ritmo continuar, muitas outras geleiras que hoje ainda resistem poderão desaparecer em questão de anos – não de séculos.
Fonte: Um Só Planeta