06 de março, 2025

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Macron defende colocar arsenal nuclear francês à disposição de aliados: ‘A ameaça russa existe e afeta os países da Europa’

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Em pronunciamento à nação, o presidente da França, Emmanuel Macron, classificou a Rússia como uma ameaça à Europa, defendeu a união do continente em defesa da Ucrânia e disse que vai discutir com líderes europeus a possibilidade de colocar o arsenal nuclear francês à disposição de aliados como força de dissuasão.

Macron também criticou a administração Trump por seu alinhamento a Moscou e pela guerra tarifária lançada contra aliados, como o Canadá.

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“A ameaça russa existe e afeta os países da Europa”, disse Macron. Ele afirmou que Moscou continua a se rearmar e que, até 2030, “planeja aumentar ainda mais seu Exército, para ter mais 300 mil soldados, 3.000 tanques e mais 300 aviões de caça”.

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Para se contrapor a um possível projeto expansionista de Vladimir Putin, o presidente francês defendeu colocar seu arsenal nuclear à disposição de aliados do continente, como estratégia de dissuasão.

“Respondendo ao chamado histórico do futuro chanceler Alemão [Friedrich Merz], decidi abrir o debate estratégico sobre a proteção de nossos aliados no continente europeu por meio de nossa dissuasão (nuclear). Aconteça o que acontecer, a decisão sempre esteve e permanecerá nas mãos do Presidente da República, chefe das Forças Armadas.”

Desde a saída do Reino Unido da União Europeia, a França é o único país do bloco a ter um arsenal nuclear.

Ao falar sobre os EUA, Macron disse que “quer acreditar” que o país permaneça ao lado das potências do Ocidente, mas que “é preciso estar pronto se esse não for o caso”. Ele também chamou a decisão do presidente Trump de iniciar uma guerra tarifária contra países aliados de “incompreensível”, mas que haverá uma resposta à taxação dos produtos europeus.

“O futuro da Europa não precisa ser decidido em Washington ou Moscou. E sim, a ameaça volta a vir do Leste e a inocência, por assim dizer, dos últimos 30 anos, desde a queda do Muro de Berlim, acabou agora.”

Rússia e Ucrânia estão em guerra desde fevereiro de 2022, quando tropas de Moscou lançaram uma operação por terra, mar e ar para ocupar territórios no leste ucraniano.

Os dois países já haviam entrado em confronto em 2014, após a queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, pró-Rússia. Sua saída do poder ocorreu depois de uma série de protestos conhecidos como Euromaidan.

Desde então, a Ucrânia tem sido comandada por presidentes pró-Europa, com Petro Poroshenko e Volodymyr Zelensky. Logo após a Euromaidan, porém, a Rússia lançou campanhas de anexação de territórios a leste do país, começando com a Crimeia e o Donbas, onde uma maior parte da população se identifica com Moscou.

A partir de 2022, a Rússia passou a atacar outros territórios ucranianos. A Europa se alinhou a Kiev desde então, fornecendo apoio militar para Zelensky para frear o avanço das tropas russas.

Os EUA também eram aliados de primeira hora da Ucrânia durante o governo Biden. Quando Trump assumiu, no entanto, a Casa Branca se reaproximou do presidente Vladimir Putin, da Rússia, chegando a discutir um acordo para encerrar a guerra sem a presença dos representantes de Kiev.

Dissuasão nuclear

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, as principais potências militares buscaram desenvolver arsenais nucleares como estratégia para dissuadir ataques de inimigos.

Em outras palavras, dado o poder de destruição das bombas nucleares, o principal objetivo de possuir uma arma do tipo não é detoná-la, mas convencer países inimigos a não realizar ataques.

A coalizão da Campanha Internacional para Abolição das Armas Nucleares (ICAN) estima que existam 12.512 bombas nucleares no mundo atualmente, a maioria das quais nas mãos da Rússia (5.889) e dos EUA (5.224). Somadas, elas teriam o poder de acabar com a vida humana na Terra diversas vezes.

De acordo com a ICAN, a França detém 290 bombas. O projeto nuclear do país data dos anos 1950. O primeiro teste com uma explosão foi realizado em 1960, no deserto do Saara, no território da Argélia, que era uma colônica francesa na época. O país realizou 210 testes, a maioria dos quais na Polinésia Francesa, sendo que o último ocorreu em 1996.

Fonte: G1 – Foto: France Televisions/Handout

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