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Um tribunal de apelação da Califórnia disse nesta terça-feira (31) que Leslie Van Houten, que participou de dois assassinatos sob a direção do líder do culto Charles Manson em 1969, deveria sair da prisão em liberdade condicional.
Van Houten, agora na casa dos 70 anos, cumpre prisão perpétua por ajudar Manson e outros seguidores a matar Leno LaBianca, um dono da mercearia em Los Angeles, e sua esposa, Rosemary.
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O pedido do tribunal vai à contramão do governador da Califórnia, Gavin Newsom, que rejeitou a liberdade condicional para Van Houten em 2020. Houve ao menos cinco pedidos de liberdade condicional para Leslie desde 2016. Porém, todas foram rejeitadas por Newsom ou pelo ex-governador Jerry Brown.
Van Houten foi considerada adequada para liberdade condicional após a audiência de julho de 2020. Porém, com a liberdade bloqueada, ela entrou com um recurso em um tribunal de primeira instância, que também rejeitou o pedido. Leslie então buscou sua libertação através dos tribunais de apelação.
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Newsom disse que a integrante do grupo de Manson ainda representa um perigo para a sociedade. Ao rejeitar sua liberdade condicional, ele disse que ela ofereceu uma explicação inconsistente e inadequada para seu envolvimento com Manson na época dos assassinatos.
O Segundo Tribunal Distrital de Apelação em Los Angeles, porém, decidiu por 2 a 1 para reverter a decisão de Newsom, escrevendo que não há “nenhuma evidência para apoiar as conclusões do governador”.
Os juízes questionaram a alegação de Newsom de que Leslie não explicou adequadamente como ela caiu sob a influência de Manson. Durante audiências de liberdade condicional, ela disse como o divórcio de seus pais, seu abuso de drogas e álcool e um aborto ilegal forçado a levaram a um caminho que a deixou vulnerável ao guru.
Eles também argumentaram contra a sugestão de Newsom de que seus atos violentos anteriores eram motivo de preocupação futura se ela saísse da prisão.
“Van Houten demonstrou esforços extraordinários de reabilitação, perspicácia, remorso, planos realistas de liberdade condicional, apoio de familiares e amigos, relatórios institucionais favoráveis e, no momento da decisão do governador, recebeu quatro concessões sucessivas de liberdade condicional”, escreveram os juízes.
Nancy Tetreault, advogada de Leslie, espera que o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, peça à Suprema Corte estadual que revise a decisão do tribunal inferior de não dar liberdade.
O tribunal pode ordenar a soltura de Leslie enquanto o governador da Califórnia decide se concede a suspensão da pena ou não.
Relembre o caso
Van Houten tinha 19 anos quando ela e outros membros do culto esfaquearam os LaBiancas até a morte em agosto de 1969. Ela disse que espalharam o sangue do casal nas paredes.
Os assassinatos ocorreram um dia depois que outros seguidores de Manson – não incluindo Van Houten – mataram a atriz grávida Sharon Tate e quatro outras pessoas em uma violência que espalhou o medo por Los Angeles e cativou a nação.
Anthony DiMaria, cujo tio Jay Sebring foi morto junto com Tate, disse que a decisão dos juízes é a mais recente reviravolta dolorosa que as famílias das vítimas sofreram ao longo das décadas.
“Dizer que a decisão do tribunal de apelação é uma farsa da justiça é um eufemismo perverso”, disse DiMaria em um e-mail à Associated Press. “Quando você olha para a natureza profunda e horrível de seus crimes e as cicatrizes históricas que ela deixou na cultura americana, é inconcebível que um tribunal de apelação faça as pazes por Leslie Van Houten.”
Fonte: Agências