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Os lêmures, que ganharam fama mundial por conta da série de filmes Madagascar, podem desparecer da Terra em breve. Um estudo recente publicado no sábado (22) na revista Conservation Letters revelou que 12.900 destes animais, que são endêmicos do país insular africano, são abatidos e consumidos anualmente em restaurantes pelo mundo.
Esse número por si só já é alto, mas ganha ainda mais relevância quando se leva em conta que esses pequenos primatas com caudas peludas e olhos grandes estão seriamente ameaçados. Das mais de 100 espécies de lêmures conhecidas, mais de 95% correm risco de extinção, e três das oito famílias originais já foram extintas devido à perda de habitat e à caça insustentável. E, agora, o comércio de carne de lêmure também entra nessa lista.
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Na nova pesquisa, realizada entre 2022 e 2025 por uma equipe dos Estados Unidos e de Madagascar, foram entrevistadas 2.600 pessoas em 17 grandes cidades, incluindo participantes-chave na cadeia de suprimentos, como caçadores, compradores, vendedores e funcionários de restaurantes.
Os resultados mostraram que a carne de lêmure figura nos menus em mais de um terço das cidades analisadas. Mas enquanto 5,5% das vendas são feitas para restaurantes, a maior parte do comércio (94,5%) decorre em segredo entre fornecedores e “clientela de confiança”.
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Reportagem do Euronews destaca que o comércio é movido pelo lucro, com muitos consumidores dispostos a pagar mais pela carne de lêmure do que pela carne de animais de criação. “Eu como porque sei que coisas assim mantêm a pessoa jovem”, afirmou um deles. “É o que se diz em segredo na floresta: mantém jovem por causa dos alimentos que eles comem.”
Segundo o estudo, os lêmures castanhos, classificados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) como “vulneráveis”, e os lêmures-de-colar, “criticamente em perigo”, foram os mais consumidos.

Os pesquisadores defenderam que essa crise exige mais do que os esforços habituais de conservação. “Sem uma abordagem abrangente, assente em dados, os mamíferos mais ameaçados do mundo podem em breve ser comidos até à extinção”, garantiram.
A sugestão deles para lidar com o problema é aplicar leis mais rigorosas contra as armas de fogo ilegais – usadas para caçar os animais -; fazer campanhas dirigidas para reduzir a apetência pelo consumo, inclusive enfatizando as preocupações de segurança alimentar, como a transmissão de doenças zoonóticas, e cortar o abastecimento, oferecendo aos caçadores alternativas viáveis que lhes garantam um rendimento estável.
Fonte: Um Só Planeta