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Um juiz federal processou nesta quinta-feira (7) a ex-presidente e atual senadora argentina Cristina Kirchner por supostamente encobrir os iranianos acusados do atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) de Buenos Aires em 1994 e pediu ao Senado que vote a retirada de sua imunidade parlamentar para que ela possa ser detida. A informação é da agência de notícias EFE.
O juiz Claudio Bonadio tomou esta medida ao considerar que Cristina pode obstruir o caso, aberto após denúncia de encobrimento que o procurador Alberto Nisman fez em janeiro de 2015 contra ela e vários membros do seu governo quatro dias antes de ser encontrado morto em circunstâncias que ainda estão sendo investigadas, segundo a agência de notícias estatal argentina Télam.
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Nisman afirmava que um entendimento assinado entre a Argentina e o Irã em 2013 para investigar conjuntamente o atentado contra a Amia, que deixou 85 mortos e continua impune, tentava na verdade encobrir os suspeitos do ataque, entre eles o ex-presidente iraniano Ali Akbar Rafsanjani e o ex-chanceler Ali Akbar Velayati, para favorecer o intercâmbio comercial bilateral.
Após a morte do procurador, sua denúncia foi arquivada, mas o caso foi reaberto no final de 2016 e posteriormente anexado a outro por suposta traição à pátria, também com eixo no polêmico acordo, que está nas mãos de Bonadio.
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“Ponto morto”
“Não tivemos nenhum outro propósito ao assinar o Memorando de Entendimento além de conseguir um avanço mediante a tomada de declarações dos acusados iranianos, única forma de a investigação em curso sair do ponto morto em que se encontra”, expressou Cristina em um escrito apresentado a Bonadio.
A ex-presidente, envolvida em vários processos judiciais, obteve uma cadeira no Senado nas eleições legislativas de 22 de outubro e assumiu o cargo no último dia 29 de novembro, o que lhe dá privilégios parlamentares e a impossibilita de ser detida. O Senado deverá decidir agora se atende à solicitação de Bonadio de retirar esses privilégios, para o qual será necessário o “sim” de dois terços dos senadores.
A viúva do também ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) acusa há muito tempo o governo de seu sucessor, Mauricio Macri, de usar o Poder Judiciário para perseguir opositores e de querer um “Parlamento submisso”, no qual os legisladores votam o que os governistas querem.
O atentado contra a Amia, que a comunidade judaica atribui ao Irã e ao grupo xiita Hezbollah, foi o segundo ataque contra judeus na Argentina, após 29 pessoas morrerem em 1992 na explosão de uma bomba em frente à embaixada de Israel em Buenos Aires, um caso que também não foi esclarecido.
Fonte: Agência Brasil