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O corpo de Hayssa Alves de Souza Andrade, de 21 anos, baleada na noite desta quinta-feira em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, apresenta 36 perfurações por arma de fogo. Segundo o delegado Fábio Cardoso, titular da Divisão de Homicídios (DH), que investiga o caso, o laudo cadavérico apontou a existência de 22 ferimentos de entrada, e outros 14 de saída. Várias das marcas de tiro encontram-se nos dois braços, caracterizando uma tentativa de se defender dos disparos. Além disso, parte das balas transpassou a vítima — um mesmo projétil, portanto, pode ter causado duas ou mais perfurações.
O cabo Jorge Luiz da Silva, de 38 anos, lotado no Centro de Controle Operacional (Cecopom) da Polícia Militar, foi preso em flagrante por agentes do 40º BPM (Campo Grande) logo após o crime. Os PMs também apreenderam uma pistola Taurus calibre 280 que Jorge Luiz tentava jogar sobre um muro, junto com a documentação referente à propriedade da mesma. Pessoas que presenciaram o homicídio relataram que o policial descarregou a arma contra Hayssa depois de um desentendimento. Ainda de acordo com o delegado Fábio Cardoso, a pistola tem capacidade para armazenar até 19 projéteis, além de um na câmara da arma, o que indica a possibilidade de terem sido feito até 20 disparos.
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Ouvidas na sede da DH, testemunhas presenciais contaram que Hayssa participava de uma confraternização com duas amigas. Jorge Luiz, que estava no mesmo evento e não conhecia a jovem até então, teria tentado se aproximar do trio, mas acabou rechaçado. Mais tarde, pouco antes da meia-noite, uma das colegas da vítima plugou o celular na caixa de som e passou a escolher as músicas. Insatisfeito com o funk que tocava, chamado por ele de “música de bandido”, o policial deu início a uma discussão.
Durante o bate-boca, o PM teria, por várias vezes, demonstrado estar armado, numa tentativa de intimidar o grupo. Hayssa, então, questionou: “Você vai me matar?”. Neste momento, ainda conforme o relato das testemunhas, Jorge Luiz sacou a arma e abriu fogo contra a jovem, deixando o local em seguida. Além dos ferimentos nos braços e antebraços, a vítima também foi alvejada nas coxas, no peito e na barriga.
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Os policiais que prenderam Jorge Luiz descreveram que o cabo parecia estar embriagado. Informalmente, ele afirmou aos agentes “ter feito uma besteira”. Ao ser interrogado na DH, porém, o PM se reservou o direito de permanecer calado. A especializada solicitou à Justiça a conversão da prisão em flagrante do suspeito em preventiva. Caso o pedido seja aceito na audiência de custódia, a ser realizada ainda nesta sexta-feira, o policial deve seguir para a unidade prisional da corporação, em Niterói. Até esta quinta-feira, Jorge Luiz não tinha nenhuma anotação ou histórico criminal.
— É importante frisar que, mesmo que não tenha havido uma confissão formal em depoimento, nós temos indícios suficientes, como o relato de várias testemunhas, para acreditar que foi ele o responsável pelo crime — disse o delegado Fábio Cardoso.
Fonte: Extra