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Um grupo armado da minoria rohingya matou mais de 50 hindus no mesmo dia em que atacou postos policiais em Mianmar em 2017, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (23/05) pela Anistia Internacional (AI). Os ataques contra as forças de segurança desencadearam uma repressão sangrenta do governo birmanês contra a minoria, e centenas de milhares fugiram para o Bangladesh.
No relatório, a Anistia Internacional citou testemunhas e análise forense de imagens para acusar o Exército de Salvação Rohingya de Arakan (Arsa), que luta pela autonomia do grupo étnico, de executar 53 homens, mulheres e crianças hindus no vilarejo de Ah Nauk Kha Maung, no estado de Rakhine, no oeste de Mianmar, em 25 de agosto passado.
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A organização de direitos humanos afirmou que testemunhas também relataram que o Arsa matou 46 hindus no vilarejo vizinho de Ye Bauk Kyar, que desapareceu no mesmo dia, e que insurgentes rohingya executaram seis hindus na aldeia de Myo Thu Gyi, em 26 de agosto.
“Nossa mais recente investigação na área ajuda a esclarecer abusos dos direitos humanos do Arsa, em grande parte subestimados, durante a história recente e indescritivelmente sombria no norte de Rakhine”, disse Tirana Hassan, diretora de resposta a crises da Anistia.
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O governo de Mianmar, um país de maioria budista, acusou os insurgentes da minoria muçulmana rohingya de matar hindus em Ah Nauk Kha Maung no mesmo dia em que o Arsa realizou ataques coordenados contra postos policiais espalhados pelo estado de Rakhine.
Mas as acusações contra o Arsa foram rapidamente ofuscadas pela resposta violenta do governo aos ataques contra a polícia local. Desde agosto, as forças de segurança expulsaram cerca de 700 mil civis rohingya, que fugiram para o vizinho Bangladesh – na época, organizações de direitos humanos e as Nações Unidas classificaram a medida de “limpeza étnica”.
As acusações do governo de Mianmar também pareciam não ter credibilidade depois que repórteres estrangeiros ouviram histórias conflitantes sobre quem cometeu o suposto massacre de sobreviventes hindus que fugiram para Bangladesh junto com os refugiados rohingyas. A mídia internacional não pôde verificar as informações porque o governo birmanês proibiu a entrada de jornalistas estrangeiros no estado de Rakhine.
A Anistia Internacional relatou que membros do Arsa ameaçaram sobreviventes para impedi-los de falar. “Testemunhas afirmaram inequivocamente que rohingyas, supostamente combatentes do Arsa, eram os responsáveis [pelo massacre]”, disse a organização.
O Exército de Salvação Rohingya de Arakan não respondeu às acusações da Anistia Internacional. O porta-voz do governo de Mianmar, Zaw Htay, disse à agência de notícias Reuters que não comentaria o relatório porque ainda não o havia lido.
O Conselho de Segurança da ONU vem pedindo à maioria budista em Mianmar que permita que os refugiados retornem com segurança às suas casas, e que atue para acabar com as décadas de discriminação contra a minoria muçulmana.
Em novembro passado, os governos de Bangladesh e Mianmar assinaram um acordo para repatriar milhares de rohingyas, mas as autoridades dizem que o processo tem sofrido atrasos devido a problemas organizacionais.
Fonte: Yahoo!