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Em 2023, incêndios de grandes proporções devastaram as florestas do Canadá. E, agora, um estudo realizado pela NASA revelou o que impacto que tiveram no clima. Pelos dados coletados, essas queimadas liberaram cerca de 640 milhões de toneladas métricas de carbono na atmosfera entre maio e setembro.
Isso é comparável em magnitude às emissões anuais, provenientes da queima de combustíveis fósseis, de uma grande nação industrializada. Para se ter uma ideia, no período analisado, os incêndios canadenses liberaram mais carbono do que a Rússia ou o Japão emitiram resultante da queima de petróleo, gás e carvão no ano anterior, 2022 (cerca de 480 milhões e 291 milhões de toneladas métricas, respectivamente).
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A equipe envolvida no trabalho, liderada por cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da agência espacial dos Estados Unidos, usou observações de satélite e computação avançada para quantificar as emissões.
Um instrumento da Agência Espacial Europeia (ESA) projetado para medir a poluição do ar observou as plumas de incêndio sobre o Canadá. O TROPOspheric Monitoring Instrument (TROPOMI) voa a bordo do satélite Sentinel 5P, que orbita a Terra desde 2017. Ele tem quatro espectrômetros que medem e mapeiam gases traços e partículas finas na atmosfera.
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Os cientistas começam o trabalho analisando o resultado final dos incêndios, ou seja, a quantidade de monóxido de carbono (CO) no ar. Depois, “recalcularam” quão grandes as emissões devem ter sido para produzir essa quantidade de CO. Eles, então, foram capazes de estimar quanto CO2 foi liberado com base nas proporções entre os dois gases nas plumas de incêndio.
“O que descobrimos foi que as emissões de incêndio foram maiores do que qualquer coisa registrada no Canadá”, disse Brendan Byrne, cientista do JPL e autor principal do novo estudo.
Para explicar o porquê disso, os autores citaram condições de “caixa de pólvora” nas florestas. Dados climáticos revelaram a temporada de incêndios de 2023 foi mais quente e seca desde pelo menos 1980. As temperaturas na parte noroeste do país, que concentrou 61% das emissões de incêndios, estavam mais de 2,6ºC acima da média de maio a setembro. Já a precipitação estava mais de 8 centímetros abaixo da média durante grande parte do ano.
Impulsionados em grande parte por essas condições, muitas das queimadas tomaram grandes proporções. Também foram generalizadas, carbonizando cerca de 18 milhões de hectares de floresta, da Colúmbia Britânica, no oeste, até Quebec e as províncias do Atlântico, no leste. A área de terra queimada foi mais de oito vezes a média de 40 anos e representou 5% das florestas canadenses.
“Alguns modelos climáticos projetam que as temperaturas que vivenciamos no ano passado se tornarão a norma por volta de 2050”, salientou Byrne. “O aquecimento, juntamente com a falta de umidade, provavelmente desencadeará atividade de incêndios no futuro.”
Caso essa condição se torne normal no Canadá, a situação pode impactar o clima de todo o planeta. Isso porque as vastas florestas do país compõem um dos importantes sumidouros de carbono globais, o que significa que elas absorvem mais CO2 da atmosfera do que liberam.
Os cientistas observaram que ainda não se sabe se as florestas canadenses continuarão a absorver carbono em um ritmo rápido ou se o aumento da atividade de incêndios pode compensar parte da absorção, diminuindo a capacidade de prevenir o aquecimento climático.
Fonte: Um Só Planeta