19 de setembro, 2024

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Incêndio mortal em Gaza revela capacidade precária dos bombeiros

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“Se tivéssemos equipamento e guindastes, o fogo teria sido controlado” e vidas teriam sido salvas, diz Alaa Habbub, testemunha de um incêndio recente, fatal para 21 pessoas e que ilustra o mau estado dos serviços de emergência em Gaza.

Em meados de novembro, um tanque de gasolina explodiu de repente em uma residência de três andares em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza.

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Uma multidão se reuniu em frente à casa, enquanto a fumaça se espalhava pelo edifício, acompanhada de gritos vindos de dentro. Os bombeiros foram ao local, mas não conseguiram controlar as chamas.

“Somos um povo bloqueado, exposto aos desastres e ao qual não se permite ter acesso ao material de socorro de que precisa”, afirma Alaa, de 21 anos.

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Desde que os islamitas do Hamas tomaram o poder em Gaza, em 2007, Israel impôs um bloqueio a este pequeno território palestino, de 2,3 milhões de habitantes, e restringiu a entrada de material chamado de “uso duplo”, ou seja, que pode, em sua avaliação, servir para fins militares.

Embora os carros regulares possam ser importados nestes territórios, não é o caso dos caminhões dos bombeiros e guindastes, explica à AFP a ONG israelense Gisha, especializada no estudo da lista deste material “de uso duplo”.

Os funcionários públicos israelenses, entrevistados pela AFP, confirmaram que caminhões dos bombeiros são considerados material de “uso duplo”, mas destacaram que Israel tinha dado luz verde à entrada, através do Egito, de um caminhão dos bombeiros doado pelo Catar em 2019.

Em Gaza, a Defesa Civil conta com cerca de 20 caminhões em condições de uso, mas apenas um é dotado de guindaste, o que traz problemas a um território densamente povoado, onde as construções são cada vez mais verticais.

Além da doação do Catar, estes veículos foram importados antes da imposição do bloqueio israelense.

Material adequado, sinônimo de vidas humanas

“Sofremos com uma escassez de equipamentos. Nosso melhor modelo de veículo foi fabricado em 1994, todos são velhos e estão desgastados. Se tivéssemos equipamentos melhores, poderíamos salvar vidas”, explica à AFP o chefe da Defesa Civil no enclave, o general Zuhair Shaheen.

“A ocupação (israelense) usa o pretexto do ‘uso duplo’ destes equipamentos. Mas asseguro-lhes que não há uso militar (por parte de facções armadas). Somos uma organização de serviço humanitário que tenta proteger e salvar a vida dos cidadãos”, acrescenta.

Após a tragédia em Jabalia, Shaheen obteve um apoio inesperado. Em um editorial, o grande jornal israelense Haaretz chamou o governo “a tomar medidas para melhorar os serviços anti-incêndios em Gaza”.

“Estes serviços precisam urgentemente de oxigênio, alavancas e trajes de bombeiros. Israel deve enviar estes equipamentos e permitir a entrada de outros materiais ali”, ressaltou o jornal.

Durante a guerra entre o Hamas e Israel, em maio de 2021, as equipes de socorro da Defesa Civil tiraram cadáveres dos escombros, especialmente na rua Al Wahda, intensamente bombardeada no centro de Gaza.

“Infelizmente, tiramos mortos, que poderiam ter sido retirados quando estavam feridos”, lamenta Mahmud Basal, encarregado da Defesa Civil, destacando a “falta de equipamento para detectar pessoas debaixo dos escombros e a falta de capacidade” para socorrê-los.

“Se tivéssemos tido mais ferramentas, teríamos salvo mais civis”, resume Shaheen.

Fonte: Yahoo!

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