24 de novembro, 2024

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Incêndio em santuário de araras azuis no Pantanal está controlado, mas ainda preocupa

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Estima-se que 80% do santuário de araras azuis do Instituto Arara Azul tenha sido queimado pelo fogo que atinge o Pantanal. A situação, no momento, está controlada devido à chuva e ao frio que chegaram na região nos últimos dias, mas há preocupação porque os troncos das árvores seguem em brasa.

“Aqui temos o exemplo de como as árvores grandes demoram, ficam queimando. Choveu bastante e aqui um tronco ainda soltando chamas. A hora que a chuva parar, isso pode reascender e continuar queimando”, disse Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul, ao ((o))eco.

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Ela acrescentou que o fogo faz parte da dinâmica do Pantanal, mas não com a intensidade atual. “Nós já enfrentamos vários incêndios aqui ao longo dos anos. Este é sem precedentes. Ele foi muito forte, queimou demais em uma escala muito grande. Em 48 horas as chamas varreram tudo.”

O maior santuário de araras azuis Anodorhynchus hyacinthinus do mundo fica na fazenda Caiman, no município de Miranda, em Mato Grosso do Sul. E esta é uma época delicada para o local ter sido consumido pelas chamas. Isso porque é o início do período reprodutivo das aves, quando os casais buscam as cavidades naturais das árvores ou ocupam as caixas (ninhos artificiais) instaladas também nas árvores para procriar.

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Segundo o ((o))eco, pelo menos dez caixas/ninhos foram queimadas. “No momento do fogo nós tínhamos 21 ovos em ninhos ocupados pelos casais de araras-azuis aqui na Caiman. Dois foram perdidos. As araras continuam incubando os ovos e alguns ninhos não foram atingidos pelo fogo. Agora é aguardar e ver se os filhotes vão sobreviver, porque teve muita fumaça”, explicou Guedes.

Impacto de incêndio nas araras ainda precisará ser dimensionado (Foto: Divulgação)

Consequência do fogo para os animais

Os incêndios impactam de diversas formas as araras-azuis. A primeira é que consomem seus ovos e, também, os locais onde eles são botados. Além disso, a fumaça gerada pelos incêndios florestais afeta os embriões dentro do ovo e o fogo queima as fontes de alimento das aves – elas consomem principalmente castanha de coco da palmeira acuri e de bocaiuva.

“O impacto é maior do que só a consequência imediata da passagem do fogo que queima ninhos, árvores, ovos, equipamentos. O impacto se estende por anos depois dos incêndios. Temos resultados de pesquisas feitas em anos anteriores onde, como consequência dos incêndios, nasceram filhotes debilitados, com baixa imunidade, desenvolvimento de lesões na pele e até morrendo. Diminui a taxa de reprodução, diminui a taxa de sobrevivência”, enfatizou a presidente do Instituto Arara Azul.

Depois que o fogo passa, as aves precisam de muito esforço para garantir a reprodução. Na verdade, toda a fauna pantaneira precisa gastar energia para sobreviver, buscar água e comida.

Cuidado com outras espécies

Na Caiman, vivem outras espécies de animais. Há um ano, o Instituto Tamanduá foi convidado pelo proprietário do local, Roberto Klabin, para montar uma base de campo e pesquisa na fazenda. A equipe estava na fase de levantamento e instalou 30 câmeras trap na Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Dona Aracy para fazer o primeiro mapeamento da fauna.

Agora, no esforço de mitigar os efeitos do incêndio, a prioridade está sendo um ambulatório para tratar animais feridos e a construção de recintos para abrigar os que estão em recuperação.

“No fogo, o mais importante para sobrevivência do animal é fazer o primeiro atendimento, estabilizar esse animal. Ele desidrata muito rápido. Aqui a gente vai ter condições de fazer bastante coisa: hidratar o animal, fazer atendimento de sutura, microcirurgia, curativos, medicação. Se o animal precisar de um atendimento de longo prazo, podemos enviá-lo para os recintos de recuperação indicados pelo Grupo de Resgate Técnico e Animal do Pantanal”, relatou a médica-veterinária Flávia Miranda.

Para Klabin, dono da Caiman, é hora de entender o momento climático, as mudanças e ameaças e buscar medidas de adaptação. “Acredito que o Pantanal pode se recuperar. O problema é a reincidência de grandes incêndios, então temos de aumentar a resiliência e adaptação”, salientou ao ((o))eco.

Ele complementou que irá buscar parcerias, dar apoio aos cientistas e encontrar juntos caminhos para que o Pantanal “continue sendo um lugar onde é possível experienciar a natureza”. “Temos de mostrar para o brasileiro e para o mundo que esse bioma tem vocação para turismo de observação de fauna, para produção de conhecimento científico, e principalmente, mostrar que existe ainda uma biodiversidade incrível que temos de conservar”, finalizou.

Fonte: Um Só Planeta

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