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Do espaço, imagens do satélite da Nasa registraram o antes e depois do apagão que atingiu a cidade de São Paulo na última sexta-feira (11). Em um registro obtido pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis) pouco antes do temporal é possível ver vários pontos luminosos, indicando a forte presença de luz na região. Outra imagem noturna, do dia 12 de outubro, um dia após a forte chuva, já mostra bairros inteiros da cidade às escuras.
São Paulo entrou, nesta segunda-feira, no terceiro dia de apagão. De acordo com o último comunicado da concessionária Enel, responsável pelo serviço, ainda há 537 mil casas e estabelecimentos comerciais sem energia elétrica. A empresa não estabeleceu prazo para a normalização do atendimento aos clientes.
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Apenas na capital paulista há cerca de 354 mil clientes estão sem luz. Entre os outros municípios impactados estão Cotia, com 36,9 mil clientes sem energia, Taboão da Serra, com 32,7 mil, e São Bernardo do Campo, com 28,1 mil.
Especialista em monitoramento ambiental por meio de satélites, o meteorologista Humberto Barbosa explica dois fatores principais podem ter provocado esse tipo de temporal. Um deles é a alta umidade na atmosfera; e o outro é a formação de um sistema de baixa pressão (cavado), que funciona como gatilho.
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— O verão está chegando. E o Brasil tem uma chance real de apagões. A crise de capacidade prevista para a geração de energia elétrica provavelmente vai nos atingir mais cedo do que o esperado. Isso em função do baixo volume de água nos reservatórios — afirma Barbosa. — A eletricidade não pode ser armazenada. A oferta deve atender a demanda de forma ininterrupta. Isso significa que o mercado de eletricidade tem que ser regulado com o devido rigor.
Três dias para reestabelecer a energia
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (14) que a Enel tem três dias para restabelecer a energia na Grande São Paulo após as fortes chuvas que atingiram a região no último final de semana. Silveira anunciou a criação de uma força-tarefa para auxiliar a empresa nos trabalhos de manutenção e também disse que as distribuidoras de energia serão penalizadas se não adotarem medidas para minimizar os efeitos de eventos climáticos extremos no fornecimento de energia.
O ministro voltou a tecer críticas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), a quem chamou de propagador de ‘fake news’ e afirmou que mais de 50% dos episódios de queda de energia foram causados por queda de árvores em sistemas de ‘média e baixa tensão’.
— Nos indigna muito que as pessoas que usam a rede social para fazer fake news, Ricardo Nunes aprendeu rápido com o Pablo Marçal, campeão das fake news, quando fez uma fake news dizendo que nós não tratamos da renovação com a Enel. A Enel vence o contrato em 2028 e tem ainda até 2026 para se manifestar sobre a renovação. Mais de 50% dos eventos foram causados por árvore caindo em cima do sistema de alta e baixa tensão em São Paulo — disse Silveira, destacando que a poda de árvores é de competência do poder municipal.
Em nota, a Enel informou que “até as 5h40 de hoje mais de 1,5 milhão de clientes que ingressaram chamados ao longo dos últimos dias tiveram o serviço normalizado’.
Segundo a concessionária, o trabalho para restaurar completamente o acesso à luz em determinadas áreas “é mais complexo, pois envolve a reconstrução de trechos inteiros da rede”. A empresa afirmou ainda, em comunicado divulgado na tarde de domingo, que “deslocou técnicos do Rio e do Ceará e está recebendo apoio de outros grupos de distribuição” para normalizar os serviços.
Além do apagão, o temporal com forte ventania em São Paulo deixou um rastro de sete mortes e de transtornos em serviços públicos e ao comércio. O impacto acabou transbordando ainda para a campanha eleitoral à prefeitura e gerou trocas de acusações.
Fonte: G1