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Após uma erupção do vulcão de lama Kumani Bank, localizado no Azerbaijão, uma ilha emergiu no Mar Cáspio no início de 2023. Sem ser notada pela população ou por navegantes, ela só foi reconhecida no final de 2024, graças a imagens de satélites. Porém, naquela altura, ela já havia sofrido um processo de erosão tão intenso que estava quase desaparecendo da vista novamente – e não demorou muito para que, de fato, estivesse completamente imersa.
Por mais misteriosa que essa história possa soar, os registros da região revelam que não é a primeira (e tampouco será a última) vez que esta porção de terra no meio da água aparece. Chigil-Deniz, como é conhecida a ilha fantasma, vive uma eterna partida de esconde-esconde com a humanidade, desde que foi originalmente descoberta em 1861.
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De acordo com o blog Earth Observatory, da Nasa, que divulgou as imagens capturadas pelos OLIs 1 e 2 a bordo dos satélites Landsat 8 e 9, nas últimas oito erupções do Kumani Bank, a emersão da ilha ocorreu associada a fortes explosões. Por isso, a surpresa de tamanha sutileza e discrição durante o seu aparecimento mais recente.
Vulcão de lama e formação de ilhas
Embora seja mais comumente associada aos gigantes montes terrestres que soltam lava (como o Kīlauea, nos EUA, que recebe a classificação oficial de “vulcão vermelho”), a palavra “vulcão” abrange uma série de formações geológicas de atividade vulcânica. Dentre elas, o vulcão de lama é o exemplar mais sutil dessas forças eruptivas, explica o site Popular Mechanics.
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Muito comuns perto dos limites das placas tectônicas na Itália, no Japão, em Trinidad e no Azerbaijão, esses vulcões são caracterizados por sua estrutura cônica argilosa. Eles se formam à medida que o gás acumula pressão dentro da Terra e seus escapes contêm metano, gases não combustíveis, vapor de água e lama.
Geralmente, essas formações são mais silenciosas do que seus primos explosivos, mas isso não significa que sejam menos poderosos. Além de liberar material suficiente para empurrar a crista do vulcão de lama acima da superfície, criando uma ilha, uma erupção violenta pode formar pilares de chamas de 500 a 1000 metros de altura.
Especificamente no Azerbaijão, estima-se que existam quase 300 vulcões de lama. Por lá, as explosões tendem a ser particularmente perigosas por conta de uma ligação com o vasto sistema de hidrocarbonetos da Bacia do Cáspio Sul – o qual está repleto de gases inflamáveis.
Histórico de Chigil-Deniz
A ilha fantasma foi primeiro registrada pelos especialistas em maio de 1861, quando um terreno de apenas 87 metros de largura e 3,5 metros acima da água emergiu no Mar Cáspio, a cerca de 20 km da costa. Ela pôde ser observada até o início de 1862.
De lá para cá, pelo menos outras sete aparições foram oficialmente documentadas (1927, 1928, 1939, 1950, 1959, 1993 e 2001). A erupção mais forte e notável de Kumani Bank ocorreu em 1950, quando chegou a produzir uma versão da ilha com 700 metros de largura e 6 metros de altura.
Mark Tingay, geólogo da Universidade de Adelaide, na Austrália, foi quem, por fim, notou o ressurgimento de Chigil-Deniz e o divulgou em suas redes sociais. “É incrível que, na atual era da informação, em que todos estão tão instantaneamente conectados, ninguém a tenha percebido”, escreveu.
Com base nas imagens dos OLIs 1 e 2, o especialista estima que a ilha emergente apareceu de repente em algum momento entre 30 de janeiro e 4 de fevereiro de 2023. Desta vez, ela devia ter aproximadamente 400 metros de largura. Este post no Threads feito pelo pesquisador ajuda a entender mais detalhes deste curioso tipo de fenômeno vulcânico.
Fonte: Galileu