15 de julho, 2025

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Icônicos lagos salgados cor-de-rosa da Austrália estão mudando de cor; entenda o motivo

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Entre as paisagens áridas e costeiras da Austrália Ocidental, os lagos salgados cor-de-rosa sempre se destacaram. Com várias tonalidades, eles encantam turistas e pesquisadores há séculos. Mas toda essa beleza incomum vem desaparecendo.

Dois dos lagos rosa mais emblemáticos da região estão perdendo a sua cor característica ao longo dos últimos 20 anos devido às mudanças climáticas e à extração excessiva de recursos, informa a NatGeo. “Lagos salgados não fazem sentido para os humanos”, disse Angus Lawrie, biólogo conservacionista da Universidade Curtin, em Perth. “Eles não operam em uma escala de tempo que compreendemos e, por isso, frequentemente os negligenciamos como ecossistemas importantes. Mas seu potencial como um ambiente produtivo e biodiverso é enorme quando realizado.”

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O especialista apontou esses locais como áreas de alimentação para aves nômades e migratórias, como o pernalta-listrado e o alfaiate- de-pescoço-vermelho, e como abrigo a uma variedade de fauna invertebrada, como o camarão-de-salmoura.

Dunaliella salina (em laranja) (Foto: Wikimedia Commons)

Recuperação à vista

A Austrália possui vários lagos salgados e das mais variadas cores. Os com as condições mais extremas são os rosas, coloração que é resultado da presença de um par de extremófilos: Dunaliella salina, um tipo de microalga, e Salinibacter ruber, uma bactéria halofílica. Quando expostos à luz solar, esses organismos produzem betacaroteno, o mesmo pigmento que dá cor às cenouras, lagostins e flamingos.

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A NatGeo salienta que, como extremófilos, D. salina e S. ruber sobrevivem em condições impossíveis para a maioria dos organismos vivos. É por isso que prosperam nos lagos brilhantes, quentes e hipersalinos da Austrália Ocidental. Mas, com a introdução do que seriam consideradas condições mais favoráveis para muitos organismos – abundância de água doce e nutrientes –, seus níveis despencam, impactando na cor dos lagos.

Um dos que perdeu a tonalidade foi o Lago Rosa, nos arredores de Esperance, ao longo da costa sul do estado. Isso se deu após a exploração excessiva de sal, que reduziu a sua salinidade. Os extremófilos, então, perderam sua base biológica e deram lugar à organismos fotossintetizantes verdes, como bactérias verde-azuladas e o gênero de diatomáceas Navicula. O resultado foi que o lago adquiriu um tom azul-acinzentado no início dos anos 2000 e permaneceu assim desde então.

Além dele, no início deste ano, o Lago Hillier, que fica na costa de Esperance, na Ilha Middle, parte do Arquipélago Recherche, também deixou de ser rosa-chiclete. Neste caso, isso se deu por conta de uma chuva sem precedentes que despejou grandes quantidades de água doce no lago, reduzindo sua salinidade e permitindo que organismos fotossintetizantes verdes superassem os extremófilos. Os cientistas acreditam que a chuva seja resultado das mudanças climáticas causadas pelo homem.

A boa notícia é que especialistas acreditam que os lagos podem voltar a florescer em tons de rosa por meio de intervenções direcionadas e de deixar a natureza seguir seu curso.

Em se tratando do Lago Hillier, Tilo Massenbauer, cientista ambiental aplicado que estudou os lagos, observou que o processo natural de mudança nos níveis de salinidade o tornará rosa novamente em um período de cinco a dez anos.

Já em relação ao Lago Rosa, ele disse que esforços humanos mais diretos são necessários. Indicou que a natureza eventualmente o tornaria rosa de novo, mas isso poderia levar mais de mil anos. Sua solução, então, é a seguinte: bombear o sal do vizinho Lago Warden, que tem aproximadamente meio milhão de toneladas em excesso, acumulado como subproduto de operações agrícolas próximas.

Um esforço já está em andamento para que isso aconteça e, caso realmente se concretize, Massenbauer estima uma recuperação total de sal e, consequentemente, da cor rosa, em menos de uma década.

Nik Callow, hidrólogo da Escola de Agricultura e Meio Ambiente da Universidade da Austrália Ocidental, disse à NatGeo que o que está acontecendo com os lagos rosados da Austrália Ocidental é um exemplo poderoso de como os humanos podem passar de quebrar coisas a tentar consertá-las.

“Tivemos uma era de desenvolvimento – a era da industrialização – em que os humanos se concentravam na conquista da natureza e no uso extrativista dos recursos naturais”, pontuou. “Agora, estamos tentando entrar em uma era de reparação”, completou.

Pink lake, ou Lago rosa, um dos mais famosos da Austrália (Foto: Um Só Planeta)

Fonte: Um Só Planeta

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