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Às vésperas da COP30, o secretário-geral da ONU, lançou um dos alertas mais enfáticos desde o Acordo de Paris. Em entrevista à Agência Brasil, ele afirmou que a humanidade não conseguirá cumprir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, e que os países precisam “reconhecer o fracasso” para, então, iniciar uma nova fase de ação climática concreta.
“Vamos reconhecer o nosso fracasso. Mas ainda podemos evitar as piores consequências se agirmos agora”, declarou Guterres.
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Segundo ele, a ultrapassagem desse limite trará “consequências devastadoras”, entre elas o derretimento dos mantos de gelo da Groenlândia e da Antártica Ocidental, o colapso dos recifes de corais e, principalmente, o risco de a Floresta Amazônica se transformar em uma savana degradada. “Não queremos ver a Amazônia como uma savana. Mas este é um verdadeiro risco se não mudarmos de rumo e reduzirmos drasticamente as emissões”, afirmou o secretário-geral, nas referidas entrevistas.
Guterres reforçou que as comunidades indígenas precisam ocupar um papel central nas negociações climáticas. Para ele, esses povos “são os melhores guardiões da natureza” e representam um modelo de convivência sustentável que o mundo deve aprender a respeitar.
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O secretário-geral também reconheceu que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) apresentadas pelos países estão muito aquém do necessário. Segundo ele, os compromissos atuais “não chegam a 10%” do corte global exigido para manter viva a meta de 1,5 °C, quando seriam necessários cerca de 60% de redução das emissões até 2035, conforme destacou na entrevista à Sumaúma.

Fim da “guerra contra a natureza”
Guterres defendeu que a COP30, a ser realizada em Belém em novembro, precisa marcar o fim da “guerra contra a natureza” e se tornar um ponto de virada. Também condenou a continuidade de investimentos em combustíveis fósseis, chamando-os de “um desperdício de dinheiro e de tempo”, como relatou a Sumaúma.
“Não poderemos queimar todos os combustíveis fósseis já descobertos. Fazer novos investimentos nessa área é cavar o próprio colapso”, alertou o secretário-geral.
No último dia 20 de outubro, o Governo do Brasil, por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), concedeu a licença de operação à Petrobras para perfuração no bloco FZA‑M‑59, que está na bacia da Foz do Amazonas, e é considerado uma fronteira de petróleo. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que a licença concedida foi resultado de uma decisão técnica.
Para Guterres, a floresta está próxima de pontos de não retorno, e a COP30 será o teste definitivo da capacidade global de transformar discursos em ação. “Chegou a hora da verdade. Precisamos de planos, financiamento e coragem política. O mundo já não tem tempo para promessas”, declarou.
Fonte: Um Só Planeta