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Combatentes descritos pelo Kremlin como “sabotadores” cruzaram a fronteira da Ucrânia para a região de Belgorod, o que levou a uma operação russa de “contraterrorismo”.
Após dois dias de combates, a Rússia diz ter cercado os insurgentes e matado mais de 70 deles, fazendo o restante recuar de volta para a Ucrânia.
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O país os expulsou como militantes ucranianos, mas Kiev afirma que eles fazem parte de dois grupos paramilitares anti-Kremlin.
De acordo com as autoridades ucranianas, são cidadãos russos da Legião da Liberdade da Rússia e do Corpo de Voluntários Russos (RDK, na sigla em inglês) que buscam criar uma “zona de segurança” para os ucranianos.
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Ambos os grupos foram descritos no passado como parte de uma legião internacional envolvida na defesa territorial da Ucrânia.
Andriy Yusov, da diretoria de inteligência de Kiev, afirmou que ambos os grupos estavam trabalhando “autonomamente no território da Rússia” e que os ucranianos não estavam envolvidos, enquanto a TV ucraniana disse que eles eram milicianos e “voluntários russos”.
O Corpo de Voluntários Russos ganhou destaque em março de 2023, participando de um ataque na região de Bryansk, na Rússia, que envolveu 45 pessoas.
Reportagens russas não confirmadas mencionaram tiros, vítimas e reféns, enquanto o RDK afirmou que havia cruzado a fronteira para convocar os russos a se rebelarem contra seu governo. O grupo disse que não havia feito reféns e recuou com segurança para o território ucraniano.
‘Mito da Rússia forte’
O líder deles é conhecido como Denis Kapustin ou Denis Nikitin, um nacionalista russo, e o grupo defende abertamente um estado russo monoétnico.
Em 2020, um site investigativo ucraniano alegou que ele tinha ligação com grupos neonazistas, e Nikitin falou no passado que pertencia a um movimento de hooligans do futebol.
O RDK acusa a oposição tradicional da Rússia de ficar em cima do muro na guerra da Ucrânia.
Outro membro do grupo, chamado Fortuna, disse à imprensa ucraniana em novembro passado que eles somavam 120 pessoas.
“Somos uma unidade voluntária, não somos recrutas ou militares contratados como os cidadãos ucranianos.”
A Legião da Liberdade da Rússia é uma organização bem diferente que luta ao lado das tropas ucranianas contra as forças russas. O grupo usa uma bandeira azul e branca, vista por parte da oposição russa como a bandeira da “Rússia livre”.
O líder do Corpo de Voluntários da Rússia, Denis Nikitin, disse que, embora ambos buscassem a “derrubada do regime de Putin”, os combatentes da legião estavam mais inclinados a se autodenominar centristas.
No entanto, em 22 de maio, a legião anunciou que havia “libertado” o vilarejo russo de Kozinka, do outro lado da fronteira ucraniana, a sudoeste de Belgorod.
“A Legião e o RDK continuam a libertar a região de Belgorod”, afirmou.
“Mais uma vez, o mito de que os cidadãos russos estão seguros e a Federação Russa é forte foi desconstruído”, acrescentou.
Em seguida, postou vídeos de balões carregando sua bandeira sobre Moscou.
O tamanho da legião não é claro, mas de acordo com seu site, o grupo afirma estar “lutando em total cooperação com as Forças Armadas da Ucrânia e sob a liderança do comando ucraniano”.
Um membro conhecido como Caesar, que é indiscutivelmente seu soldado mais conhecido, insistiu que “não há pessoas na legião que foram forçadas a se juntar a ela” — e todos os membros eram soldados contratados da legião internacional da Ucrânia.
Embora ele tenha dito que um pequeno número eram soldados russos que se renderam às forças ucranianas, eles haviam feito isso justamente para mudar de lado.
Em resposta à decisão de Moscou de rotulá-lo como “organização terrorista”, o grupo indicou que havia sido denunciada antes como inexistente.
Há algumas dúvidas sobre o significado militar dos dois grupos. O especialista ucraniano Volodymyr Fesenko afirma que há várias unidades diferentes — e elas parecem ser mais sobre relações públicas do que ação de verdade.
O ex-parlamentar russo Ilya Ponamarev, que agora é cidadão ucraniano, disse no Facebook em agosto de 2022 que a legião, o corpo de voluntários e outro grupo chamado Exército Nacional Republicano haviam assinado uma declaração concordando com o objetivo comum de libertar a Rússia do governo de Vladimir Putin.
Fonte: BBC