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O presidente Nicolás Maduro e o opositor Juan Guaidó (foto), autoproclamado chefe de Estado interino, afinavam nesta quarta-feira (20) suas estratégias para o duelo de sábado pela ajuda humanitária: estão previstos dois shows a 300 metros da fronteira com a Colômbia, manifestações em toda a Venezuela e controle das fronteiras.
Guaidó anunciou que brigadas de voluntários vão buscar a ajuda em vários pontos nos estados de Táchira (oeste) e Bolívar (sul), fronteiriços com Cúcuta (Colômbia) e Roraima (Brasil), onde há centros de distribuição, e a Puerto Cabello e La Guaira – os dois principais portos do país.
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“Por mar e por terra… Devemos abrir o canal humanitário seja como for”, afirmou Guaidó, reconhecido por cerca de 50 países como presidente interino da Venezuela, diante de transportadores que lhe ofereceram apoio para as caravanas que vão buscar os remédios e os alimentos.
Mas o governo de Maduro ordenou a suspensão de partidas em todos os portos do país e determinou, ainda, o cessar dos voos privados e comerciais – além do fechamento marítimo – com Aruba, Bonaire e Curaçao, ilha onde também se armazena ajuda.
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“É um show que procura e pretende apenas a intervenção (militar) da Venezuela”, declarou a vice-presidente Delcy Rodríguez, ao anunciar o fechamento das fronteiras marítimas com Curaçao.
Guaidó, que também é chefe do Legislativo, convocou manifestações para acompanhar as caravanas e uma mobilização até as guarnições militares. O governo também convocou seus seguidores a irem às ruas.
“Apesar de nos apontarem armas (….) não temos medo, seguimos de peito aberto na rua, exibindo a liberdade de toda a Venezuela”, disse Guaidó, a quem o presidente Jair Bolsonaro garantiu nesta quarta-feira pelo Twitter que a ajuda estará à sua disposição.
Shows pró-Guaidó e pró-Maduro
Na véspera do dia ‘D’ será realizado em Cúcuta, em um extremo da ponte Tienditas, o show “Venezuela Aid Live” para arrecadar 100 milhões de dólares em ajuda, organizado pelo bilionário Richard Branson e ao qual irão os presidentes colombiano, Iván Duque, e chileno, Sebastián Piñera.
Em contrapartida, o governo anunciou concertos na quinta, na sexta e no sábado no outro extremo da mesma ponte, bloqueada por militares venezuelanos com caminhões de contêineres, e que liga Cúcuta a Ureña, em Táchira.
“O que fizerem do outro lado da fronteira é problema deles (…) Nós defenderemos nosso território”, disse nesta quarta à imprensa o líder chavista Darío Vivas na entrada da ponte.
Uma multidão é aguardada para o show em Cúcuta, que contará com artistas do porte dos espanhóis Alejandro Sanz e Miguel Bosé, o dominicano Juan Luis Guerra, os colombianos Carlos Vives e Juanes, e o porto-riquenho Luis Fonsi.
Ainda não foram anunciadas as atrações do show chavista, denominado ‘Hands off Venezuela’ (Tirem as mãos da Venezuela) e que inicialmente seria realizado na ponte Simón Bolívar, principal passagem de pedestres binacional que liga San Antonio de Táchira – a 15 km de Ureña – a Cúcuta.
“Não descartamos nada”
Mas a grande incógnita é como vão passar a carga se Maduro, apoiado pela Força Armada, rejeitou a ajuda por considerá-la uma “esmola” e uma porta de entrada à invasão militar americana.
“Senhores da Força Armada, têm três dias para se colocar ao lado da Constituição. Esta ajuda é para salvar vidas”, assegurou Guaidó.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não descarta uma ação armada na Venezuela e na segunda-feira advertiu os militares que continuam apoiando Maduro que “vão perder tudo”.
Altos comandos militares de Estados Unidos e Colômbia aumentaram a pressão nesta quarta-feira sobre os militares venezuelanos em um encontro, em Miami, no qual pediram-lhes para “fazer o correto” e permitir a entrada de ajuda humanitária ao seu país no sábado.
“A cada dia isto fica mais difícil, tudo está mais caro. Têm que deixar a ajuda entrar. Tem muita gente morrendo porque não consegue remédio”, disse Richard Quintero, de 19 anos, na ponte Simón Bolívar.
Em reação ao que considera uma ameaça, o governo de Maduro convocou os 46 países que o apoiam na ONU a pedirem juntos ao secretário-geral da organização, António Guterres, que “freie todos os chamados a uma solução militar” para pôr um fim à crise na Venezuela.
Em carta enviada aos representantes diplomáticos de países como China, Rússia, Irã, Coreia do Norte, Cuba e Nicarágua, obtida pela AFP, o governo de Maduro os convida a uma reunião na sexta-feira na missão da Venezuela na ONU com o chanceler Jorge Arreaza, “em favor da defesa da paz e dos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas”.
A missão venezuelana juntou ao convite o esboço de uma missiva que será dirigida Guterres e que espera que seja assinada pelos 46 países, além da Venezuela.
No rascunho, redigido por membros do governo, os países expressam preocupação com as ameaças de uso da força para tirar Maduro do poder, e pedem a Guterres que promova “não só uma solução política entre os venezuelanos, mas que freie todos os apelos a uma solução militar”, sem mencionar os Estados Unidos.
Também destacam aos países que podem apresentar emendas ao texto, se assim desejarem.
Angustiados pela escassez e pela hiperinflação voraz, todos os dias centenas de venezuelanos também passam por algumas das 30 passagens ilegais que, segundo a Polícia colombiana, ligam a Venezuela a Cúcuta.
“Não descartamos absolutamente nada”, disse Guaidó, perguntado se a ajuda pode passar por estes caminhos.
“Controle de danos”
Pela fronteira com a Colômbia “entra e sai todos os dias mercadoria debaixo do nariz das autoridades dos dois países, pela montanha, por trilha, pelo rio. Não tem como controlar essa gente se leva uma bolsa de ajuda humanitária”, afirmou o analista Luis Vicente León.
Maduro, que também enviará a Cúcuta alimentos e atendimento médico gratuito, anunciou que nesta quarta-feira chegam 300 toneladas de remédios comprados dos russos, após as 933 toneladas que entraram na semana passada, vendidas por China, Rússia e Cuba.
“É um ‘damage control’ (controle de danos). O governo não tem como ganhar este jogo, está buscando minimizar os danos”, avaliou León.
A Anistia Internacional pediu nesta quarta-feira que Maduro reconheça a grave crise socioeconômica e permita a entrada da ajuda humanitária ao seu país.
Guaidó, que diz esperar que os brigadistas cheguem a um milhão, marcou para a entrada da ajuda o dia em que completa um mês de ter se autoproclamadao presidente encarregado, depois de o Congresso declarar Maduro “usurpador”.
Fonte: Yahoo!