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A paralisação dos médicos residentes do Hospital das Clínicas (HC) de Botucatu (100 quilômetros de Bauru) chega nesta sexta-feira (18) ao terceiro dia. Além do reajuste no valor da bolsa de residência, eles lutam por melhores condições de trabalho. Ainda hoje, às 14h, a categoria realiza uma assembleia para decidir os rumos da greve.
Uma portaria interministerial de março deste ano concedeu aumento de 11,9% no valor da bolsa paga aos residentes. Com isso, dos atuais R$ 2.976,26, médicos e outros profissionais da área da saúde deveriam passar a ganhar R$ 3.330,43 por sessenta horas semanais.
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Segundo Gabriel Berg, residente em Infectologia no HC, o Estado de São Paulo foi o único que não homologou o reajuste. Como também não há previsão para que isso ocorra em 2017, em assembleia realizada no último dia 10, ele conta que a categoria decidiu entrar em greve.
A paralisação teve início na quarta-feira (16) e, de acordo com Berg, não atinge alguns setores como o de urgência e emergência, além das unidades coronariana e de AVC. “A gente paralisou as atividades ambulatoriais, exames eletivos e cirurgias eletivas também”, explica.
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O médico residente conta que o movimento pela valorização da residência médica teve início em setembro de 2015, com uma pauta de reivindicação que incluía desde a contratação de mais professores e médicos até o respeito à carga horária e reajuste da bolsa de residência.
Residência
A residência é uma espécie de treinamento em que estudantes atuam sob orientação de médicos formados. Hoje, o HC de Botucatu conta com 445 médicos residentes. A reportagem apurou que, em razão da paralisação, alguns pacientes tiveram consultas e exames cancelados.
Resposta
Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde, o HC de Botucatu informou que “a paralisação não afeta o funcionamento das unidades, uma vez que o atendimento prestado pelos residentes sempre é supervisionado por um médico”. Segundo a Secretaria da Saúde, a paralisação é pontual e atinge apenas o hospital.
“Em todas as demais unidades de saúde do estado não houve, até o momento, registro de paralisação de residentes”, afirma. “Com relação ao reajuste, a pasta já solicitou aos Ministérios da Saúde e da Educação repasses para poder atender o aumento no valor da bolsa dos residentes”. A Secretaria não informou, porém, quando isso deverá ocorrer.
O médico residente Gabriel Berg explica que, como parte da atividades do movimento de greve, os médicos residentes estão organizando protestos no campus da Unesp, com distribuição de panfletos explicativos, e campanhas de doação de sangue. Na quinta-feira (17), cerca de 70 residentes percorreram ruas e praças centrais de Botucatu para conversar com a população sobre a greve. Na próxima semana, eles pretendem realizar ações para arrecadar alimentos e livros para a biblioteca móvel do hospital.