28 março, 2024

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‘Grão milagroso’ senegalês surge como alimento saudável do futuro

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O fonio, um tipo de painço cultivado na África há milênios, é rico em nutrientes e aminoácidos, além de resistente à seca, qualidades com as que poderia conquistar o mundo, ávido de alimentos saudáveis, afirma o chef senegalês Pierre Thiam.

Este chef, um dos mais renomados do continente, espera que este “cereal milagroso” melhore a vida das populações do Sahel (uma faixa de território que vai do Senegal à Eritreia) e se imponha nos países desenvolvidos, afirmou na segunda-feira na conferência TEDGlobal 2017 (Technology, Entertainment and Design), em Arusha, Tanzânia.

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A meio caminho entre a sêmola de trigo e a quinoa, o fonio é cultivado no continente africano há cerca de 5.000 anos, segundo Thiam, que afirma tê-lo redescoberto no sudeste do Senegal há vários anos, quando escrevia um livro de receitas.

Segundo suas pesquisas, o fonio era tão apreciado que há rastros dele em túmulos egípcios, entre os alimentos que se colocavam para acompanhar os mortos no além.

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Os dogons, um grupo étnico do Mali, consideram que o universo se formou a partir de um grão de fonio.

Mas esse cereal caiu no esquecimento e hoje só é cultivado no oeste do Sahel, como em Kedugu, uma das regiões mais pobres do Senegal.

Thian atribui isso a uma “mentalidade colonial” que faz com que os senegaleses não valorizem seus cultivos locais e prefiram o arroz importado da China e, no caso dos mais endinheirados, os croissants da França.

“Existe um potencial agrícola inexplorado no Sahel, e basta mudar as condições do mercado para ativar esse potencial”, assegura o chef.

“O fonio cresce sem problemas em uma região sujeita à seca e à fome. Este pequeno grão poderia oferecer grandes respostas”, acrescenta.

Do Senegal a Nova York

O fonio precisa de muito pouca água e permite que os camponeses sobrevivam entre dois períodos de colheita.

O cultivo de fonio é “excelente para o meio ambiente”, visto que esse grão “tolera solos pobres e requer muito pouca água. Prospera onde não cresce nada”, explica Thiam.

Em 2016, o cozinheiro conseguiu que a rede americana de supermercados ecológicos Whole Foods comercializasse o cereal, e desde o mês passado este está disponível nas prateleiras da marca em Nova York.

Mas ainda existem muitos obstáculos para que o fonio se imponha no mercado florescente dos alimentos saudáveis.

Sua produção exige um processo trabalhoso de colheita manual, e é difícil manter sempre a mesma quantidade para poder comercializá-lo. Ainda assim, Thiam não perde a esperança.

A conferência TEDGlobal de Arusha, que acontece até quarta-feira, é uma vitrine de ideias, inovações e criatividade da África.

 

Fonte: Yahoo!

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