Anúncios
O Governo de São Paulo avalia que o surto de coronavírus deve durar “de quatro a cinco meses”. No entanto, as medidas restritivas adotadas pela administração estadual, como a suspensão das aulas e a restrição de eventos, não devem ser aplicadas durante todo este período.
A afirmação foi dada pelo coordenador do centro de contingência contra o coronavírus em São Paulo, o médico David Uip (foto), nesta segunda-feira (16).
Anúncios
“Nós entendemos que essa epidemia e essa onda vai durar de 4 a 5 meses, o que não quer dizer que as medidas restritivas necessariamente durarão tal tempo. A decisão será feita por um grupo de pesquisadores e cientistas extremamente experientes, juntamente com secretário de estado e governador”, disse David Uip.
“As pessoas me perguntam: vai ficar sem escola um mês, dois meses, quatro meses? O tempo que for necessário para conter a epidemia”, destacou Uip.
Anúncios
Nesta segunda-feira o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que o número de casos de Covid-19 no país deve começar a cair em julho, agosto ou “talvez até mais tarde”.
Reavaliação de testes laboratoriais
Ainda nesta segunda, o governo estadual disse que “vai avaliar” a nova recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que todos os casos suspeitos do novo coronavírus (Covid-19) sejam submetidos a exames laboratoriais. A afirmação foi feita pelo secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann.
Na sexta-feira (13) o governo de São Paulo havia anunciado que somente pacientes internados seriam submetidos ao teste laboratorial na rede pública e que o diagnóstico clínico seria adotado para outros casos suspeitos.
“Nos estávamos seguindo as próprias orientações da OMS. Ela alterou a forma de trabalho com relação aos testes que devem ser realizados para diagnóstico, nós vamos avaliar e daremos seguimento de acordo com aquilo que vamos fazer em obediência a OMS. Mas nós não estávamos esperando”, disse Germann em entrevista coletiva nesta segunda-feira.
Mais cedo, o diretor-geral da OMS frisou a necessidade de testar todos os casos suspeitos do novo coronavírus pelo mundo.
“Não se consegue combater um incêndio com os olhos vendados. Você não consegue parar essa pandemia se não souber quem está infectado”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS.
“Teste, teste, teste. Teste todo caso suspeito. Se for positivo, isole e descubra de quem ele esteve próximo.”
Testes laboratoriais
O coordenador do centro de contingência contra o coronavírus em SP, David Uip, também se disse surpreso com a orientação da OMS. Ele falou que a decisão de não realizar testes laboratoriais em todos os pacientes suspeitos partiu do Ministério da Saúde.
“Eu, por coincidência, ouvi a declaração a OMS e estou surpreso. Há uma diferença entre o mundo ideal e o mundo real: o mundo ideal é fazer o teste com o maior números de pessoas, o mundo real talvez não seja esse”, disse Uip.
“Então, conversando com o professor Paulo [Menezes, da Coordenadoria de Controle de Doenças de SP], que está aqui, se nesse momento nós precisamos fazer testes na cidade de são paulo nós teríamos uma quantidade de muito grande de testes.”
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/v/h/sjVRWjRJiezDnTVoYN3w/doria2.jpg?quality=70&f=auto)
Uip citou ainda que a decisão de priorizar o diagnóstico clínico, e não laboratorial, em locais onde o vírus já circula na população, foi tomada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
“Uma coisa é disponibilizar teste, a outra é realizar e fazer os testes. Existe uma decisão do ministério da saúde de que os testes devem ser feitos para indivíduos internados ou em clinicas sentinelas. Essa é a decisão de ontem do ministro que serve para o brasil inteiro. Então vamos ver como o ministro reage a essa situação, entendendo como é o mundo real e o ideal.”
Coronavírus em crianças
Ainda nesta segunda, a OMS anunciou que há registro de morte de crianças por causa do Covid-19.
“Esta é uma doença séria. Embora a evidência que temos sugira que aqueles com mais de 60 anos correm maior risco, jovens – incluindo crianças – morreram”, disse Tedros.
Ele não deu mais detalhes sobre o perfil das vítimas. Entretanto, até esta segunda, a OMS não havia divulgado a morte de crianças pelo novo coronavírus.
Ao lado do governador João Doria, o médico David Uip destacou que é preciso ter calma na interpretação da informação divulgada pela OMS.
“O relato é que existe caso de morte em criança. Qualquer epidemia, pandemia, você afeta toda a sociedade, mas nessa situação você trabalha com incidência e prevalência. Neste momento, e isso reflete tudo que foi publicado até agora, o grupo vulnerável são aqueles acima de 60 anos, sobretudo quem tem alguma comorbidade. Faltou a OMS explicar quem são as crianças e aonde.” – David Uip, coordenador do centro de contingência contra coronavírus em SP
“Eu já recebi centenas de WhatsApps de mães preocupadas. Nós temos que ter muita cautela, muito cuidado na interpretação de dados. Os trabalhos científicos até agora mostram de forma muito clara um grupo vulnerável e as crianças não fazem parte desse grupo.”
Recomendação da OMS
Nesta segunda, a diretora técnica da OMS Maria van Kerkhove voltou a aconselhar que sejam mantidas as estratégias de contenção. “(É preciso) achar todos os casos e seguir todos os contatos e testar os contatos. Dá para parar a transmissão entre as pessoas”, disse Maria.
Os diretores da OMS recomendaram que todos os casos, até os leves, sejam isolados em centros de saúde, mas reconhecem que isso não é possível para todos os países, já que alguns não têm a capacidade de adotar essa medida. Nesses casos, os países devem priorizar pacientes mais velhos e aqueles com doenças pré-existentes, segundo a organização.
“Alguns países expandiram a capacidade usando estádios e academias para tratar casos leves, com casos severos e críticos tratados em hospitais. Outra opção é que pacientes com casos leves sejam isolados e cuidados em casa”, disse Tedros.
O diretor-geral também reconheceu que esta última medida pode colocar em risco outras pessoas na mesma casa, então é muito importante que essas pessoas sigam as recomendações da OMS sobre como fazer o isolamento adequado.
Fonte: G1