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À medida que o clima fica mais quente, a geleira Thwaites, conhecida como a geleira do “fim do mundo”, deve derreter mais rápido do que o esperado. A constatação é de um estudo realizado por pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido, das instituições British Antarctic Survey (BAS), US National Science Foundation e do Natural Environment Research Council.
Antes do início deste trabalho, batizado de International Thwaites Glacier Collaboration (ITGC), pouco se sabia sobre os mecanismos que controlavam o recuo dessa enorme formação glacial, localizada na Antártida Ocidental.
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Agora, constatou-se que grande parte da Thwaites poderá ser perdida até o século 23. Segundo a equipe envolvida, essa formação glacial é excepcionalmente vulnerável porque seu gelo repousa sobre um leito muito abaixo do nível do mar, que desce em direção ao coração da Antártida Ocidental.
“Thwaites vem recuando há mais de 80 anos, acelerando consideravelmente nos últimos 30 anos, e nossas descobertas indicam que deve recuar ainda mais e mais rápido”, destacou segundo Rob Larter, da coordenação científica do ITGC e geofísico marinho do British Antarctic Survey (BAS).
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A geleira abrange uma área equivalente à ilha da Grã-Bretanha ou ao estado americano da Flórida, e em alguns lugares tem mais de 2 mil metros de espessura. Ela tem aproximadamente 120 km de diâmetro, o que a torna a geleira mais larga do planeta. É também uma pedra fundamental da camada de gelo da Antártida Ocidental, e elevaria o nível do mar em 3,3 metros se tudo derretesse.
Pelos dados do ITGC, que usou tecnologia avançada, como robôs subaquáticos, novas técnicas de pesquisa e novas abordagens para modelagem de fluxo e fratura de gelo, o volume de gelo fluindo para o mar a partir dela e suas geleiras vizinhas mais que dobrou entre as décadas de 1990 e 2010, e a região mais ampla, chamada de Amundsen Sea Embayment, é responsável por 8% da taxa atual de elevação global do nível do mar de 4,6 mm por ano.
“É preocupante que os modelos de computador mais recentes prevejam uma perda contínua de gelo que se acelerará ao longo do século 22 e poderá levar a um colapso generalizado da camada de gelo da Antártida Ocidental no século 23”, observou Ted Scambos, coordenador científico do ITGC nos Estados Unidos e glaciologista da Universidade do Colorado.
Ele acrescentou que “a intervenção climática imediata e sustentada terá um efeito positivo, mas retardado, particularmente na moderação do fornecimento de água quente do oceano profundo, que é o principal impulsionador do recuo”.
Os pesquisadores sinalizaram que uma questão-chave sem resposta é se a perda da Geleira Thwaites já é irreversível, conforme destaca reportagem do portal Phys.
Quedas de neve pesadas, por exemplo, ocorrem regularmente na Antártida e ajudam a repor a perda de gelo, explicou Michelle Maclennan, cientista do clima da Universidade do Colorado, durante coletiva de imprensa. “O problema, porém, é que temos esse desequilíbrio: há mais perda de gelo ocorrendo do que a queda de neve pode compensar”, disse ela.
O aumento da umidade na atmosfera do planeta, causado pelo aquecimento global que evapora as águas oceânicas, pode resultar em mais neve na Antártida – pelo menos por um tempo. Mas, em um certo ponto, espera-se que isso mude para chuva e derretimento da superfície do gelo, criando uma situação em que a geleira está derretendo de cima para baixo. A rapidez com que isso acontece, no entanto, dependerá em parte do progresso das nações para desacelerar as mudanças climáticas.
Fonte: Um Só Planeta