15 de novembro, 2024

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Gata que viajava com brasileiro morto na Argentina nasceu no interior de SP e tinha Kombi como casa desde os 6 anos

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O brasileiro Dennis Cosmo Marin, que morreu nas proximidades de Ushuaia, na Argentina, após um bloco de gelo se romper do teto de uma caverna e atingir seu corpo, relatava com frequência nas redes sociais como sua gata de estimação Lince, de 10 anos e nascida em Sorocaba, interior paulista, era uma “companheira única” de viagem e tinha a Kombi como sua casa.

Segundo a reportagem apurou, após o acidente, Lince ficou com uma amiga de Dennis na Argentina e deve ser encaminhada para a família do paulistano.

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Dennis Cosmo Marin viajava de Kombi com a gata Lince desde 2018 — Foto: Reprodução/Redes sociais
Dennis Cosmo Marin viajava de Kombi com a gata Lince desde 2018 (Foto: Reprodução/Redes sociais)

O publicitário paulistano tinha 37 anos e morreu em uma área de acesso proibido conhecida como “Cueva de Jimbo”, ou Caverna de Gelo, dentro do Parque Nacional da Tierra del Fuego, na quarta-feira (2).

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o momento em que o grupo que ele estava avançou para o interior da caverna, onde havia uma placa “Alerta. Não entre.” (Veja abaixo).

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Desde outubro de 2018, Dennis e Lince estavam viajando de Kombi pela América do Sul, o que chamava atenção dos internautas pelo animal ter “espírito aventureiro” e se adaptar facilmente nos novos lugares.

O brasileiro tinha um perfil no Instagram chamado ‘Ô de Kombi’, onde se apresentava como contador de “stories” e mensageiro “natural de coisas naturais”. Além disso, dizia que estava “em busca de autonomia”.

Dennis Cosmo Marin viajava de Kombi com sua gata de estimação — Foto: Reprodução/Redes sociais
Dennis Cosmo Marin viajava de Kombi com sua gata de estimação (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Quatro meses após iniciar a jornada pelas estradas, Dennis compartilhou que a gata tinha a Kombi como casa muito antes dele de começarem a viajar. No relato, ele ainda revela que o portão da ‘casa’ passou a ser a porta traseira do veículo.

“Nascida em Sorocaba, aos 6 anos embarcou em uma grande aventura de kombi. Antes disso, o costume de Lince era dormir quase o dia todo, comer um montão, tomar um solzinho logo cedo e no meio da madrugada espiar o movimento da rua por debaixo do portão, sentindo os cheiros e atenta aos barulhos orquestrados por gatos, ratos e cães na madrugada. Desde o dia que estacionamos a kombi pela primeira vez, antes das reformas, a Lince já entrava nela e dormia em todos os cantos, além de subir no teto”, contou.

“Com 4 meses de estrada, seu portão passou a ser a porta traseira da kombi, que vira e mexe está aberta durante as noites. Dali ela observa o movimento noturno de diversos lugares por onde estamos passando. Entre galinhas, pintinhos, lagartos, gatos, cachorros, banhos de rio, essa gata só nos surpreende entre nossas chegadas e partidas. Na Kombi, assim que damos a partida para pegar a estrada, ela vem pulando e se acomoda na almofadinha que fica no banco da frente”.

Gata Lince durante viagem de Kombi com Dennis Cosmo Marin — Foto: Reprodução/Instagram
Gata Lince durante viagem de Kombi com Dennis Cosmo Marin (Foto: Reprodução/Instagram)

Dennis também costumava compartilhar como fazia para que Lince se adaptasse nos novos lugares.

“Se chegamos de noite, só a soltamos no dia seguinte, para devagarinho ela ir se ambientando e sentirmos qual é o movimento por ali. Quando ela sai, uma das primeiras coisas que faz é rolar no chão. Achamos que é para camuflar o próprio cheiro. Sai sempre a procura de um piso gelado pra enredar aquela soneca. Gostamos de deixá-la solta, mas nem sempre rola, por conta de outros bichos”.

“Sempre que chegamos onde vamos ficar, ela percebe um pouco antes, já apoia suas patinhas no vidro da janela e coloca a cabeça para fora observando com ares de novidade e balançando o rabinho caramelo”.

Guadalupe Rausch Tomazzoli é terapeuta comportamental de gatos e conheceu Dennis e Lince no período que ficaram em São Francisco de Paula (RS). Ela contou que chamava atenção a maneira como o paulistano adaptou Lince para o novo estilo de vida.

“Eles moravam em apartamento, e para o processo de adaptação, primeiro adaptou ela para a Kombi. Deixava a Kombi aberta para ela entrar e se acostumar. No início foi mais difícil, até entender as necessidades mais específicas da Lince e adaptar a Kombi e a viagem ao ritmo dela. Logo, a Kombi é a referência de casa que a Lince tem, com o cheiro dela”.

Guadalupe ainda informou que, após a morte de Dennis, a pessoa que está com a gata contou que a polícia levou a Kombi para perícia com todos os objetos do animal.

“Só deixou ela pegar a ração. Fiquei triste com isso, que não puderam pegar as coisas dela com o cheiro dela. Ela [Lince] perdeu seu tutor, sua casa e suas coisas de referência. Para os gatos ter as coisas e espaços com seu cheiro é segurança”, afirmou.

Dennis compartilhava viagens que fazia com a gata de estimação — Foto: Reprodução/Instagram
Dennis compartilhava viagens que fazia com a gata de estimação (Foto: Reprodução/Instagram)

Argentina

Dennis compartilhou últimos dias em Ushuaia — Foto: Reprodução/Instagram
Dennis compartilhou últimos dias em Ushuaia (Foto: Reprodução/Instagram)

Dennis passou por cidades do estado do Rio de Janeiro, da região sul do Brasil, Guiana Francesa, Suriname e Uruguai. Na última semana, ele chegou a compartilhar vídeos e fotos do Ushuaia, inclusive de caminhadas feitas já na Tierra del Fuego.

Em nota, o Itamaraty afirmou que o Ministério das Relações Exteriores, por meio “do Consulado-Geral do Brasil em Buenos Aires, vem prestando a assistência cabível à família da vítima, em coordenação com as autoridades locais e em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local.”

A Comissão de Auxílio do Ushuaia, um grupo civil dedicado a resgates na região, publicou um comunicado nas redes sociais alertando que “o acesso a esta caverna é proibido devido ao perigo representado pela possível queda de gelo ou pelo colapso da caverna, situação que está indicada no outdoor perto da caverna.”

Equipes de resgate retiram corpo de brasileiro que morreu em caverna no Ushuaia, na Argentina — Foto: Reprodução/Gendarmería Nacional
Equipes de resgate retiram corpo de brasileiro que morreu em caverna no Ushuaia, na Argentina (Foto: Reprodução/Gendarmería Nacional)

Segundo relato postado no Instagram, o grupo civil disse que recebeu o pedido de resgate por volta das 16h de um turista que sofreu um traumatismo grave na cabeça.

A brigada foi acionada, mas quando chegou ao local a vítima já foi encontrada sem vida. Após uma operação de mais de 6 horas, os socorristas desceram o corpo e os outros turistas até uma base de operações.

Responsáveis pelo resgate disseram que a Justiça da Argentina está conduzindo uma investigação sobre o acidente.

Vídeo mostra turistas entrando na Cueva de Jimbo, na Argentina, onde a queda de bloco de gelo matou um brasileiro — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Vídeo mostra turistas entrando na Cueva de Jimbo, na Argentina, onde a queda de bloco de gelo matou um brasileiro (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A guarda nacional da Argentina informou que o turista viajava sozinho pelo país e que morava em uma kombi em um acampamento municipal.

O Ministério das Relações Exteriores disse, por meio de nota, que o Consulado-Geral do Brasil em Buenos Aires “vem prestando a assistência cabível à família da vítima, em coordenação com as autoridades locais e em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local”.

Fonte: G1

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