Anúncios
Cientistas descobriram no Peru fósseis de um animal que pode ter sido o mais pesado de todos os tempos no planeta Terra.
Trata-se de uma baleia antiga e há muito extinta que pesaria cerca de 200 toneladas.
Anúncios
Apenas alguns dos maiores espécimes de baleia azul podem ter rivalizado com seu peso, dizem os pesquisadores.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/x/P/jmGTtrQQWIqKikCRqBgw/bbc-fossil.jpg)
Os ossos fossilizados do animal foram desenterrados no deserto no sul do Peru — que, por isso, recebeu o nome de Perucetus colosso.
Anúncios
A datação dos sedimentos ao redor dos ossos sugere que o animal viveu há cerca de 39 milhões de anos.
“Os fósseis foram realmente descobertos há 13 anos, mas por causa de seu tamanho e forma foram necessários três anos apenas para levá-los a Lima (capital do Peru), onde foram estudados desde então”, explica Eli Amson, da equipe de descoberta liderada pelo paleontólogo Mario Urbina.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/j/e/lvR0NNToePwzOtVNkACQ/bbc-fossil-2.jpg)
Dezoito ossos foram recuperados do mamífero marinho, que é um tipo primitivo de baleia conhecido como basilosaurídeo. Isso inclui 13 vértebras, quatro costelas e parte de um osso do quadril.
Mas mesmo considerando a idade dos fragmentos e o fato de eles estarem repartidos em pedaços, os cientistas conseguiram decifrar muitas coisas sobre a criatura.
Ficou evidente que os ossos eram extremamente densos, resultado de um processo conhecido como osteosclerose, no qual as cavidades internas são preenchidas. Os ossos também eram maiores do que o normal, consequência de outro processo, chamado paquiostose.
Essas não eram características de doenças, disse a equipe, mas sim adaptações que teriam dado a essa grande baleia o poder de flutuar e procurar comida em águas rasas. Características ósseas semelhantes são vistas, por exemplo, em peixes-boi modernos, ou vacas marinhas, que também habitam zonas costeiras em certas partes do mundo.
“Cada vértebra pesa mais de 100 kg, o que é completamente alucinante”, diz Rebecca Bennion, do Instituto Real Belga de Ciências Naturais, em Bruxelas, que trabalhou na pesquisa.
“Foram necessários vários homens para movê-las para o meio do solo no museu para que eu fizesse uma digitalização 3D. A equipe perfurou o centro de algumas dessas vértebras para calcular a densidade óssea. O osso era tão denso que quebrou a furadeira na primeira tentativa.”
Quando confrontados com um esqueleto de uma espécie há muito extinta, os cientistas usam modelos para tentar reconstruir a forma do corpo e a massa do animal. Eles fazem isso com base no que sabem sobre a biologia de criaturas vivas comparáveis.
Prevê-se que o Perucetus teria tido de 17 a 20 metros de comprimento, o que não é excepcional. Mas sua massa óssea estaria entre 5,3 e 7,6 toneladas. E quando se adiciona órgãos, músculos e gordura, o animal pode ter pesado — dependendo das estimativas — algo entre 85 e 320 toneladas.
Amson, curador do Museu Estadual de História Natural de Stuttgart, na Alemanha, acredita que o peso médio era de 180 toneladas.
As maiores baleias azuis registradas durante a era da exploração comercial estavam nessa escala.
“O que gostamos de dizer é que o Perucetus está no mesmo campo que a baleia azul”, disse ele à BBC.
“Mas não há razão para pensar que nosso espécime era particularmente grande ou pequeno; provavelmente era apenas parte da população em geral. Vale a pena ter em mente que, quando usamos a estimativa mediana, ela já está em faixas superiores ao que as baleias azuis podem medir.”
Um dos fósseis usados pelos cientistas como parâmetro de comparação é uma baleia azul que é muito familiar para quem já visitou o Museu de História Natural de Londres.
Apelidada de Hope, o esqueleto desse animal ganhou destaque na instituição quando foi pendurado no teto do salão principal em 2017.
Mas antes de ser instalado, o esqueleto foi digitalizado e descrito em grande detalhe — o que agora é um importante recurso de dados para cientistas de todo o mundo.
Em vida, a massa esquelética do Perucetus teria sido duas a três vezes maior que a da Hope, embora o mamífero londrino fosse uns bons cinco metros mais longo.
Richard Sabin, o curador de mamíferos marinhos do Museu de História Natural, está entusiasmado com a nova descoberta e adoraria levar algumas partes dela para exibição em Londres.
“Dedicamos um tempo para digitalizar Hope — para medir não apenas o peso dos ossos, mas também sua forma, e nossa baleia agora se tornou uma espécie de pedra de toque para as pessoas”, disse ele.
“Não nos prendemos a rótulos — como ‘qual era o maior espécime?’ — porque sabemos que a ciência em algum momento sempre virá com novos dados.
“O que é incrível sobre o Perucetus é que ele tinha tanta massa há mais de 30 milhões de anos, quando pensávamos que o gigantismo ocorreu em baleias apenas 4,5 milhões de anos atrás.”
A descoberta foi publicada na revista Nature.
Fonte: BBC