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Forças de segurança polonesas usaram jatos d’água e gás lacrimogêneo nesta terça-feira (16) contra os migrantes que tentavam cruzar a fronteira com Belarus, o que provocou acusações de Minsk de que Varsóvia tenta intensificar a crise.
O governo polonês calcula a presença de entre 3.000 e 4.000 migrantes, muitos deles curdos iraquianos, acampados ao longo da fronteira. Em meio a temperaturas glaciais, eles se encontram bloqueados entre a pressão das forças bielorrussas e a contenção dos soldados poloneses.
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A União Europeia (UE) acusa Belarus de ter orquestrado o fluxo de migrantes em suas fronteiras com Polônia e Lituânia como uma forma de vingança pelas sanções impostas, o que é negado por Minsk e por sua aliada Moscou.
Desde a semana passada, a passagem de fronteira de Bruzgi-Kuznica, na região leste da UE, é cenário de um confronto, com centenas de migrantes aglomerados.
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“Os migrantes atacaram nossos soldados e oficiais com pedras e estão tentando destruir a cerca e entrar na Polônia”, afirmou o Ministério polonês da Defesa. “Nossas forças usaram gás lacrimogêneo para sufocar a agressão dos migrantes”, completou um comunicado do ministério.
Sete policiais, um guarda fronteiriço e um soldado ficaram feridos nos confrontos, segundo autoridades polonesas. A polícia informou que foram usados contra as forças de segurança bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
Belarus declarou que instalou um centro logístico na região de Grodno, onde os migrantes podem dormir.
Interromper o sofrimento
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Belarus, Anataoly Glaz, acusou a Polônia de agravar a crise. “Vemos hoje da parte polonesa provocações diretas e um tratamento desumano dispensado aos menos favorecidos”, criticou.
A Rússia condenou o uso de gás lacrimogêneo e jatos d’água pela Polônia contra os migrantes, classificado pelo chanceler Serguei Lavrov como “absolutamente inaceitável”.
A comissária de Direitos Humanos do Conselho Europeu, Dunja Mijatovic, que visitou áreas próximas à fronteira pelo lado polonês, declarou hoje que a situação é “extremamente perigosa”. “Temos que encontrar uma forma de reduzir a tensão, para garantirmos que o objetivo seja interromper o sofrimento”, disse ela, pedindo que as ONGs e a imprensa tenham pleno acesso à fronteira.
Conversa com Alemanha
O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, disse hoje que deseja evitar que a crise migratória se transformem em um confronto. “O essencial agora é defender nosso país, nosso povo e evitar confrontos”, declarou ele à agência estatal de notícias Belta.
As declarações foram feitas um dia depois de um telefonema de Lukashenko com a chanceler alemã, Angela Merkel. Ela foi a primeira líder ocidental a conversar com o presidente bielorrusso desde sua polêmica reeleição, em agosto de 2020. Lukashenko está no poder desde 1994. De acordo com o gabinete de Merkel, os dois abordaram a ajuda humanitária para os migrantes, que incluem crianças.
“Compartilhamos a opinião de que ninguém deseja uma escalada, nem a UE nem Belarus”, disse Lukashenko. Ele também afirmou, no entanto, que tem um ponto de vista “diferente” do de Merkel sobre como os migrantes chegaram a Belarus: o Ocidente afirma que Minsk transportou-os até a fronteira, em retaliação às sanções.
Nesta segunda-feira (15), os ministros das Relações Exteriores da UE concordaram em ampliar as sanções contra o regime de Lukashenko, incluindo na lista pessoas, ou empresas, que estimularam sua passagem na fronteira leste do bloco. O governo dos Estados Unidos também se comprometeu a ampliar as sanções contra Belarus.
Voo de repatriação
A embaixada do Iraque em Moscou anunciou o primeiro voo de repatriação de 200 imigrantes iraquianos na semana, mas apenas daqueles que desejarem viajar “voluntariamente”.
Muitos afirmam que estão decididos a permanecer, apesar do acesso limitado a alimentos e a produtos básicos.
A UE pediu a interrupção dos voos para Belarus.
Ontem, a companhia aérea bielorrussa Belavia informou que sírios, iraquianos, afegãos e iemenitas estão proibidos de viajar de Dubai para Minsk. A Turquia impôs as mesmas restrições na semana passada.
Ao menos 11 migrantes morreram desde o início do grande fluxo para a região fronteiriça, durante o verão local, de acordo com ONGs de ajuda humanitária. Um deles, Ahmad al-Hassan, um sírio de 19 anos que se afogou perto da fronteira, foi sepultado na segunda-feira no cemitério da pequena comunidade muçulmana polonesa.
Fonte: Yahoo!