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A polícia investiga se Flávio dos Santos, filho adotivo de Anderson do Carmo, foi o único a apertar o gatilho no assassinato do pastor. No segundo depoimento prestado na Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, Daniel dos Santos de Souza, filho biológico dele com Flordelis, afirma que, entre a sequência de tiros, viu, da janela de seu quarto, o que pareciam ser “vultos de três pessoas” próximos à garagem.
O pastor Anderson do Carmo foi morto a tiros no dia 16 de junhodentro da casa em que morava com a mulher, a deputada Flordelis, e parte dos 55 filhos do casal – a maioria, adotados – em Niterói, Região Metropolitana do Rio.
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O novo depoimento de Daniel levanta a suspeita de que mais alguém poderia estar com Flávio dos Santos Rodrigues – um dos dois filhos de Flordelis indiciados pelo crime- na cena do crime na hora dos disparos.
Daniel, que vivia em um quarto fora da residência principal, tinha uma visão da parte da frente da casa e de parte da entrada da garagem. Em depoimento, ele contou que foi possível ver as “sombras” em uma das paredes graças à iluminação de um refletor.
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“Pode dizer que da chegada do veículo Honda para o primeiro disparo, não passou mais de cinco minutos…Durante a primeira sequência de tiros, estava ainda pelado, rapidamente vestiu um short, e deu tempo ainda para o declarante abrir a porta de seu quarto, e olhar para o jardim. Os tiros ainda estavam acontecendo mas logo acabaram. Diz que isso durou segundos, e fechou a porta novamente. Apagou a luz, foi olhar pela janela. Nesse momento, viu movimento de sombras de pessoas, mas sem definição de contorno. Lhe pareceu vulto de três pessoas. E logo em seguida, voltou a ouvir a outra série de disparos, cerca de três ou quatro”, diz um trecho do depoimento.
A polícia deve fazer nas próximas semanas uma reprodução simulada do crime, na casa onde ele aconteceu. Um dos objetivos é confirmar e confrontar, pela dinâmica de disparos, a versão de Flávio. Em depoimento, o filho biológico de Flordelis contou que agiu sozinho e que teria disparado por raiva de Anderson, que, segundo ele, teria passado a mão em uma de suas irmãs.
Papel escrito por Flordelis
Daniel, que segundo alguns depoimentos prestados por familiares de Anderson pode não ser filho biológico do casal e também ser adotado, foi um dos primeiros moradores da casa a levantar suspeita sobre o envolvimento de Flordelis no crime. Em seu segundo depoimento na DH ele revelou ainda que foi procurado pela parlamentar em duas ocasiões.
Uma delas teria sido em uma das igrejas da família, onde Daniel e Flordelis se reuniram em uma sala vip. Em depoimento, ele contou que a deputada logo o questionou sobre “quem havia prestado declarações que estavam saindo na imprensa”. Fato que incomodou o filho do casal, que preguntou se ela estava o acusando.
Já em um segundo encontro, no quarto da mãe, onde estavam presentes outros irmãos (Mizael, Luana, Simone e Carlos), “Flordelis disse que perdoava o filho que tinha dado as declarações que estavam saindo na mídia, que bastava esse filho confessar o que tinha feito”.
Daniel confirmou ter visto um papel onde havia uma frase escrita por Flordelis, fato também revelado por Misael em seu depoimento.
“Falou mais baixo, dizendo que não poderia falar a informação a seguir pois haveria escuta ambiental na casa, pegou um caderno, escreveu uma folha e mostrou o que estava escrito para Mizael e Luana. O declarante estava olhando seu telefone, sem olhar para o que sua mãe havia escrito, e sua mãe lhe chamou atenção, mandando-o olhar. Estava escrito “peguei o celular do seu pai, quebrei e jogamos no mar”, diz um trecho do depoimento de Daniel, referindo-se ao momento em que Flordelis teria escrito no caderno.
A pistola utilizada no crime foi encontrada na casa da deputada. O celular de Anderson do Carmo ainda não apareceu.
Casos de furto dentro da casa
Para Daniel, logo após o assassinato, “o choro de sua mãe lhe soava falso”. Inclusive, disse que um desmaio que sua mãe teve “pareceu-lhe simulação”. Ainda segundo o único filho registrado pelo casal, Anderson costumava reclamar que sumia dinheiro dentro da casa. Nestas ocasiões, reunia todos os familiares e dava um ultimato para que os culpados assumissem.
“Quando isso acontecia, seu pai Anderson reunia todos da casa na sala, inclusive sua mãe Flordelis, dando um prazo até alguém ir a seu quarto e confessar que havia cometido o furto… Eram valores tipo dois mil reais, três mil reais”, detalhe trecho do depoimento.
E ele conta ainda que em alguns momentos, os furtos foram descobertos. “Nas ocasiões em que sumia dinheiro, por mais de uma vez quem confessava era Marzy, inclusive houve ocasião em que Anderson ameaçou colocar Marzy para fora da casa, sendo convencido ao contrário por Flordelis”.
Fonte: G1