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Os cemitérios de várias cidades da região vão receber visitas na próxima sexta-feira (2), Dia de Finados, feriado religioso dedicado a orações e homenagens aos que já se foram. E uma característica são os túmulos transformados em espaços de devoção e de mortos alçados a condições de “milagreiros” de cemitério. A dor, o sacrífico, morte prematura de crianças acabam marcando as comunidades. Essas pessoas que partiram são veneradas popularmente sem, no entanto, terem qualquer respaldo da Igreja Católica pelo processo canônico de beatificação. É uma “santificação” popular que cresce tanto que os túmulos são procurados pelos devotos que deixam oferendas e agradecimentos.

Em Botucatu, o túmulo de Anna Rosa é uma verdadeira devoção. É o mais visitado não somente no Dia de Finados. O pequeno jazigo tem mais de 200 placas deixadas que registram supostas graças alcançadas. No local onde Anna foi assassinada na saída da cidade, no bairro Lavapés, foi erigida uma capela. A história é tão impactante que tem uma música, considerada um clássico caipira, gravado na voz de Tião Carreiro & Pardinho, em 1957, que conta todo o melodrama.
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A jovem de 21 anos foi morta e esquartejada em 21 de junho de 1885, porque sofria muita violência do marido Francisco de Carvalho Bastos, o Chicuta, tido como violento e machista. “Ela queria desfazer o casamento, acabou morta. Esse crime causou comoção e foi um sofrimento muito grande. As pessoas procuram o túmulo para evocar milagre. Parte da população tem nela como uma santa, a igreja é comedida nessa questão de milagre”, conta o historiador João Carlos Figueiroa.
Há dois livros que resgatam a história: “Anna Rosa e Chicuta”, de 1920, escrito por João Correia da Neves, e um segundo de autoria de Moacir Bernardo, atual presidente do Centro Cultural de Botucatu.
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Há planos da prefeitura de Botucatu transformar a capela em um projeto de turismo religioso. Há visitantes do País inteiro, conta o historiador.
Fonte: JCnet