Anúncios
Na casa da família em Jerusalém oriental, a sobrinha da jornalista Shireen Abu Akleh, assassinada durante uma incursão israelense na Cisjordânia ocupada, se esforça para conter a raiva e a frustração, enquanto assiste pela TV a chegada do presidente americano, Joe Biden, a Israel.
“Meus sentimentos se misturam. É uma combinação de tristeza, raiva, uma espécie de frustração bruta”, diz Lina, de 27 anos, vestida de preto.
Anúncios
Aos seus pés está “felfel”, o cachorro de sua tia falecida, a repórter americana-palestina morta a tiros enquanto cobria uma operação militar israelense em 11 de maio em Jenin.
Abu Akleh, que trabalhava para a emissora catariana de TV Al Jazeera, vestia um colete à prova de balas com a inscrição “imprensa” e um capacete quando morreu.
Anúncios
Não havia combatentes palestinos perto da repórter quando ela foi morta e um grupo de soldados israelenses estava posicionado a 200 metros de distância.
Tanto a ONU quanto diferentes veículos argumentam que o tiro fatal saiu da arma de um soldado israelense. Os Estados Unidos consideram esta hipótese “provável” e examinaram o projétil. No entanto, descartou a possibilidade de que tenha sido disparado deliberadamente, o que revoltou a família de Abu Akleh.
Para eles, os Estados Unidos não fazem o suficiente para esclarecer as causas do óbito e tentam proteger seu aliado, Israel. “Há uma falta de ação [por parte dos Estados Unidos] em relação ao caso de Shireen (…) É realmente frustrante ver que embora tenham tanto poder, não tomam uma decisão política”, lamenta Lina.
Telefonema de Blinken
O irmão da jornalista, Anton Abu Akleh, escreveu uma carta para o presidente americano, na qual destaca que a família “se sente traída pela resposta lamentável” do governo americano sobre as circunstâncias de sua morte.
Lina falou com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, antes de sua chegada a Israel. Durante o telefonema, Blinken convidou a família para ir a Washington para falar sobre o tema.
O governo americano “está muito envolvido em determinar exatamente o que ocorreu em torno das trágicas circunstâncias de sua morte”, disse o assessor de segurança nacional, Jake Sullivan, aos jornalistas a bordo do Air Force One, o avião presidencial.
“Estamos pensando nisso”, destaca Lina. Sua família, explica, ainda espera se reunir com Biden ou com Blinken nos próximos dias em Jerusalém, ao invés de ir aos Estados Unidos.
A sobrinha da jornalista morta não consegue tirar olhar da TV, na qual aparece Biden no primeiro dia de uma viagem que o levará a vários países do Oriente Médio.
“É muito estranho ver [a chegada de Biden], porque Shireen teria sido a encarregada de cobrir tudo” para o canal Al Jazeera, diz a jovem.
Biden não mencionou o nome de Shireen Abu Akleh quando desceu do Air Force One no aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv.
Mas poderia fazê-lo durante os encontros que terá com as autoridades israelenses ou com o presidente palestino, Mahmud Abbas, em Belém, onde foi pintado um enorme mural em homenagem à repórter.
“Estamos de luto, sofremos, ainda estamos em choque”, explica Lina. “Mas não desanimamos, vamos continuar nossa luta até que se faça justiça para Shireen”, acrescenta.
Fonte: Yahoo!