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Um extremista de direita equipado com armas semiautomáticas causou um banho de sangue nesta sexta-feira em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, matando 49 fiéis e ferindo dezenas.
A primeira-ministra, Jacinda Ardern, que falou sobre um dos “dias mais sombrios” deste país do Pacífico Sul, descreveu o ataque como “terrorista” e destacou que este é o pior ataque contra muçulmanos em um país ocidental.
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O suposto autor, um australiano de 28 anos, foi preso e acusado de homicídio.
Testemunhas descreveram cenas caóticas e corpos ensanguentados em um atentado que provocou uma série de críticas em todo o mundo, do papa Francisco até o presidente Donald Trump.
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O assaltante transmitiu imagens de seus ataques ao vivo nas redes sociais, onde pode ser visto se movendo de vítima para vítima, atirando nos feridos que tentavam fugir.
Ele deve comparecer no sábado neste tribunal distrital de Christchurch.
Dois outros homens foram detidos, embora não se saiba do que eles são acusados.
Antes de agir, o homem, que se apresentou como um integrante da classe trabalhadora com poucos recursos, publicou no Twitter um manifesto racista de 74 páginas intitulado “A Grande Substituição”, em referência a uma teoria originada na França e que ganha terreno entre os círculos ultraliberais de acordo com a qual “os povos europeus estão sendo substituídos” por populações de imigrantes não europeus.
O documento detalha dois anos de radicalização e preparativos. Afirma que os principais momentos de sua radicalização foram o fracasso da líder de ultra-direita Marine Le Pen nas eleições francesas de 2017 e a morte da menina sueca Ebba Åkerlund de 11 anos em um atentado a bomba em abril de 2017 em Estocolmo.
As contas no Twitter e no Facebook onde o vídeo do massacre e o manifesto foram postados acabaram sendo desativadas.
A polícia fez um apelo para que as pessoas não compartilhassem nas redes sociais “imagens extremamente insuportáveis”.
A alertou que quem compartilhar o vídeo pode pegar penas de até dez anos de prisão.
“Está claro que isto só pode ser descrito como um ataque terrorista. Pelo que sabemos parece que estava bem planejado”, disse Ardern.
“Foram encontrados dois artefatos explosivos em veículos suspeitos e foram desativados”, completou.
“Trata-se de um terrorista extremista de direita, violento”, afirmou, em Sydney, o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison.
As duas mesquitas atacadas são as de Masjid al Noor, no centro de Christchurch, onde morreram 41 pessoas, e Linwood, na periferia, onde sete fiéis foram mortos. Outra vítima acabou morrendo devido aos ferimentos no hospital.
Ao todo são 50 feridos, e 20 se encontram em estado grave.
As duas estavam lotadas nesta sexta-feira para a sessão vespertina das orações.
“Corpos por todos os lados”
Um imigrante palestino que pediu para não ser identificado afirmou que viu o momento em que um homem foi atingido por um tiro na cabeça.
“Escutei três disparos rápidos e depois de uns 10 segundos tudo começou de novo. Deve ter sido uma arma automática porque ninguém consegue apertar o gatilho tão rapidamente”, disse o homem à AFP.
“As pessoas começaram a correr, algumas estavam cobertas de sangue”.
Outro homem contou à imprensa local que viu o momento em que uma criança foi atingida por tiros.
“Havia corpos por todos os lados”, declarou.
Em uma das mesquitas estava a equipe de críquete de Bangladesh, mas os jogadores conseguiram fugir do local.
“Estão sãos e salvos, mas em estado de choque. Pedimos ao time que permaneça confinado no hotel”, afirmou uma fonte da delegação. A partida entre as seleções de Bangladesh e Nova Zelândia foi cancelada.
O vídeo retirado do Facebook Live, feito com uma câmera supostamente colocada no corpo do autor, mostrava um homem branco com cabelo curto se dirigindo para a Mesquita Masjid al Noor. Então ele entra no prédio e começa a atirar, indo de salão em salão.
Uma equipe da AFP examinou as imagens e, de acordo com os jornalistas, especialistas em fact check, são autênticas.
As armas semiautomáticas possuíam inscrições de nomes de personagens da história militar, entre eles inúmeros europeus que lutaram contra os otomanos os séculos XV e XVI.
As forças de segurança bloquearam o centro da cidade, mas poucas horas depois suspenderam a medida. A polícia pediu aos fiéis que evitem as mesquitas em toda Nova Zelândia.
O município abriu uma linha direta para os pais dos estudantes que participavam em um protesto contra as mudanças climáticas em uma área próxima aos ataques.
Todas as escolas da cidade foram fechadas.
A tragédia chocou a Nova Zelândia, um país de cinco milhões de habitantes, e onde apenas 1% da população disse ser muçulmana.
Neste país, que se orgulha de ser um lugar pacífico e acolhedor, há cerca de 50 assassinatos por ano.
Os tiroteios são raros no país, que, em 1992 restringiu a legislação que permite acesso às armas semiautomáticas após um massacre de 13 pessoas na cidade de Aramoana, na Ilha Sul.
Fonte: Yahoo!