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Uma explosão dentro da Usiminas, em Ipatinga, fez a usina ser evacuada na tarde desta sexta-feira (10). Trinta e quatro pessoas foram levadas para o hospital, mas nenhuma em estado grave; não há mortos. Inicialmente o Corpo de Bombeiros afirmava 30 vítimas, mas outras pessoas foram atendidas ao longo do dia.
O acidente ocorreu em um dos quatro gasômetros da unidade, na área da aciaria, onde o ferro é convertido em aço, por volta das 12h40. Não se sabe ainda a causa da explosão. Cerca de 4 mil pessoas trabalham na usina e no momento do acidente a maior parte dos trabalhadores estava no horário do almoço.
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Em coletiva de imprensa na noite desta sexta-feira, o presidente da Usiminas, Sérgio Leite de Andrade, afirmou que a usina voltou a operar parcialmente, após algumas áreas serem liberadas pelo controle de segurança da empresa; a informação também foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros. O local onde ocorreu a explosão, e algumas áreas próximas que foram afetadas seguem interditadas.
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“Foi um acidente grave, que preocupou a todos, mas não há qualquer isso para a cidade de Ipatinga. Foi monitorado a questão de gases, foi feito um trabalho junto com a área de Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, houve uma mobilização muito grande e imediata. Nós processamos uma evacuação da empresa, paralisamos todas as nossas operações na usina naquele momento e duas horas depois nós começamos a trazer de volta o nosso pessoal. Nós fomos retornando com as pessoas, já que não havia qualquer risco em termo de área interna da Usiminas e em termo de cidade em nenhum momento houve”, afirmou Sérgio Leite.
O presidente da empresa afirmou também que a maior parte das pessoas que precisaram ser levadas ao hospital foi liberada, sem maior gravidade de ferimentos, ao longo do dia. A assessoria do Hospital Márcio Cunha confirmou a informação e disse que cerca de 30 pessoas foram liberadas; os demais devem receber alta ainda na noite desta sexta-feira.
Não existe previsão para que a usina opere com sua capacidade plena. “Estamos iniciando também a análise do acidente. Nós não temos ainda condição de fazer nenhum posicionamento técnico com relação a ocorrência do acidente. Essa análise, sem dúvidas, demandara alguns dias”, diz Sérgio Leite.
Em nota, o Governo de Minas informou que “a unidade da Usiminas em Ipatinga possui Licença de Operação para siderurgia e elaboração de produtos siderúrgicos devidamente vigente junto à Semad [Secretaria de Meio Ambiente]”. Destacou ainda que não houve a necessidade de evacuação dos bairros próximos à empresa, “já que não há vazamento de gás”.
A forte explosão foi sentida em diversos bairros da cidade do Vale do Aço, em Minas Gerais, que estava com o Centro cheio por causa da programação especial do comércio para o Dia dos Pais. “A loja estava movimentada. Caiu o teto, quebrou o vibro aqui. A princípio achei que era o prédio aqui da loja que estava estralando, tendo alguma coisa. Depois a gente viu que não era só aqui na loja. Várias lojas foram afetadas”, afirmou a vendedora Jessida Daiana.
Clayton Lopes, que é balconista de uma farmácia, pensou que um carro tinha entrado na loja por causa do barulho. “Assustei. Todo mundo saiu, falando que avião tinha caído. Fomos lá para fora e ficamos sabendo o que aconteceu. Tremeu praticamente tudo.”
A porta de vidro de uma igreja quebrou por causa do impacto. Após explosão, as ruas do Centro de Ipatinga ficaram vazias. A Câmara Municipal de Ipatinga afirmou que a explosão quebrou janelas e danificou o forro de algumas salas. Cerca de 150 pessoas que estavam no prédio foram retiradas do local.
Vítimas
Das 34 pessoas atendidas no Hospital Márcio Cunha, uma sofreu um corte na face causado por um estilhaço da explosão na Usiminas. As outras vítimas tiveram tonturas ou mal súbito decorrente da situação de pânico ou da inalação de gás, segundo os bombeiros.
“Todas essas vítimas prestavam serviço ou eram funcionários da empresa. Um fator que favoreceu a menor gravidade da ocorrência foi o fato da fábrica estar em horário de almoço no momento da explosão”, afirma nota da corporação.
Segundo os bombeiros, o tanque que explodiu continha uma mistura de gases utilizada na produção de aço, denominada LDG (Linz Donawitz Gás), também chamado gás de aciaria. O principal componente desse gás é o monóxido de carbono.
A explosão do gasômetro causou um incêndio, que foi controlado. Os trabalhos de socorro às vítimas já foi finalizado. Há dois reservatório idênticos ao que explodiu na planta industrial da Usiminas, distantes cerca de 100 metros da explosão, que tiveram o funcionamento paralisado pela empresa. O Corpo de Bombeiros afirma que não há vazamento de gás e que equipes fizeram várias medições com aparelhos específicos para leitura de gases, “comprovando a segurança do local e não havendo a necessidade de evacuação dos bairros próximos”.
Em vídeo publicado em uma rede social, o prefeito da cidade, Nardyello Rocha (MDB), afirmou que a prefeitura, através da Secretaria de Segurança Pública, monitora a situação em todos os bairros e na própria usina com relação à possibilidade de intoxicação com gás. Ele descartou qualquer possibilidade de gás tóxico ter se espalhado pela cidade.
Em nota, a Usiminas também afirmou que toda a área de risco foi evacuada e que não há vazamento. “A equipe de brigadistas da empresa está atuando no local, e a canalização de gás já foi bloqueada, não havendo vazamento. A Usiminas reitera que está fazendo monitoramento de gases nos bairros do entorno da usina e até o momento nenhuma anormalidade foi registrada.”
Morte de funcionário
A explosão na Usiminas de Ipatinga acontece dois dias depois da morte de um funcionário de uma empreiteira que presta serviços na mesma unidade. Ele trabalhava na manutenção de um equipamento. Luís Fernando Pereira, de 38 anos, trabalhava no despoeiramento da aciaria quando o acidente ocorreu. A empresa não informou as causas do ocorrido.
Fonte: G1